Com verba privada, prefeito entrega obra do Jardim Brasil que valoriza circulação de pedestres

Investimento para a requalificação foi de 2,3 milhões

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  • Marcela Vilar

Publicado em 31 de julho de 2020 às 11:45

- Atualizado há um ano

. Crédito: Valter Pontes/Secom

O prefeito de Salvador, ACM Neto (DEM), entregou a obra de requalificação do Jardim Brasil na manhã desta sexta-feira (31). O projeto foi uma contrapartida com a iniciativa privada, por meio de um TAC (Termo de Ajustamento de Conduta) com os moradores do condomínio Mansão Wildberger, na Vitória. Ou seja, não houve dinheiro público envolvido na obra, que custou R$ 2,3 milhões e levou 180 dias para a conclusão. O valor total da contrapartida foi de R$ 5 milhões, que foram investidos também nas obras do Corredor da Vitória, que devem ser entregues em 15 dias, conforme a expectativa do vice-prefeito Bruno Reis. Ele comandava a Seinfra (Secretaria de Infraestrutura e Obras Públicas) até o dia 4 de junho e mediou as negociações. 

Dentre as ruas que passaram por requalificação asfáltica no Jardim Brasil, estão as ruas Recife, Belo Horizonte, Belém do Pará, Aracajú e a Oscar Carrascosa. A prefeitura também reforçou a pintura da igreja Jesus Maria José - onde o prefeito fez sua primeira comunhão - que fica no centro do Jardim Brasil, e instalou nova iluminação, agora em LED. A novidade é a implantação do piso intertravado, que permite uma maior circulação de pessoas e valoriza o pedestre em detrimento dos veículos. Esse conceito foi trazido pela arquiteta Tânia Scofield, da Fundação Mário Leal Ferreira (FMLF), que coordena os projetos de requalificação da cidade. A execução foi feita pela Seinfra, através da Sucop (Superintendência de Obras Públicas).

“O piso intertravado traz outra ambiência para o espaço. Não sou arquiteto, não sou urbanista, mas ele permite que as pessoas tenham uma outra relação com a rua, trazendo um sentimento de pertencimento e empoderamento”, justificou o prefeito ACM Neto. “Com o intertravado, a gente pensa em priorizar o pedestre e limitar o trânsito de veículos”, completou o prefeito.  (Foto: Valter Pontes/Secom) Apesar de ser uma área essencialmente residencial, a reforma faz parte de uma estratégia econômica para valorizar os empreendimentos locais da região, que conta com bares, restaurantes, hotéis e centros comerciais. “Com essa requalificação, os imóveis valorizam e também o comércio local. Dá outra cara para a região”, avalia o secretário Luciano Mendes, da Seinfra, já recuperado da Covid-19. 

O diretor de engenharia da Seinfra, Adolfo Luz, conta que o projeto buscou preservar esse aspecto da localidade. “A gente quer dinamizar essas ruas que têm esse apelo boêmio, além de ser mais aconchegante”, argumenta o engenheiro, que promete que pelo menos 80 obras como essa sejam entregues até o final do ano. A digitadora Rosalva Barreto, que mora na Rua Florianópolis ali no Jardim Brasil, vê a requalificação com bons olhos, pois frequenta os barzinhos ali do entorno. “A pavimentação tá muito boa e valorizou mais o bairro”, comenta Rosalva Barreto.

Preparados antes da pandemia Neto explica que é também por esse motivo, de querer valorizar mais os pedestres, que o piso intertravado tem sido usado em quase todas as obras para repaginar Salvador, como na orla da Ribeira, de São Tomé de Paripe e de Tubarão, além de praças, parques e outras vias públicas. “Aos poucos, fomos devolvendo a cidade ao cidadão”, afirma o prefeito. Ele relembra que a primeira grande mudança foi no Farol da Barra e que, num primeiro momento, houve estranheza de uma parte da população, que não aceitou o projeto. “A obra da Barra foi um choque cultural”, recorda Neto. 

O prefeito ressalta ainda que essa nova configuração urbanística da cidade, que foi iniciada antes mesmo da pandemia, torna Salvador mais preparada para retomada econômica, já que as atividades ao ar livre vão ser priorizadas por dificultar o contágio do novo coronavírus. “A gente vinha preparando Salvador para essa realidade, independentemente de pandemia. A gente trouxe Salvador para a realidade das ciclovias e ciclofaixas, que era uma coisa limitada e quase inexistente até 2013. Trouxemos a possibilidade das pessoas aproveitarem as praças e espaços públicos que no passado estavam abandonadas”, exemplifica Neto. 

Nessa lógica, o chefe do executivo municipal autorizou que bares e restaurantes usassem as calçadas, na segunda fase da retomada, para ampliar o espaço e melhorar a distribuição de mesas e cadeiras, evitando aglomerações. Segundo o prefeito, o Jardim Brasil foi uma das regiões citadas pela Prefeitura ao idealizar esse projeto. Até o momento, pelo menos dois bares da localidade - o Oslo Gastrobar e o Deskolado Bar Futebol e Pizza - e o restaurante italiano Di Lucca ja entraram com a solicitação para ocupar as calçadas, de acordo com a Sedur (Secretaria Municipal de Desenvolvimento e Urbanismo).

20 milhões em reformas pela iniciativa privada Durante sua gestão, o prefeito ACM Neto conta que foram mais de R$ 20 milhões coletados pela Prefeitura por contrapartidas com a iniciativa privada, o que permitiu preservar o dinheiro público para aplicar em outras áreas de Salvador, mais necessitadas. “Esse dinheiro [da iniciativa privada] é para liberar os recursos públicos a fim de que ele seja colocado nas áreas prioritárias. Ao longo desses sete anos de mandato, 75% das obras que executamos foram nas áreas mais pobres de Salvador.”, diz o prefeito. 

*Sob orientação da chefe de reportagem Perla Ribeiro