Com voos cancelados, passageiros dormem em macas no aeroporto de Santiago

301 voos da Latam de e para o Chile foram cancelados desde o dia 20

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  • Da Redação

Publicado em 22 de outubro de 2019 às 20:11

- Atualizado há um ano

. Crédito: Rudolfo Lago/Jornal de Brasília

O Chile tem nesta terça-feira (22) o quinto dia seguido de protestos que acontecem desde que a tarifa do metrô sofreu reajuste. Milhares de manifestantes seguem se mobilizando para manifestações em diversas regiões. Por conta disso, há toque de recolher a partir das 20h nas principais áreas do país. Desde o dia 20, já foram 301 voos cancelados com origem e destino para o Chile pela Latam.

Macas foram montadas no aeroporto para que os passageiros descansem enquanto aguardam a definição dos seus voos. Segundo a empresa, dois voos adicionais que aconteceriam na madrugada da quarta (23) foram cancelados por conta do toque de recolher determinado pelo governo. "A companhia segue trabalhando para normalizar seus voos, operando durante o toque de recolher, que hoje será entre 20h e 5h", diz nota da Latam. 

Quem precisar ir ao aeroporto no período terá salvo-conduto - é preciso apresentar o cartão de embarque às autoridades. Quem chegar de um voo receberá um salvo-conduto de autoridades do aeroporto para a saída do terminal.

Hoje, a Latam vai operar apenas 75% dos seus voos no Chile. A orientação da empresa é de que quem tem viagem marcada verifique pelo site e aplicativo o status do voo. "Em caso de ter um voo cancelado, a Latam solicita que seus passageiros não sigam ao aeroporto e reprogramem sua viagem por meio da seção Reprograme seu Voo", diz o comunicado. 

A situação está sendo atualizada pelos canais oficiais da empresa - além do site, Twitter e Facebook.

Mortes e apreensões Ainda na manhã desta terça, o governo confirmou 15 mortes desde sexta-feira, dia em que as grandes mobilizações se iniciaram. Destes, quatro foram mortos pelos militares que atuam nas ruas devido ao decreto de estado de emergência, e em dois dos casos os militares se entregaram e foram detidos. Entre as vítimas, há dois colombianos, um equatoriano e um peruano. Até o momento, 2,6 mil pessoas foram detidas, muitas delas após desafiarem o toque de recolher na noite de segunda-feira.

O Exército chileno confirmou a quarta noite seguida de toque de recolher na capital e região metropolitana, além de outras províncias. Em Valparaíso, o toque de recolher será próximo a 12 horas, se estendendo das 18h desta terça até as 5:30h de quarta-feira.

As aulas permaneceram canceladas nesta terça em escolas e universidades, enquanto somente uma linha de metrô funciona em Santiago. Filas se formam nas estações ativas e em pontos de ônibus que substituem as rotas do metrô, enquanto muitos tentam manter a rotina, apesar das recomendações para não sair de casa.

Em tom de mudança de discurso, o presidente Sebastián Piñera havia anunciado ainda na noite de segunda-feira a disposição para o diálogo, após ter afirmado que o Chile estaria "em guerra", devido aos manifestantes violentos.

Nesta terça, ele convocou uma reunião com diversas lideranças políticas, entre elas de partidos da esquerda, para formar um "novo contrato social", com o objetivo de conter os protestos. Porém, todos os partidos de oposição da esquerda se recusaram a se encontrar com Piñera, alegando que o governo falhou em garantir direitos humanos aos manifestantes, além de fornecer detalhes sobre as circunstâncias das mortes dos manifestantes. (com agências internacionais)