Cinco soluções digitais que evitam tocar em cédulas, moedas e até maquininhas

Sem dinheiro na mão: pandemia vem acelerando adesão ao tipo de pagamento

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  • Priscila Natividade

Publicado em 12 de julho de 2020 às 14:00

- Atualizado há um ano

. Crédito: Imagem: Shutterstock

“Dou banho de álcool no cartão de crédito e em notas de dinheiro também. Em outros momentos eu fazia todos os meus pagamentos em dinheiro, mas isso virou coisa do passado depois da pandemia. Todas as minhas transações hoje são digitais”, confessa a consultora Celeste Santos sobre mais um cuidado que ela passou a adotar para evitar o novo coronavírus.

E quem nunca foi chamado a atenção quando criança para lavar a mão, após pegar em dinheiro porque ele era cheio de germes? Apesar de não haver ainda nenhuma evidência da Organização Mundial de Saúde (OMS) que confirme ou descarte a contaminação por cédulas e moedas, o fato é que o dinheiro não deixa de ser uma superfície que pode ser contaminada pelas gotículas dispersadas pelo espirro ou tosse de quem está infectado.

“Geralmente, para a superfície porosa que a cédula de dinheiro é, o vírus desaparece muito rápido, cerca de 24 horas. Com relação às moedas, a sobrevida é um pouco maior, entre 24 e 48 horas. O ideal é higienizar as mãos toda vez que entrar em contato com o dinheiro”, alerta a infectologista do Hospital da Bahia e professora de Infectologia da Unifacs, Juliana Correia.

O risco é invisível, porém, existe. Segundo dados do Banco Central (BC), no período após o início das medidas de isolamento social, ocorreu aumento do dinheiro em circulação na Bahia. O volume de cédulas pulou de 370 milhões em março para 427 milhões em maio, crescimento de 15,4%. No caso das moedas, se no mesmo período circulavam 1.524 milhão, no último mês, chegou a 1.527 milhão.

Diante deste cenário, o CORREIO foi buscar cinco soluções para evitar contato com dinheiro físico nesse momento de pandemia. Entre eles, o consumidor tem aí ao alcance do celular, o QR Code, o pagamento por aproximação, os links de pagamento, aplicativos de carteira digital e a transferência direta como algumas das opções (confira abaixo).

“Estas soluções devem acelerar a adesão do consumidor a estes métodos, na pandemia”, destaca o diretor-executivo da Associação Brasileira das Empresas de Cartões de Crédito (Abecs).

Sem cédulas A tendência está aumentando a  competitividade do mercado de pagamentos. O WhatsApp liberou este mês, a possibilidade de fazer pagamentos e transferências por lá. A ferramenta escolheu o Brasil como o primeiro país para disponibilizar o recurso.

Na última semana, no entanto, o BC suspendeu a operação pelo aplicativo até avaliar riscos de concorrência entre as empresas e garantir funcionamento adequado do Sistema de Pagamentos Brasileiro (SPB).

Só para se ter uma ideia, com base em um estudo feito no Brasil pela operadora de cartões de crédito Mastercard, seis em cada dez pessoas afirmaram que a covid-19 as  incentivou a usar pagamentos por aproximação, sem a necessidade de ter contato com a maquininha que possui a tecnologia NFC. Para compras até R$ 50, não é necessário o uso de senha.

“Vimos que 78% diminuíram o uso do dinheiro por conta da falta de limpeza das cédulas. Esse foi um dos principais impulsionadores”, avalia o presidente da  Mastercard Brasil e Cone Sul, João Pedro Paro Neto.

Apesar de não divulgar números, o crescimento foi expressivo também na adesão ao Google Pay, a carteira digital do Google, conforme pontua o head de parcerias de Google Pay para a América Latina, Felipe Cunha. “Vimos também um aumento expressivo no ambiente online para substituir o boleto no e-commerce e o dinheiro em aplicativos de delivery”, considera.

CUIDADOS IMPORTANTES

Dados e informações Os meios de pagamento digitais existem há um tempo, porém, alguns deles sempre foram vistos com desconfiança antes de ganharem uma adesão maior na pandemia, para minimizar o contato com di- nheiro e maquininhas. O diretor do Dfndr lab — o laboratório especializado em segurança digital da PSafe, Emilio Simoni, destaca como primeiro cuidado nunca fornecer dados pessoais e informações bancárias sem antes saber se a plataforma é oficial e confiável. “Não clique em nenhum link de procedência desconhecida”, adverte. 

Alerta máximo Não utilize a mesma senha. A dica vale para aplicativos de banco, cartões de crédito, carteiras digitais e outros serviços financeiros: “evite realizar pagamentos através de redes de wifi públicas”, aconselha o especialista, que destaca também a necessidade de instalar um bom antivírus no celular para que seus aplicativos de pagamento não sejam invadidos ou monitorados. “Os aplicativos de conversa como o Whatsapp são os principais meios utilizados para disseminar golpes digitais. Para se proteger, utilize uma solução de segurança no celular que disponibilize proteção para estas ameaças”, completa.

OUTRAS FORMAS DE PAGAR

Pagamento por aproximação Para habilitar o uso, é só cadastrar o usuário e cartão de crédito/débito na plataforma de pagamento do seu celular. A tecnologia é compatível com aplicativos como Apple Pay, Google Pay e Samsung Pay e também com cartões contactless, como o do Nubank. 

Carteiras digitais A carteira digital facilita o pagamento, de um cliente a um fornecedor, gratuitamente, sem a cobrança de taxas bancárias. Basta baixar aplicativos como o PicPay, PagSeguro, ou PayPal, por exemplo, ou ativar as que já estão no celular como o Google Pay, ou Apple Pay.

QR Code Muita gente deve ter visto esse código aparecer, principalmente, nas doações em lives que andam acontecendo nesse momento de pandemia. O processo é simples: ele pode ser lido por qualquer carteira digital instalada no celular que conte com essa função.

Links de pagamento Os links têm facilitado muito a vida de quem vende via redes sociais. Um link é gerado e enviado ao cliente. O Whatsapp, inclusive, está aguardando a autorização do Banco Central para que possa oferecer o recurso próprio para pagamentos via Facebook Pay e WhatsApp Bussiness.

Transferência Direta O método não é novo, porém, em tempos de pandemia é cada vez mais comum. A dica aqui para quem quer fazer estas operações sem custo. Contas digitais como a do Nubank, Banco Inter, Pag!, PagBank, Neon e Next não cobram taxas  para outros bancos.