Clima de nostalgia marca o sábado de Carnaval

No Santo Antônio Além do Carmo teve bailinho, bares e restaurantes lotados e pouco uso de máscaras

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  • Carmen Vasconcelos

Publicado em 27 de fevereiro de 2022 às 11:41

- Atualizado há um ano

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. por Foto: Ana Lúcia Albuquerque/CORREIO

Em 2022, o sábado de Carnaval foi diferente. Ao invés da multidão tomando conta do Circuito Barra-Ondina ou lotando a ladeira do Curuzu, para acompanhar a saída do Bloco Ilê Aiyê, a festa se transferiu para o Santo Antônio Além do Carmo, mais especificamente, para o pátio da Igreja que batiza o local, no baile de Carnaval do Grupo Botequim.

Mas a festa não se limitou aos arredores da Igreja de Santo Antônio. Como tem sido visto ao longo do verão, ruas estiveram cheias de turistas e locais que aproveitaram a festa atípica para lotar os bares e restaurantes do entorno da Cruz do Pascoal. Em todos os lugares, chamou atenção o uso limitado de máscaras de proteção, que parece que perderam o lugar na folia.

No baile do Botequim, a exigência de cartão de vacina foi rigorosa do início ao final da festa e a Prefeitura manteve uma fiscalização atenta para o limite de pessoas e as exigências da vigilância sanitária. Em todo o bairro, durante toda a tarde e à noite, foi possível observar a atuação ostensiva da Polícia Militar, que garantiu a segurança, mas não interveio para redução de aglomerações.

Com um perfume de nostalgia, o baile do botequim recebeu fantasiados de todas as idades que aproveitaram para matar as saudades do reinado de Momo ao som das antigas músicas de carnaval, passando pelas marchinhas, os frevos, galopes e os clássicos da axé music, além dos sambas. A abertura da festa foi feita pelo DJ Guerreiro, em seguida, o Grupo Botequim recebeu a convidada Juliana Ribeiro.

O servidor público Jorge Nascimento, 40, aproveitou a folga para relaxar e matar as saudades do Carnaval. “Considero extremamente importantes realizações como essa que possibilitam um alívio dessa realidade tão dura que temos vivido”, afirmou. Ao lado da namorada Nayara Petrato, 32, que é turismóloga, o casal teve a oportunidade de viver um carnaval diferenciado. “Sempre pulei Carnaval no Circuito Barra-Ondina. Essa é a primeira vez que estou aqui no Centro Histórico e é apaixonante”, se declarou, ressaltando a tranquilidade por ver as cobranças e os protocolos de segurança contra a Covid-19 adotados.

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As amigas e enfermeiras Goreth Rocha, 62, e Sandra Oliveira,68, foram unânimes em admitir que não havia condição para a realização do Carnaval como festa popular, mas que a realização de bailinhos e festas particulares terminaram suprindo a ausência da festa na rua. Discordância só houve no quesito fim da pandemia. Para Goreth, a pandemia está perto do fim, com a vacinação e o efeito rebanho. “A Europa já abriu, então acho que logo seremos nós que estaremos livres dos rigores sanitários”, afirmou. 

Com uma posição contrária, Sandra disse que ainda está cedo e que as variações do vírus ainda vão atormentar a humanidade por algum tempo antes de ser considerada inofensivas. “Anualmente, as vacinas para a gripe, por exemplo, mudam. Acredito que ainda precisaremos de reforço até debelarmos a pandemia de Covid”, completou. 

Bancária aposentada, Maria Regina Bispo fez questão de pontuar que bailinhos e os bloquinhos do Santo Antônio foram fundamentais para não deixar o reinado de Momo passar em branco. “As pessoas reclamam de que essas festas no Santo Antônio estão muito cheias e esquecem que, na verdade, elas nunca estiveram vazias. Está todo mundo muito cansado, achando que a vida é só medo e cuidados, então acho que essas festinhas são alentadoras”, brincou. 

O músico Roberto Ribeiro, um dos fundadores do Botequim, fez questão de enfatizar que o  encontro é muito importante para vivenciar o sentimento do Carnaval. “É grande a nossa vontade de estar junto com nosso público, fazendo essa comemoração. A nossa roda de samba de janeiro foi cancelada, pois entendemos que o momento da pandemia estava crítico, mas agora vamos voltar com todos os cuidados”, completou.

Juliana Ribeiro que, além de cantora e compositora, é historiadora, ressaltou que participar de um baile de Carnaval mexe com a memória da infância e de outros Carnavais. “O encontro com o Botequim não deixa de ser também uma catarse coletiva, unindo essas canções que todo mundo canta junto, sempre com essa associação da alegria e da fantasia", finalizou Juliana.

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