Cidades anunciam medidas para conter avanço da doença; Uesc adia aulas

Coronavírus tem mexido na rotina de municípios baianos

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  • Mario Bitencourt

Publicado em 13 de março de 2020 às 19:46

- Atualizado há um ano

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As prefeituras de Camaçari, Lauro de Freitas, Jequié e Juazeiro anunciaram nesta sexta-feira (13) medidas que estão tomando para conter o avanço do novo coronavírus (Covid-19) nas respectivas cidades. Eventos foram cancelados, aulas estão suspensas e foi iniciado um monitoramento de pessoas que fizeram viagem ao estrangeiro.

Na Universidade Estadual de Santa Cruz (Uesc), entre Ilhéus e Itabuna, no sul da Bahia, o início das aulas da graduação do primeiro semestre, que começariam na segunda-feira (16), foram adiadas para “preparar ações de enfrentamento à crise”.

Agora, a previsão é que as aulas comecem no dia 23 de março, mas nesse período outras atividades acadêmicas ocorrem normalmente. Não há caso suspeito de contaminação por coronavírus na Uesc.

Em Camaçari, a Prefeitura anunciou o cancelamento do Festival Arembepe 2020, que ocorreria entre os dias 20 e 23 de março. “Evitar aglomerações é uma das principais recomendações de especialistas contra a disseminação do vírus. Por entender essa orientação, e colocando em primeiro lugar a vida da população e a luta contra o vírus, a prefeitura considerou prudente o cancelamento do evento”, diz um comunicado.

A Prefeitura de Lauro de Freitas informou que não há nenhum grande evento previsto para os próximos dias na cidade, que, assim como Camaçari, está localizada na Região Metropolitana de Salvador.

“A prefeitura está acompanhando a situação, criou grupo de trabalho e adotou algumas medidas. Entre elas o treinamento de todo o corpo da Saúde, de médicos a agentes de endemias e de saúde para orientar corretamente a população, identificar sintomas do Covid 19 e dar encaminhamentos. O município já notificou 9 casos suspeitos, seis deles já descartados”, informou a Prefeitura.

No sudoeste da Bahia, a Prefeitura de Jequié anunciou nesta sexta-feira que “qualquer pessoa que tenha vindo do exterior e tiver febre e sintomas respiratórios passará a ser considerada como caso suspeito”.

Dentre as orientações aos viajantes internacionais, estão informar a chegada ao Departamento de Vigilância Epidemiológica, nos telefones (73) 3526-8940, no horário entre 7h às 17h, de segunda a sexta-feira, para monitoramento dos sintomas; permanecer em casa até passar o período de incubação da doença, que varia de 5 a 14 dias; e caso apresente sintomas, procurar a Unidade de Saúde mais próxima, utilizando máscara cirúrgica.

Em Jequié, foram notificados dois casos de pacientes com sintomas respiratórios, sendo um paciente que veio da Itália, tendo sido descartado laboratorialmente, mas com a confirmação de um outro vírus respiratório, o H1N1, popularmente conhecida como gripe suína. O outro caso foi descartado por falta de critérios clínicos.

Todas as medidas de prevenção e controle estão sendo adotadas pela Secretaria Municipal de Saúde, pelo Hospital Geral Prado Valadares e pela 13ª Diretoria Regional de Saúde (Dires), informou a Prefeitura de Jequié, em nota.

Emergência e anúncio de greve Em Juazeiro, no Norte da Bahia, a Prefeitura baixou um decreto emergencial que, por sete dias, suspende eventos que exijam licença do poder municipal, com expectativa de público superior a cem pessoas, e atividades educacionais em todas as escolas da rede municipal.

O decreto recomenda também a adoção dos mesmos procedimentos nas escolas estaduais e particulares, além das faculdades públicas e privadas. As medidas podem ser reavaliadas a qualquer momento, até mesmo antes do prazo que expira em 20 de março, informou a Prefeitura.

Pelo decreto, fica autorizada a aquisição de materiais para equipar profissionais das unidades básicas e especializadas de saúde, como álcool gel, luvas e máscaras. Em Juazeiro, a medida emergencial é para conter também o avanço da gripe H1N1.

Na cidade do norte baiano, 19 casos suspeitos de H1N1 já foram notificados este ano, sendo cinco confirmados, um óbito comprovado, oito casos sob investigação, duas mortes cujos exames aguardam resultados e seis casos descartados.

“Estamos adotando as medidas necessárias como forma de prevenção, de proteger todos os juazeirenses. Nossa equipe de saúde já vem se preparando com capacitações, treinamentos e está preparada para atender os pacientes. Estamos atentos e somando esforços para proteger a nossa população”, disse o prefeito Paulo Bomfim (PCdoB).

Também nesta sexta, a Prefeitura recebeu notificação do Sindicato dos Trabalhadores da Saúde (Sintrab) a paralisação de profissionais de saúde nos próximos dias 17 e 18 de março.

A Procuradoria Geral do Município anunciou, por sua vez, que acionará o Sintrab judicialmente por “promover movimento grevista em plena crise provocada pela pandemia do Coronavírus e pelos casos registrados de H1N1 na cidade de Juazeiro”.

“O Sintrab sempre teve uma postura muito mais política do que sindical, ainda mais em períodos eleitorais. Este ano a prefeitura já concedeu reajuste repondo o índice da inflação, ainda que o país passe por profunda crise econômica. O que causa ainda mais indignação é que, num momento como esse, os interesses políticos prevaleçam podendo colocar em risco a vida das pessoas”, declarou o secretário de gestão de pessoas, Vilmar Ferreira.

O procurador Eduardo Fernandes disse que “o movimento é irresponsável e repete situação já ocorrida há dois anos quando a Justiça declarou a ilegalidade dos atos grevistas promovidos pelo Sintrab”.

“A prefeitura vai adotar todas as medidas cabíveis e tem certeza de que a justiça vai agir com rigor diante desta atitude, comunicada no mesmo dia em que foi publicado decreto inclusive suspendendo aulas e eventos públicos na cidade. Querer retirar os servidores das unidades de saúde, neste instante, é absolutamente irresponsável”, disse o procurador geral. O CORREIO não conseguiu contato com o Sintrab.

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