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Gabriel Amorim
Publicado em 22 de julho de 2020 às 05:15
- Atualizado há 2 anos
A reabertura de bares e restaurantes é vista como um respiro para quem tem isso como sustento. Empresários, garçons, cozinheiros, todos aguardam ansiosamente para reabrir as portas. A pressa é justificável: um levantamento feito pela ssociação Brasileira de Bares e Restaurantes na Bahia (Abrasel-BA) mostra que, com a crise, o faturamento do setor caiu em 77,5%, e mais de 86 mil funcionários que perderam seus empregos.>
Apesar da ansiedade, os bares e restaurantes só voltarão a ter clientes na segunda fase do protocolo criado pela prefeitura para reabertura econômica da cidade - ou seja, quando a taxa de ocupação de leitos de UTI para a covid-19 baixar para 70% e se manter por pelo menos 5 dias assim. O mesmo vale para academias, salões e centros culturais. Apesar de ser um passo para o futuro, a reabertura do setor já foi assunto do pacote de medidas anunciado pela prefeitura nesta terça-feira (21). >
Uma das empresárias que precisou demitir funcionários para não fechar as porta foi a chef Leila Carreiro, responsável pelo restaurante Dona Mariquita no Rio Vermelho, que dispensou mais da metade de sua equipe .>
“Eu estava com 18 funcionários, só consegui ficar com 6 e, mesmo assim, precisei recorrer à redução da jornada de trabalho. Precisei reduzir preços, reduzir cardápio. Eu estava com o freezer cheio de bebidas e precisei fazer promoções para vender asbbebidas quase a preço de custo para não perder”, conta.>
Além das demissões, a empresária precisou realizar uma série de mudanças para adaptar seu produto à realidade da pandemia. Algumas das novidades, implementadas desde março, ela acredita que devem continuar mesmo com a retomada.>
“Tive que reduzir o trabalho dos funcionários que ficaram para dois dias na semana. O restaurante nunca teve delivery, experimentamos uma vez em 2017, mas não tínhamos estrutura para fazer os dois por conta da procura das pessoas no próprio restaurante. Agora, ele também não tem a mesma força da casa aberta, e me adaptar a isso foi bem complicado. Mas é algo que nessa retomada eu devo manter, porque acho que as pessoas ainda vão buscar muito”, detalha ela. >
Antes mesmo do momento chegar, Leila explica que já tem planejado como o Dona Mariquita vai abrir as portas “Eu já estava decidida a funcionar o restaurante apenas de quinta a domingo, nesse primeiro momento não tenho condição de funcionar como era antes. Vou precisar ir bem devagar, já tive que reduzir já o cardápio em 40%, reduzir as opções para conseguir me manter. O próprio distanciamento que vai precisar existir entre os clientes já reduz muito minha capacidade”, explica ela, que ainda não consegue quantificar o tamanho da perda dos últimos meses >
Novos hábitos Dentre as várias medidas anunciadas em coletiva virtual pelo prefeito ACM Neto, foi anunciado que os empresários poderão solicitar a exploração da calçada para ampliar seus espaços e conseguir acomodar mais clientes sem desrespeitar o distanciamento necessário para a segurança. >
"Seremos mais flexíveis em relação ao uso e aproveitamento bares e restaurantes do espaço público, para que esses estabelecimentos não dependam de ambientes estritamente fechados, o que devemos evitar nesse momento de pandemia. Essa autorização para o uso do espaço público vai permitir, inclusive, que haja mudança cultural na cidade, como acontece em outros locais do Brasil e do mundo. Inclusive, isso pode se tornar permanente, o que vai depender da avaliação da Prefeitura", anunciou ACM Neto. >
Sobre o uso da calçada, esse já é um desejo antigo de Leila, que pretende usar a estratégia para tentar criar novas atrações para os clientes. A ideia é explorar os quitutes e resgatar a cultura de comer sentado no banquinho ao ar livre.>
“Com o horário reduzido de funcionamento a gente vai precisar inventar muito, criar muito. A possibilidade de atender do lado de fora já é uma ajuda porque a gente já pode criar um novo momento, para além do tradicional do almoço, posso investir nas merendas, e criar uma possibilidade de merendas a tarde, já é de grande ajuda”, acredita. >
Para executar as novas regras, serão adotadas, segundo a prefeitura, medidas de baixo custo e de fácil instalação, como o uso de grades, jardineiras e de sinalização com tinta. Quando for necessário, serão implantadas medidas para a redução de velocidade dos veículos. Isso vai ocorrer, por exemplo, na Barra, no Jardim Brasil e na Pituba. >
"Queremos, com essa medida, estimular e acelerar a retomada dos bares e restaurantes e também implantar uma cultura em nossa cidade com a presença desses estabelecimentos no espaço público, de forma ordenada", acrescentou o prefeito, informando que caberá à Secretaria Municipal de Desenvolvimento e Urbanismo (Sedur) e à Transalvador avaliar e fazer a autorização, mediante solicitação feita exclusivamente on-line. >
Procurada pelo CORREIO, a Abrasel-BA vê com bons olhos a iniciativa. “A medida ajudará, é bem-vinda. Ela em si só não é a única via para cumprir o distanciamento. É uma ampliação de oferta de assentos seguros, já que é inquestionável o cumprimento dos protocolos de distanciamento”, diz a nota enviada pela entidade. >
*Com orientação da subeditora Clarissa Pacheco>