Com pista para parkour e skate, Parque dos Ventos começa a ser construído nesta sexta

Será o primeiro parque para esportes radicais de Salvador

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  • Thais Borges

Publicado em 15 de fevereiro de 2019 às 17:05

- Atualizado há um ano

. Crédito: As obras foram iniciadas nesta sexta-feira (15) (Foto: Mauro Akin Nassor/CORREIO)

Parede para escalada e rapel; pistas de patins, pump track e até para Parkour; arvorismo, anfiteatro, área de convivência e parque infantil. Essas são algumas das atrações que devem estar disponíveis no Parque dos Ventos, o primeiro espaço público destinado à prática de esportes radicais em Salvador. 

Em uma área de cerca de 80 mil m², o parque será construído na Boca do Rio, entre o futuro Centro de Convenções de Salvador e a Arena Daniela Mercury – exatamente naquele ponto da Orla onde, nos anos 2000, funcionou o shopping Aeroclube Plaza Show. Com ordem de serviço assinada nesta sexta-feira (15), pelo prefeito ACM Neto, o Parque dos Ventos vai receber o investimento de cerca de R$ 7,9 milhões, em recursos próprios.“É um parque que busca o melhor da criatividade, além de equipamentos modernos para todas as idades e gerações. A preocupação é de que esse seja um espaço de convivência das famílias da Boca do Rio e de toda a nossa capital, porque a Orla é de todas as pessoas que visitam Salvador”, afirmou o prefeito, durante a solenidade de assinatura. A previsão é que as obras sejam concluídas em seis meses. Um dos destaques é o primeiro espaço para prática de rapel em Salvador: serão duas plataformas com 12,5 metros e 10 metros de altura, além de uma parede para escalada com 14 metros. Os cliclistas também vão ganhar dois espaços – uma ciclovia de um quilômetro e uma de pump track, que é uma pista de circuito contínuo, com lombadas, morros de terra arredondados e curvas levemente inclinadas.

Haverá, ainda, pistas para patinação e para Parkour – uma técnica que usa as habilidades do corpo humano para completar um percurso, através de saltos, movimentos atléticos e radicais. O Parque dos Ventos ainda vai contar com espaço infantil, um ambulatório, arvorismo (trilha instalada em árvores), um anfiteatro com capacidade para até 150 pessoas e estacionamento com 150 vagas.  Novo parque terá pista para parkout (Imagem: Divulgação) Para o prefeito ACM Neto, o parque deve mudar o perfil, paisagismo e a dinâmica daquele trecho de Orla. “Quando reinauguramos o Parque da Cidade (em 2016), minha maior preocupação era que aquele momento festivo que marcava a retomada dos espaços naturais fosse apenas um dia de festa; que não tivéssemos uma gestão eficiente que garantisse a manutenção adequada. Mas a equipe vem demonstrando muita competência e tenho certeza que assim será no Parque dos Ventos”, afirmou.  Obras devem durar seis meses (Foto: Mauro Akin Nassor/CORREIO) Projeto Elaborado pela Fundação Mário Leal Ferreira (FML), o projeto pretende valorizar a localização privilegiada do Parque dos Ventos – ao lado da praia da Boca do Rio. De acordo com a presidente do órgão, Tânia Scofield, uma equipe da fundação visitou o Centro de Esportes Radicais de São Paulo, para conhecer outras iniciativas.  “Nós conseguimos fazer um projeto numa área muito maior, com número de equipamentos e espaço para esporte numa área maior. Ficou muito mais bonito, porque embora a proposta principal seja o esporte radical, ele também é um parque de contemplação, de convivência e tem área infantil. É um parque completo. Na Bahia, não existe nada igual. No Brasil, o único que conheço dessa natureza é o de São Paulo”, garantiu.  O parque ainda terá parede para rapel e escalada (Imagem: Divulgação) A gestão do Parque dos Ventos ficará a cargo da Secretaria Municipal da Cidade Sustentável e Inovação (Secis), assim como outros 15 parques previstos para serem entregues até 2020. 

“O Parque dos Ventos entra no conjunto de parques criados no PDDU (Plano de Desenvolvimento Diretor Urbano) de 2016. Ele integra um sistema de valor ambiental para a cidade e passa a ser mais um espaço verde. É uma área de lazer, mas também para o contato com a natureza”, afirmou o titular da Secis, André Fraga. 

Para o vice-prefeito e secretário municipal de Infraestrutura e Obras Públicas, Bruno Reis, o projeto é inovador. A ideia é que o espaço seja integrado aos outros dois equipamentos da região: a Arena Daniela Mercury e o Centro de Convenções de Salvador. “É um parque que embeleza muito. Tudo foi pensado e elaborado para fortalecer essa área da cidade”, afirmou Reis. 

De acordo com a presidente da FMLF, Tânia Scofield, a área do parque não inclui o espaço da Arena Daniela Mercury, que abriga o Festival Virada Salvador desde 2017. No entanto, quando houver eventos que precisarem de uma área maior – a exemplo do próprio Réveillon –, parte do espaço do Parque dos Ventos deve ser incorporado.

É o caso do próprio Festival Virada, segundo Tânia.“Os festivais que aconteceram já usaram parte do espaço do parque e vai continuar assim. A gente já fez o projeto pensando nessa possibilidade de ocupação”, disse.A área que deve ser incorporada vai até as proximidades do anfiteatro. 

Presente na solenidade, o presidente da Federação de Skateboard da Bahia (Feseb), Jefferson Albuquerque, contou que uma equipe da entidade chegou a se reunir com técnicos da FMLF. “A gente tem uma preocupação com a pista, porque o esporte tem se desenvolvido, mas precisa de equipamentos adequados. Precisamos de uma pista adequada ao skate olímpico, que não existe nenhuma em Salvador”, explicou. 

Ao CORREIO, Tânia Scofield, da FMLF, afirmou que as observações da Feseb foram consideradas para que a pista que será construída esteja apta para competições esportivas. 

Shopping O primeiro projeto relacionado ao Parque dos Ventos envolvia a iniciativa privada. O espaço seria construído pelo consórcio que construiria o shopping que viria a substituir o antigo Aeroclube, demolido em 2014. 

Só que o Consórcio Parques Urbanos, que seria responsável pelo Shopping Bosque da Orla e pelo então Parque Atlântico Rosa dos Ventos, não conseguiu cumprir o contrato.  Na época, o grupo chegou a anunciar um investimento de R$ 225 milhões nas obras. Desse total, cerca de R$ 10 milhões seriam destinados à construção do parque. “Os anos se passaram e o grupo que detinha o direito não teve condições de tocar economicamente o contrato assinado. Depois de vencidos todos os prazos legais, não tive outra alternativa a não ser agir com firmeza e rescindir o contrato”, afirmou o prefeito ACM Neto, ainda na solenidade de assinatura da ordem de serviço, referindo-se à decisão de 2016. Na avaliação de Neto, porém, já existiam pontos positivos – a exemplo da própria demolição, que já tinha acontecido dois anos antes. A base para a construção também já tinha sido instalada na local. 

“A Câmara Municipal nos autorizou a alienar diversos terrenos sem utilidade. A prefeitura desafetou e começou a alienar terrenos para substituir em ativos úteis para a cidade, muito mais valiosos”, lembrou.  Ordem de serviço foi assinada pelo prefeito ACM Neto (Foto: Mauro Akin Nassor/CORREIO) Centro de Convenções será concluído até o fim do ano A construção do Parque dos Ventos está diretamente ligada à implantação do Centro de Convenções de Salvador. “No momento que decidi implantar o centro de convenções, mobilizei a equipe e disse que a prefeitura ia ter que assumir a responsabilidade do Parque dos Ventos”, afirmou o prefeito ACM Neto, durante a assinatura da ordem de serviço para a construção do parque, na manhã desta sexta-feira (15). 

Com investimentos de R$ 105,2 milhões, o equipamento começou a ser construído em setembro do ano passado. Pelo projeto, o futuro Centro de Convenções terá o formato de uma pomba, símbolo da bandeira de Salvador. Numa área de pouco mais de 103 mil m² – sendo 36 mil m² de área construída -, a capacidade prevista é de receber 14 mil pessoas simultaneamente em congressos e convenções. 

Além disso, o centro terá dois locais para shows – cada um com capacidade para 20 mil pessoas, um externo ao equipamento e outro interno. Haverá, ainda, 28 camarotes de 50 metros quadrados. Eles serão moduláveis e devem atender aos dois espaços multiusos – ou seja: tanto o de fora do centro quanto o de dentro. Quando não houver shows, esses camarotes podem ser transformados em salas de reunião.

Ao todo, o equipamento vai contar com oito auditórios moduláveis de 800 metros quadrados cada. Terá também seis salões de 522 metros quadrados cada, 12 salas de 236 metros quadrados e estacionamento para 1,4 mil veículos. O equipamento terá três pavimentos, será 100% climatizado e com acessibilidade.

De acordo com a presidente da Fundação Mário Leal Ferreira, Tânia Scofield, a previsão é que o espaço seja entregue até dezembro. “O Centro está em obras e, pelo ritmo delas, deve concluir no prazo certo”, calculou.