Com intervenções artísticas, Fazenda Grande do Retiro vive dia de museu nas ruas

Projeto "A Rua é o Museu do Povo" realiza intervenções artísticas com grafismo e poesia

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  • Da Redação

Publicado em 14 de fevereiro de 2021 às 20:19

- Atualizado há 10 meses

Fazer da rua um museu da memória. Essa é um dos objetivos do  Coletivo Arte Marginal Salvador, que neste domingo fez da Praça dos Trovadores, na Fazenda foi palco de uma série de intervenções dentro do projeto "A Rua é o Museu do Povo.

“O que fizemos nesse domingo é o que chamamos de “museologia do afeto”. Buscamos trazer sensações que não são possíveis dentro um museu tradicional, onde você já entra cheio de restrições: não pode falar alto, não pode tocar as obras. Trabalhamos com o oposto da cultura do não. A ideia é entender a rua como um espaço de memória, acolhimento e que todos podem ter acesso e se enxergar”, disse ao CORREIO a museóloga e coordenador do projeto, Manuela Ribeiro.

Morador da Fazenda Grande do Retiro, Pedro Arcanjo, conhecido como Noite, usou o grapixo para contar sua história de luta e resistência. “Nossa intervenção foi maravilhosa. Com a performance de Milica, a intervenção visual de Luis Santo Arte e a minha colaboração. Pudemos ter a presença de outros artistas num grande ato, o que só reforça nossa ideia de que a rua é o museu do povo. Porque vimos todo mundo ali, ao mesmo tempo. Com artista, povo, foi realmente um grande momento”, contou Noite ao CORREIO. [[galeria]]

“Muitas pessoas se aproximaram. Os comerciantes, taxistas, pessoas que tiveram acesso, que normalmente não iriam a um dos museus tradicionais, localizados no centro. Esse projeto, ao mesmo tempo em que mostra que a rua pode e deve ser um local de cultura, traz essas pessoas que dificilmente iriam em um museu, por uma série de questões, e são aproximadas pela arte”, conta Manuela.

 A atriz e poeta Milica San, integrante do grupo "A pombagem" participou do ato. “Pra mim foi muito importante essa ação. Muito emocionante esse reencontro em tempos de pandemia, a gente ter essa possibilidade de mostrar a importância da rua enquanto museu do povo. Na rua a obra de arte está mais perto do povo”, contou ao CORREIO, que em sua performance explorou justamente o questionamento sobre o que é a rua, a arte e o belo.  Além de Noite e Milica San, o poeta visual Luís Santos usou suas tintas para questionar o que chama de "absurdos da existência no mundo contemporâneo e do cotidiano das ruas". 

O projeto ainda fará de outras duas praças soteropolitanas de museu a céu aberto. Nos dias 21 e 28 de fevereiro, as praças dos bairros do Largo do Tanque e da Liberdade, respectivamente recebem as intervenções públicas do A Rua é o Museu do Povo.