Cidades do Oeste registram temperatura e umidade mais baixas da Bahia

Temperatura, que registrou mínima de 9,2º C em Santa Rita de Cássia, pegou população de surpresa. Em Vitória da Conquista, no Sudoeste, sensação térmica chegou a menos 3º C, diz Inmet

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  • Mario Bitencourt

Publicado em 7 de agosto de 2017 às 03:30

- Atualizado há um ano

. Crédito: Foto: Mário Bittencourt

Conhecidas pelo intenso calor, típicos do clima do cerrado, as cidades do Oeste da Bahia se destacaram este ano pelas baixas temperaturas e umidade relativa do ar.

De acordo com Inmet (Instituto Nacional de Meteorologia), Santa Rita de Cássia, na fronteira com o Piauí, teve até o momento a temperatura mais baixa do estado, com 9,2º C, registrada em 10 de julho.

O frio permaneceu por outros dias, com a temperatura oscilando à noite entre 10º C e 14º C. Nas madrugadas mais frias, a sensação térmica caía para entre 6º C e 9º C.

O frio deste ano pegou muita gente de surpresa, até quem está morando recentemente na cidade, como o goiano Lázaro do Carmo, dono de uma distribuidora de bebidas.

“Estou aqui tem quatro meses e não imaginei que fosse pegar esse frio todo. Muita gente reclamou”, contou ele, que disse não sentir tanto as baixas temperaturas.

Sem banho O blogueiro Luciano Guedes afirmou que, devido ao frio, as pessoas ficaram dizendo que o serviço municipal de fornecimento de água tinha paralisado o serviço – “ninguém estava tomando banho”.

“Não tive problema com o frio, gosto do frio igual um urso polar, não precisei de cobertas, gostaria que a temporada de frio fosse mais duradoura no Vale do Rio Preto do Oeste Baiano”, declarou.

Além do frio, a cidade de 26 mil habitantes teve de enfrentar também o tempo seco, devido à baixa umidade relativa do ar, que variou entre 23% e 77%.

A Organização Mundial de Saúde (OMS) considera ideal o índice acima de 60%. Abaixo disso, podem ocorrer diversos problemas de saúde, como sangramento do nariz e ressecamento da boca e narina.

Na Bahia, a cidade que teve a mais baixa umidade relativa do ar, até o momento, este ano, foi Bom Jesus da Lapa, com 14%, uma das mais baixas do Brasil. Quando os níveis estão entre 12 e 20%, a OMS considera em estado de alerta. 

A Prefeitura de Santa Rita de Cássia informou que teve aumento no número de pessoas atendidas nos postos de saúde, mas não soube precisar a quantidade.

“Porém, não foi nada acima do que podemos atender”, informou a Secretaria da Saúde. Por ter uma população pequena, a prefeitura disse que não preciso fazer ações voltadas para população de rua, praticamente inexistente em Santa Rita de Cássia.

O CORREIO não conseguiu falar com a prefeitura de Bom Jesus da Lapa.

Suíça Baiana Vitória da Conquista, no Sudoeste do estado, conhecida como “Suíça Baiana”, também teve temperaturas baixas entre junho e julho, mas, segundo o Inmet, não chegou ao nível de 5 de agosto de 2015, quando a população de mais de 336 mil habitantes teve de enfrentar o frio de 7,2º C.

Muitas pessoas na cidade chegaram a afirmar que há mais de dez anos que não sentiam frio igual ao deste ano, em que a temperatura mais baixa registrada pelo Inmet foi em 18 de julho: 9,6º C.

Terceira maior cidade baiana, Vitória da Conquista atrai muita gente de fora, a exemplo de hippies, e tem uma população de rua flutuante, que se dirige aos abrigos que tem na cidade. A prefeitura local também realiza ações de acolhimento.

O frio deste ano na cidade veio acompanhado de ventos a 28 km/hora (média normal é de 10 km/hora), o que fez a sensação térmica cair para menos 3º C, de acordo com a meteorologista do Inmet em Salvador, Cláudia Valéria Silva.

“É normal que as pessoas tenham essa impressão, mas pelos dados que temos aqui ainda precisa fazer mais frio para bater o recorde de 2015”, explicou.

A meteorologista do Inmet disse ainda que não há explicações outras para as baixas temperaturas deste ano. “O frio que faz aqui é a massa polar que vem do Sul, passando pelo Sudeste (do país). Ele se intensifica nas áreas mais altas e abertas, como no cerrado”, destacou.

Em Salvador, o dia mais frio do ano foi em 31 de julho quando os termômetros bateram os 17,6º C, “um gelo para os soteropolitanos”, brincou Cláudia Valéria.