Celulares apreendidos com mulheres seriam usados por lideranças do BDM

Operação conjunta do MP-BA com as polícias Civil e Militar prendeu cinco suspeitas

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  • Bruno Wendel

Publicado em 14 de dezembro de 2018 às 04:00

- Atualizado há um ano

. Crédito: Foto: Divulgação/MP-BA

Operação Metatheria é cumprida dentro de unidade prisional (Foto: Divulgação)  As cinco mulheres que levavam celulares e drogas para presídios baianos, e que acabaram presas durante uma operação comandada pelo Ministério Público da Bahia (MP-BA), nesta quinta-feira (13), tinham como objetivo fortalecer a comunicação entre algumas das principais lideranças da facção Bonde do Maluco (BDM) e seus comandados.

Além disso, o plano das suspeitas, segundo o órgão, era abastecer o tráfico de drogas nas unidades prisionais. Uma das presas foi surpreendida quando tentava entrar no Complexo Penitenciário da Mata Escura com R$ 1.302,00 e uma quantidade de drogas. 

As acusadas foram identificadas como Adla Almeida Santos; Carolina Silva de Lucena, a Fada; Jaqueline Aquino Santos, conhecida como Cera; Juliana Santos da Hora, apelidada de Arilena; e Alice dos Santos Aleluia de Azevedo.

Todas elas tiveram os pedidos de prisão temporária e busca e apreensão deferidos pela Justiça, e cumpridos com apoio das polícias Civil e Militar, nos bairros da Pituba, Brotas, Boca do Rio, Lobato, na capital; além de Caji, em Lauro de Freitas, e Jauá, em Camaçari, na Região Metropolitana de Salvador. 

A investigação foi iniciada em maio, após equipes de inteligência da Secretaria da Administração Penitenciária e Ressocialização do Estado (Seap) identificar como elas atuavam.

“Foi constatado que nos dias de visita, elas entravam nas unidades com celulares e dinheiro escondidos nas cavidades do corpo. Um relatório foi encaminho ao MP-BA, que apurou o caso”, explicou a promotora Ana Emanuela Meira, coordenadora do Grupo de Atuação Especial de Combate às Organizações Criminosas e Investigações Criminais (Gaeco), do MP-BA. 

A maioria das mulheres presas era companheira de internos.“Outras recebiam dinheiro para entrar nas unidades prisionais transportando no corpo drogas e celulares”, declarou a promotora.A operação foi denominada Metatheria, do latim científico marsupialia – que constitui uma classe de mamíferos em que a fêmea possui uma bolsa abdominal, conhecida como marsúpio, onde se processa grande parte do desenvolvimento dos filhotes, a exemplo dos cangurus. O nome é uma alusão à forma de atuação das cinco presas. 

No total, foram cumpridos 13 mandados de busca e apreensão, inclusive na Penitenciária Lemos Brito e no Conjunto Penal Masculino, ambos em Salvador, e no Conjunto Penal de Lauro de Freitas.

Oito internos igualmente tiveram novos mandados de prisão cumpridos dentro das próprias unidades. São eles: Jarbas Silva Santos, o Bolinha; Danilo Pereira de Souza, o Mito; Rafael da Silva Dantas Machado, conhecido como Jason; Elivelton de Jesus Santos, apelidado de Dedego; Tales Cruz Vieira, o Brabo; Diego Borges Costa, o Manicone, e o Éric Santos Argolo, conhecido como Lorinho. “Todos os 13 presos responderão por tráfico de drogas, associação para o tráfico e pela entrada de aparelhos celulares em unidades prisionais”, adiantou a promotora. Muro O resultado da operação foi apesentado na manhã desta quinta-feira (13), na sede do MP-BA, no bairro de Nazaré. Entre as autoridades presentes, estava o coronel Paulo César Oliveira Reis, superintendente de Gestão Prisional da Seap. Questionado sobre o problema antigo – a entrada de objetos durante as visitas –, o coronel respondeu que a Seap vai instalar, até o final deste mês, 12 aparelhos de scanner nas unidades prisionais.“São equipamentos de última geração que nos ajudarão no combate da prática criminosa”, declarou a coronel.Outra forma já conhecida de entrada de drogas, dinheiro e até armas é o arremesso de objetos pelos fundos do Complexo da Mata Escura. Para solucionar o problema, seria necessário a construção de um muro, um projeto há anos da Seap. “Reconhecemos o problema e já estamos com tudo engatilhado para dar início à construção”, concluiu o coronel, sem definir prazos.