Com circuitos vazios, varandas de Salvador viram palco de shows surpresa no Carnaval

Ivete, Margareth e Daniela foram algumas das artistas a se apresentar

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  • Gabriel Moura

Publicado em 15 de fevereiro de 2021 às 07:41

- Atualizado há um ano

. Crédito: Foto: Divulgação

No início da pandemia, os baianos descobriram uma nova forma de se comunicar com os vizinhos: bastava chegar na janela e berrar “Eu falei faraó”, que a resposta imediatamente viria com um “Ê faraó”. Mas o líder do Egito decidiu compartilhar seu trono e, neste domingo (14), diversos outros artistas puderam tocar seus hits nas varandas, sacadas e terraços de prédios de Salvador, conquistando tantos súditos quanto o próprio Tutancâmon.

Além de Margareth Menezes, dona do primeiro viral de varanda, Ivete Sangalo, Daniela Mercury, Olodum, Larissa Luz, Banda Eva e Banda Didá também se apresentaram em diversos locais de Salvador como parte do “Carnavaranda Tropical”, organizado pela cerveja Devassa. 

A apresentação aconteceu de surpresa nos locais, mas os moradores já desconfiavam de que algo estava por vir desde sábado (14), quando começou um movimento estranho de carga e descarga. A estudante Mirna Fonseca, 43, moradora do Horto Florestal, resolveu investigar melhor e descobriu do que se tratava. Faltava apenas saber qual artista se apresentaria em seu prédio.

Por isso ela desceu cedo, armando uma tocaia no playground e garagem do edifício. Qualquer pessoa que chegava a estudante perguntava se tinha alguma relação com a apresentação. A revelação veio da melhor maneira possível: enquanto aguardava na garagem, viu a cantora sair do carro e acenar. Mirna subiu correndo e, ao chegar no playground, começou a gritar para a mãe e filha que lá a aguardavam. “É Ivete, é Ivete”, repetia aos berros.

‘Mainha’ foi a artista responsável por dar a largada “Carnavaranda Tropical”, às 15h30. Da cobertura do edifício ela, para alegria de Mirna e da galera nas varandas dos prédios vizinhos, tocou sucessos como “O Mundo Vai”, música do Carnaval passado, e “Tá Solteira Mas Não Tá Sozinha” - feita em parceria com Harmonia do Samba e favorita ao mesmo prêmio neste ano. Foto: Divulgação Ivete se emocionou durante a apresentação, chegando a chorar em alguns momentos. “Ano que vem a gente se encontra, estou com saudades”, disse ao público. Ela também elogiou a iniciativa de fazer esse show à distância. “Foi uma grande ‘sacada’”, disse, fazendo um trocadilho.

O show foi curto, durou apenas 20 minutos. Após o fim, Mirna voltou para a garagem à espera da musa. A luta valeu a pena e ela conseguiu tirar uma foto de ‘Veveta’ entrando no carro. “Sempre quis conhecer Ivete e hoje tive essa oportunidade. Ela foi super simpática e o show foi maravilhoso. As varandas estavam cheias, com todo mundo feliz e se divertindo. Foi um pequeno Carnaval, feito com muito carinho”, relata a moradora do Horto Florestal.

Logo após o prédio de Mirta, foi a vez de Brotas ter seu show, comandado pela Banda Eva. Prédios do Corredor da Vitória, Comércio, Itaigara, Jardim Apipema, Rio Vermelho, Imbuí e Le Parc também sediaram apresentações.

Varandas cheias, circuitos vazios Enquanto as festas aconteciam nas varandas, os tradicionais circuitos da folia ficaram vazios. O maior movimento foi registrado na Barra, mas nada atípico para um domingo de verão. Diversos policiais e guardas civis faziam rondas para evitar aglomerações, enquanto o povo se concentrava nos bares da região. Nem parecia domingo de Carnaval na Barra (Foto: Tiago Caldas / CORREIO) ‘Comer água’ também foi o principal programa para quem foi ao Pelourinho, lar do circuito Batatinha. Enquanto as ruas estavam sem grande movimento, o ‘Cravinho’, famoso bar da região, tinha até fila na porta. Às moscas mesmo só o Campo Grande, onde havia apenas dois homens fingindo brigar igual no Carnaval.