Como lidar com piadas maldosas

É preciso se posicionar e ter uma melhor compreensão do que está acontecendo

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  • Do Estúdio

Publicado em 15 de setembro de 2018 às 00:00

- Atualizado há um ano

. Crédito: Shutterstock

Perco o amigo, mas não perco a piada. O jargão traz, na sua essência, uma questão que tem sido cada dia mais discutida: o respeito ao próximo. Você já se perguntou se a brincadeira que faz com seu amigo ou colega de trabalho é de fato engraçada para ele? 

Podem parecer inofensivas, mas muitas vezes as palavras ditas agridem física ou psicologicamente. E se forem expressadas repetidamente, se caracterizam como bullying, termo que se refere a todas as formas de atitudes agressivas, sem motivação evidente, com o objetivo de intimidar outra pessoa.

Além de ocasionar isolamento social, o bullying pode trazer algum tipo de trauma que influencie até no comportamento do agredido. "O bullying rotula e é algo que marca muito a personalidade da pessoa.  E isso não interfere somente enquanto criança ou adolescente. O adulto também carrega as mágoas e cria pensamentos disfuncionais, com complexos de inferiorirdade. Isso atrapalha muito a vida de uma pessoa. Ela cria uma auto imagem negativa", explica Patrícia Guimarães, psicóloga do Hapvida.

Neste processo, é extremamente importante haver o acompanhado de um terapeuta para que a pessoa não carregue tantas marcas e saiba se posicionar diante do preconceito. "Tem de se cuidar e se tratar, procurando elevar o pensamento, saber enfrentar isso. O preconceito social existe, mas a pessoa tem de se posicionar e ter uma melhor compreensão do que está acontecendo", ressalta a psicóloga.

Aceitação Foi assim com o paratleta cearense Elione Sousa. Logo após sofrer amputação da perna em decorrência de um acidente de trânsito, há oito anos, ele evitava sair de casa para não escutar piadas sobre sua nova condição física. Se incomodava ao ser chamado de aleijado ou ouvir risadas por conta do jeito de caminhar. Aos poucos, foi entendendo e se aceitando, a ponto de não se importar mais com os comentários maldosos.  "Não deixo de viver minha vida. O meu maior objetivo é estar feliz", diz o paratleta Elione Sousa (Foto: Divulgação) "O bullyng acontece, mas minha visão diante dele é diferente. A gente quando tem este medo, começa a se isolar. Não querer sair na praia porque não tem coragem de colocar uma sunga, vergonha de entrar na água. São barreiras que colocamos preocupados como as pessoas vão pensar ou nos tratar", explica Elione. 

Com o tempo, ir à praia deixou de ser uma aflição para ele. "É um desafio do momento de tirar o short e ficar de sunga até a hora de entrar na água saltitando. Chama muito atenção. Hoje eu sou muito tranquilo. Não tenho vergonha alguma de ir à praia. Por conta de minha reação, de encarar tão naturalmente a minha deficiência, as pessoas não têm nem coragem de comentar. O esporte me deu esta autoconfiança. Não tinha mais como me esconder atrás da deficiência. Arranjar desculpas. Não deixo de viver minha vida. O meu maior objetivo é estar feliz", pontua o paratleta.

 

Para a psicologa, o segredo é justamente esse: "Se posicionar melhor para adquirir o respeito que precisa ter dentro de um grupo. Mostrar suas capacidades e potenciais e não valorizar muito aquelas situações pontuais. Não se deixar abaixar a cabeça, deprimindo com qualquer palavra preconceituosa em relação ao corpo, cabelo, questões sociais e tantos outros preconceitos que são, infelizmente, tão comuns"."Se posicionar melhor para adquirir o respeito que precisa ter dentro de um grupo. Mostrar suas capacidades e potenciais e não valorizar muito aquelas situações pontuais. Não se deixar abaixar a cabeça, deprimindo com qualquer palavra preconceituosa em relação ao corpo, cabelo, questões sociais e tantos outros preconceitos que são, infelizmente, tão comuns" Patrícia Guimarães, psicóloga do Hapvida

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