Centro de atendimento para pessoas em situação de rua é inaugurado nos Barris

Montado no estacionamento São Raimundo, complexo tem banheiros, lavanderia e oferta gratuita de quentinhas

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  • Daniel Aloísio

Publicado em 8 de maio de 2020 às 17:33

- Atualizado há um ano

. Crédito: Valter Pontes/Divulgação

Na manhã dessa sexta-feira (8), o prefeito ACM Neto esteve no estacionamento São Raimundo, próximo ao Orixás Center, no bairro dos Barris, para entregar mais um centro de atendimento para pessoas em vulnerabilidade social. No local é distribuído quentinhas diárias e kit lanche. O espaço de 4,2 mil metros quadrados também possui lavanderia e containers onde foram montados banheiros climatizados.  

"Com essa ação, as pessoas que estão em vulnerabilidade não vão passar fome e podem ainda fazer sua higiene pessoal de maneira adequada”, explicou o prefeito de Salvador, ACM Neto. No total, são três banheiros masculinos e outros três femininos. O material de higiene é fornecido pela equipe da prefeitura.   (Foto: Valter Pontes/Divulgação) A lavanderia pública tem capacidade para lavar 15 quilos de roupas e atender uma média de 50 pessoas por dia. A quentinha entregue contém dois carboidratos (arroz ou macarrão e feijão), além de proteína, salada e o suco.  

A estrutura funciona diariamente, das 8h às 17h, e conta com profissionais de serviços gerais e agentes de segurança. Esse é o segundo centro do tipo entregue pela prefeitura. O primeiro foi em Itapuã. Outras duas unidades devem ser entregues em Pau da Lima e no fim de linha da Barroquinha. 

A secretaria de Promoção Social e Combate à Pobreza (Sempre), Ana Paula Matos, informou que o estacionamento São Raimundo é administrado pela prefeitura. “Nesse momento de restrição de atividades, o espaço estava fechado. Como ele é amplo, nós o organizamos para ser esse ponto de distribuição”, disse.   (Foto: Valter Pontes/Divulgação) Para Juliana Portela, 52 anos, diretora de proteção social especial da Sempre, a criação do espaço é mais uma resposta da prefeitura de Salvador a um problema social agravado com o coronavírus. “A gente percebe que a população em situação de rua tem vários perfis. Nós fazemos realmente um trabalho de sensibilização, focando na peculiaridade de cada pessoa”, explicou.  

Sem aglomeração A criação desse complexo foi feita para desafogar os locais onde ocorria antes a entrega dos alimentos. “Lá no Centro POP Dois de Julho, muita gente ia e gerava uma certa aglomeração. Aqui está melhor”, disse Carlos Alberto, 36 anos, que já está há seis meses na rua.  

Carlos chegou no centro às 11h30, mas não conseguiu receber seu alimento, que começa a ser entregue às 10h30. No espaço, só são distribuídas 500 quentinhas e por ordem de chegada. “Agora vou ficar sem o almoço. Espero chegar mais cedo amanhã”, lamentou.  

A prefeitura informou que, em toda a cidade, são 4 mil pratos diários ofertados para as pessoas em vulnerabilidade social. “Infelizmente, têm pessoas que preferem continuar na rua e nós não temos um amparo legal para obrigar alguém a sair dessa situação. Por isso, fazemos essas iniciativas, para que aqueles que não optem por ir para um abrigo da Prefeitura tenham condições de viver bem esse momento difícil”, disse ACM Neto.   (Foto: Valter Pontes/Divulgação) Caso alguma pessoa manifeste o desejo de ser acolhida nas unidades da Prefeitura, ela será encaminhada. Esse foi o caso de Ademilton de Jesus, que trabalhava como florista em eventos, mas ficou sem renda durante a pandemia. Ademilton não conseguiu pagar o aluguel da sua casa e passou a viver na rua, na região do Campo Grande.  

Quando soube da inauguração do complexo no estacionamento São Raimundo, o rapaz foi ao local justamente para pedir acolhimento. “Cheguei aqui às 8h da manhã e fiquei esperando o movimento aumentar. Graças a Deus que tudo deu certo”, disse. Ademilton foi encaminhado primeiro para o Centro POP Dois de Julho, onde fez um cadastro, e só depois foi para a unidade de acolhimento. Essa é a segunda vez que o florista vive essa situação. “Na primeira vez, eu consegui dar a volta por cima graças ao meu trabalho. A pior coisa do mundo é você ficar na rua. Eu até tenho familiares, mas não gosto de incomodar. Quero ter o meu cantinho e sei que vou conseguir”, relatou.  O CORREIO pediu a Ademilton um contato, para quem tiver interesse em ajudá-lo com doações ou com uma oferta de emprego. Seu número é: (71) 99975-4602  

* Com orientação da chefe de reportagem Perla Ribeiro.