Cerri avalia elenco como qualificado, mas diz que queda é anormal

Diretor de futebol do Bahia nega que exista racha no grupo e lamenta declínio técnico

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  • Gabriel Rodrigues

Publicado em 28 de novembro de 2019 às 17:12

- Atualizado há um ano

. Crédito: Felipe Oliveira/EC Bahia

A campanha do Bahia no segundo turno do Campeonato Brasileiro tem sido muito aquém do que o clube fez na metade inicial. Após o empate por 1x1 com o Atlético-MG, quarta-feira (27), na Fonte Nova, o tricolor ampliou para nove jogos o jejum sem vencer na Série A. 

A equipe somou 14 pontos no returno, com só mais três jogos a disputar. É menos da metade dos 31 pontos obtidos no primeiro turno. Todo esse clima ruim fez o diretor de futebol Diego Cerri conceder entrevista para falar sobre a má fase do time.

Na sala de imprensa do Fazendão, durante a reapresentação do elenco, nesta quinta-feira (28), Cerri voltou a lamentar o declínio técnico e afirmou que não existe racha dentro do elenco. Ele admitiu dificuldade em encontrar respostas para compreender a má fase.

"Difícil achar explicação para esse momento ruim, de pouca pontuação, porque você passa a analisar: qualidade? Podemos melhorar. Mas esse mesmo elenco fez um campeonato surpreendente, era visto como a equipe que se meteu no meio das equipes com orçamento maior. É o mesmo elenco. A comissão é qualificada, a comissão da casa é qualificada. A diretoria está fazendo o máximo para estruturar esse clube", comentou Cerri.

O dirigente prosseguiu: "A gente trabalha com novo centro de treinamento, de um patamar diferente, com venda de atletas, que é uma obrigação, de R$ 30 milhões por ano, e batemos essa meta, e uma série de ações que o Bahia tem feito. Foco é o futebol, é o carro-chefe, tem que andar bem. Precisamos evoluir ano que vem, fazer um campeonato melhor. Está no limite? Não. Acho que poderíamos ter ido mais longe. Esse é um sentimento de todo mundo aqui dentro. A gente sabe que poderia ter ido mais longe com o que temos. É o que vamos sempre brigar", disse o diretor.

O Bahia conseguiu fazer um bom primeiro turno no Brasileirão e criou a expectativa de que iria brigar até o final para conquistar uma vaga na Copa Libertadores de 2020. Com a queda de ritmo na segunda metade, o time vê a possível participação no torneio continental praticamente descartada - em 10º lugar, seis pontos atrás do Internacional, 8º colocado, com apenas nove pontos a disputar. 

Diego Cerri diz que voltar a disputar a Libertadores é uma obsessão dentro do clube e afirma que, pelo trabalho realizado, uma hora vai acontecer. "Não foi um choque de realidade, porque tenho certeza de que poderíamos chegar a essa fase da Libertadores, seja direta ou nas qualificatórias. Não foi um choque. Colocamos como obsessão chegar, algo que acho correto, pelo grupo, por todo trabalho que é feito, a gente tem que pensar grande. Não consigo dizer que é um sonho. Pode ser uma realidade. Hoje, machuca todo mundo essa fase ruim, a queda de produção, mas não é um choque de realidade. Bahia vem construindo ano a ano uma estrutura melhor e que vai possibilitar que a gente chegue, se não for este ano, que está difícil, mas vamos lutar até o final. Se não for este ano, o ano que vem, o próximo. O Bahia vai chegar em coisa grande", afirmou ele.

Confira outros trechos da entrevista do diretor de futebol do Bahia:

Falta de opções no elenco "Não acho (que há um cobertor curto). Houve as lesões, mas, mesmo assim, temos peças de reposição, um elenco homogêneo, jogadores brigando por espaço. Agora, uma coisa é ter elenco, outra é estar rendendo. O elenco tem capacidade, há uma disputa interna, tem jogadores que querem estar jogando mais, o que é normal, desde que haja respeito. Não é um elenco reduzido em opções de ataque. Agora, tem momento que estão rendendo bem, tem horas que cai um pouco. Quando a equipe caiu, foi em conjunto. Temos machucado o Rogério, o Marco (Antônio), mas temos uma série de jogadores no ataque. Na verdade, o incômodo é porque, tanto nós aqui dentro, buscando entender, como o torcedor, porque acha o elenco qualificado, e precisa entender o que está acontecendo, se o grupo está rachado, se tem conformismo. Não tem isso. Há uma obsessão de chegar cada vez mais alto, mas estamos enfrentando uma fase difícil. O campeonato como um todo pode ser encarado como bom, mas por tudo que a gente fez, era viável chegar na Libertadores, agora estamos sendo cobrados por isso, o que é natural. No macro, é diferente dos outros anos. Nessa construção passo a passo, sem conformismo, se você comparar 2017 e 2018, a palavra rebaixamento permeava, o risco. Este ano, o enredo foi outro. O campeonato todo, a gente falando em Libertadores. Infelizmente, a gente acabou nesse momento, mas avalio um campeonato maior, e a tendência é crescer ano após ano".

Expectativa da torcida "O torcedor criou uma expectativa, como nós criamos, e era real. É natural que exista uma crença grande, gere uma frustração. Nesse momento, o torcedor ficou magoado. Nós, que somos profissionais, temos que trabalhar muito para que o torcedor volte a sentir o orgulho. Não é má vontade. O torcedor vai vir junto com a gente". 

Motivos para queda de rendimento "Não vou falar de cansaço. Todo mundo está se desgastando. O que digo é que o futebol, todo mundo está buscando uma explicação. Quantas vezes nos reunimos procurando entender, nos colocando à disposição para intervir? Se tivesse um motivo, seria mais fácil. Mas a grande verdade é que não temos problema, uma convivência boa, jogadores de caráter, isso é inegociável. São jogadores comprometidos, mas às vezes as coisas não acontecem. Nós temos trabalho para reverter esse quadro negativo. Não é uma coisa normal, que a gente aceite. A gente procura criar condições para reagir. Enquanto você acredita, você luta para chegar onde pode chegar. Se você desiste, tem um conformismo e pronto. Não é o que acontece. O Bahia tem uma diretoria atuante, um clube que faz de tudo, mas tem fases em que as coisas não acontecem. Quando você tem um ciclo positivo, um triunfo chama o outro, tudo que você faz dá certo. E tem momentos em que nada acontece como você quer, baixa a confiança, você está ganhando um jogo, de repente empata, a pressão aumenta. O que a gente pode fazer é não se conformar, lutar com todas as forças. Tem que haver uma entrega. Uma hora, essa fase ruim acaba. Enquanto a gente estiver disputando, vamos trabalhar o nosso máximo. Cabe a nós reverter esse momento. Iniciamos bem o campeonato, tivemos um momento excelente e, agora, um momento ruim. Todos que fizeram parte daquele momento também estão fazendo parte agora. E estamos lutando juntos".

Planejamento para 2020 "A gente está trabalhando no planejamento em paralelo. Assim que tem que ser. Hoje, nesse elenco, muitos jogadores pertencem ao clube. A gente tem uma base para o ano que vem. Estamos mapeando as contratações em posições importantes. Estamos trabalhando bastante. De nomes, não tenho para te dizer. Uma base fica, e fica mais cascuda. Não são muitas mudanças. O planejamento ideal é com poucas mudanças. No Brasil, a gente às vezes é forçado a contratar muito. Estamos construindo uma estrutura. O ideal seria mexer menos, que contratasse pontualmente. Esse ano vamos contratar um pouco menos e manter uma estrutura um pouco maior".