Cientistas encontram forma de combater bactérias super-resistentes

O ozônio é usado para matar bactérias desde o início do século passado

Publicado em 10 de dezembro de 2010 às 21:24

- Atualizado há 10 meses

Redação CORREIO

O Hospital das Clínicas de São Paulo anunciou nesta sexta-feira uma descoberta que promete destruir um inimigo microscópico, mas poderoso. Os cientistas encontraram uma forma de combater a superbactéria KPC, que provocou a morte de 18 pessoas em Brasília este ano.

Uma pequena ferida e a aposentada Maria D’Aparecida Souza quase perdeu a perna. Infecção, dores, mais de um ano com pomadas, sem sucesso. A cura só veio com um tratamento que usa gás ozônio. Ele elimina as bactérias e ajuda a cicatrização.

“Doía muito. Depois foi sarando de dentro pra fora”, conta a aposentada.

Os médicos sabem que o ozônio mata bactérias desde o início do século passado. É um tratamento usado em vários países. Agora, o Hospital das Clínicas de São Paulo investigou se esta técnica funciona com as bactérias super-resistentes, que os antibióticos não conseguem destruir e que provocam mortes por infecção hospitalar. O resultado dessa pesquisa pode salvar vidas.

Dez bactérias foram testadas. As amostras divididas em três grupos: o primeiro foi exposto ao ozônio por cinco minutos; o segundo, a oxigênio; o terceiro grupo não teve nenhum tratamento. No dia seguinte, as bactérias tinham se multiplicado nos dois últimos vidros. No que foi tratado com ozônio, nenhum sinal.

O último teste foi feito com a KPC, que ganhou o apelido de superbactéria por ter se mostrado imune aos antibióticos mais potentes. A amostra que recebeu o ozônio também ficou limpa.

O coordenador da pesquisa explica que as moléculas do ozônio corroem a parede externa das bactérias e elas são rapidamente destruídas. O gás pode ser usado na pele ou injetado no corpo do paciente.

A próxima etapa do estudo vai investigar se a vaporização de ozônio no ambiente, no centro cirúrgico ou em uma UTI, por exemplo, também elimina as bactérias.

“O equipamento é muito barato e você usa a área ambiente como matéria-prima. Então não tem gasto. Pode modificar completamente o cenário do controle das bactérias hospitalares de uma maneira simples, de uma maneira barata e acessível em qualquer hospital do país”, explica o coordenador do estudo, Glaucus de Souza Brito. As informações são do G1.