Cheia de adrenalina e sexo, Ilha de Ferro estreia na Globo

Série já tem duas temporadas no Globoplay; leia entrevistas com Cauã Reymond, Sophie Charlotte e Klebber Toledo

  • D
  • Da Redação

Publicado em 9 de agosto de 2021 às 15:15

- Atualizado há um ano

. Crédito: Raquel Cunha/TV Globo

Criada e escrita por Max Mallmann e Adriana Lunardi, com supervisão de texto de Mauro Wilson e direção artística de Afonso Poyart, Ilha de Ferro é uma série de ação, drama e aventura sobre a vida de homens e mulheres que trabalham numa plataforma de petróleo em alto-mar. A obra, exibida originalmente no Globoplay, vai ao ar na TV Globo a partir desta segunda (9), às segundas e quartas após Império; às terças depois de The Masked Singer Brasil’ às quintas na sequência de Sob Pressão; e às sextas após Globo Repórter.

A série conta a história de Dante (Cauã Reymond) e Júlia (Maria Casadevall), que, assim como os demais petroleiros, vivem pelo menos duas vidas: uma na terra, outra no mar, onde passam duas semanas inteiramente confinados na PLT-137, a ilha de ferro, localizada a uma hora de helicóptero da costa brasileira.

Na plataforma, o perigo é permanente. Os petroleiros enfrentam todo tipo de desafio para manter a produção em dia. Em alto-mar, eles são heróis; no continente, nem tanto. Ao desembarcar, voltam para os conflitos familiares, os casamentos por um fio e as contas a pagar. Em casa ou embarcados, os petroleiros não se sentem inteiros em lugar nenhum.

“É uma história centrada nas pessoas que trabalham nesse universo do petróleo e gás, que vivem uma vida dupla – parte do tempo na terra, parte do tempo no mar”, explica Afonso Poyart, diretor artístico e geral da série.

Na série, Dante é coordenador de produção da PLT-137, que é recordista de acidentes, e vê o sonho de ser promovido a gerente de plataforma ir por água abaixo com a chegada de Júlia, nova ocupante do cargo. No primeiro episódio, ao chegar em terra, o petroleiro tem de lidar com a descoberta de uma dupla traição. Sua mulher, Leona (Sophie Charlotte), com quem mantém um casamento tumultuado, revela ter um caso com Bruno (Klebber Toledo), irmão de Dante.

ENTREVISTA COM CAUÃ REYMOND  Como você define o Dante? O Dante é um cara extremamente mal-humorado, que gosta mais de estar na plataforma do que em terra. Ele tem uma relação extremamente conflituosa com a esposa, Leona (Sophie Charlotte), e também se envolve com a personagem da Júlia (Maria Casadevall), começando aí um triângulo amoroso. O Dante também tem uma relação de muito amor com o irmão, Bruno (Klebber Toledo), mas essa relação se quebra muito rápido. Dante é um personagem muito forte, que não tem uma vida fácil, mas que não tem medo da vida.  Fale sobre a relação do Dante com a Leona e o Bruno. A relação do Dante com a Leona e com o Buno já parte de uma traição de ambas as partes, tanto do Bruno quanto da Leona. As duas pessoas que naquele momento ele mais ama e estão mais próximas a ele, são justamente as pessoas que o traem.  De onde você acha que vem a agressividade do Dante? A agressividade e a revolta do Dante vêm do fato de ele ser um cara que provavelmente não recebeu amor, não recebeu afeto na infância. Ele não sabe direito o que é isso, até porque na relação com a Leona eles não frequentam esse lugar. O Dante construiu o caminho dele por conta própria, e no meio dessa estrada levou o irmão e o ajudou. Acho que ele tem muita facilidade em lidar com as dificuldades e os perigos do trabalho, mas a questão do amor e do afeto deixa ele muito inseguro. Ele não sabe direito como lidar porque nunca teve isso.  Como foi a sua preparação para esse trabalho? Fiz cursos que são necessários para que a gente possa pisar em uma plataforma. Além disso, construí o Dante junto com a Ana Kfouri, que foi nossa preparadora de elenco e fez um trabalho muito bonito, criando uma proximidade entre os atores. As conversas com o diretor Afonso Poyart também me ajudaram muito.  Qual o maior desafio que o Dante te trouxe? Acho que foi encontrar esse lugar de mau humor constante que ele tem, e de como é essa sensação de você gostar mais de estar no trabalho do que de estar em casa. Eu amo o meu trabalho, estou sempre envolvido em vários projetos, mas desde que a minha filha nasceu eu gosto mais de estar em casa. Gosto de buscá-la na escola, aproveitar esses momentos, o que eu acho que inclusive me fortalece e me torna um ator melhor, porque presto atenção em coisas que eu não prestava. O Dante me proporcionou esse desafio de estar numa energia muito densa durante muito tempo. Sophie Charlotte vive Leona, que é casada com Danta e tem um caso com Bruno (Marília Cabral/TV Globo) ENTREVISTA COM SOPHIE CHARLOTTE

Como você define a Leona? A Leona é uma personagem deslocada do contexto da plataforma de petróleo, e é quase um contraponto a esse mar, a esse isolamento. Ao mesmo tempo, ela compartilha de algumas sensações: ela se isola na própria casa por conta da paixão desmedida que tem pelo Dante. Toda a vida da Leona é muito construída em volta desse amor. Logo no começo da série, já tem uma quebra muito grande desse pilar.

Como você analisa a Leona em relação aos relacionamentos que ela vive? Ela é uma personagem muito autodestrutiva, porque a intensidade faz com que ela perca o foco e a razão. A Leona vive numa lógica própria, se guiando por conta do desejo pelo Dante. Enquanto ele está embarcado na plataforma e ela sozinha em casa, ela acaba metendo os pés pelas mãos cada vez mais. Ela é muito passional, coloca o coração antes da razão e da ética. A Leona se destrói para atingir o outro.

Fale sobre o triângulo Leona, Dante e Bruno. Ao mesmo tempo em que eu entendi a relação da Leona com o Dante como o foco dela de paixão, de amor e de dedicação, a figura do Bruno atravessa essa história. Por meio do Bruno, a Leona tenta atingir o Dante. Ela só tem olhos para o marido, mas, nessas duas semanas em que ele vai para a plataforma e ela fica cheia de inseguranças e questões, o Bruno, que está sempre perto, acaba ocupando esse lugar. Acho que a questão de atingir o Dante por meio do irmão nem é feita de forma racional, mas passa pela droga, pelo delírio, pelo desespero. São relações muito complexas.

Como você avalia o trabalho na série? Foi um grande desafio para mim porque é uma personagem muito forte, muito contraditória, com uma ética e uma lógica muito diferentes de tudo o que eu já tinha feito, mas eu me joguei de cabeça. Foi muito bom. Klebber Toledo interpreta Bruno (Raquel Cunha/TV Globo) ENTREVISTA COM KLEBBER TOLEDO

Como você define o Bruno? O Bruno é um personagem intenso, que adquire uma frieza, uma inconsequência pela vida dos outros, e isso é bem forte na série. Ele sempre quis uma família diferente da que ele teve, um irmão diferente, uma mulher que ele amasse e que o amasse também, mas nada disso existe na vida dele. Acho que o Bruno está em busca de um alívio, de um sopro de vida que ele nunca vai encontrar, porque o buraco está muito dentro dele.

Como você vê a relação do Bruno com o Dante? Acho que o Dante, como irmão mais velho, ao invés de ser um amigo ou um irmão de verdade, sempre tratou o Bruno como um filho, sempre corrigindo tudo o que ele fazia. Acredito que o Bruno foi alimentando a dor de inúmeras perdas ao longo da vida, e a principal foi “perder” esse irmão, que sempre quis ser o herói, o bem visto, enquanto o Bruno estava ali também tentando ser o melhor, mas nunca fazendo o suficiente.

Para você, que tipo de sentimento o Bruno tem pela Leona? O que o Bruno sente pela Leona é amor, sem dúvida. Os dois têm uma cumplicidade de amigos e se dão muito bem. Ele vai fazer de tudo para ficar com essa mulher do jeito que ele idealizou na cabeça dele.

Você acha que o Bruno é capaz de tudo para conseguir o que quer? Eu tenho certeza de que o Bruno é capaz de tudo. Ele jura que tem o controle do que está fazendo e sempre acha que está a um passo à frente dos outros. É um cara que tem um objetivo e, se esse objetivo não for conquistado, ele vai resolver o que for necessário para conseguir. E vai até o fim, mesmo que tudo dê errado.