Charlize Theron relembra noite em que a mãe matou o pai: 'Não me envergonho'

Alcoólatra, pai armado tentou invadir quarto e mãe da atriz atirou

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  • Da Redação

Publicado em 18 de dezembro de 2019 às 18:49

- Atualizado há um ano

. Crédito: AFP

A atriz Charlize Theron falou em uma entrevista sobre temas bastante pessoais, como o assédio sexual que sofreu na carreira e a história de violência da sua família. O pai da atriz era alcoólatra e foi morto pela mãe dela depois de atirar contra as duas.

A atriz cresceu em uma fazenda em Johanesburgo, na África do Sul, com a mãe, Gerda, e o pai, Charles. Ela tinha 15 anos quando aconteceu o episódio violento.

Charlize contou que nunca viu o pai sóbrio. "Era uma situação sem esperança, nossa família estava presa naquilo", afirmou em entrevista à rede de rádio NPR.  Gerda e Charlize (Foto: Arquivo AFP) "Eu acho que nossa família era incrivelmente tóxica. E tudo isso nos deixou marcados de certa forma, acho. Claro, eu gostaria que o que aconteceu naquela noite nunca tivesse acontecido. Infelizmente, é o que acontece quando você não chega à raiz desses problemas.", lamentou.

A atriz contou que no dia da morte o pai estava armado e "tão bêbado que não conseguia andar". Ainda assim, tentou invadir o quarto em que Charlize e a mãe se esconderam. "Nós duas estávamos encostadas na porta para que ele não conseguisse entrar, mas ele deu um passo para trás e atirou contra a porta três vezes", disse. "Nenhuma bala nos atingiu, o que é apenas um milagre. Mas, em legítima defesa, ela acabou com a ameaça", relata. Gerda não foi condenada, justamente porque houve entendimento de que agiu para defender a si mesma e à filha.

Charlize diz que esse assunto deve ser mais comentado, pois muitas pessoas vivem situação de violência doméstica. "Eu não tenho vergonha de falar sobre isso. Acho que quanto mais falarmos sobre essas coisas, mais perceberemos que não estamos sozinhos", diz.

Assédio Já o assédio sexual, a atriz sofreu aos 19 anos, quando um diretor a convidou para uma audição que não existia. Ao chegar lá, ele estava bebendo e colocou a mão nas pernas da atriz. 

"Nem sempre é um assédio físico, nem sempre é um estupro", disse. "Sempre há danos psicológicos que acontecem às mulheres no cotidiano, casualidades na linguagem, no toque ou ameaças - ameaça de perder o emprego. Essas são situações que enfrentei", lembra.

Vencedora do Oscar pelo filme "Monster - Desejo Assassino', de 2004, Charlize agora promove "O Escândalo", que chega ao Brasil em 30 de janeiro de 2020.  Filme "Assédio" estreia em janeiro (Foto: Divulgação) A atriz relembra que no episódio com o diretor ainda deixou o local pedindo desculpas, o que fez com que sentisse raiva de si mesma posteriormente.

"Eu me culpei muito por não ter dito as coisas certas, por não ter feito todas aquelas coisas que a gente gostaria de acreditar que faria em situações assim", diz.

Estrelado ainda por Nicole Kidman e Margot Robbie, o filme retrata um caso abuso sexual e má conduta dentro do ambiente profissional da Fox News.