'Comoção popular não pode prejudicar a busca da verdade', diz advogado de Kátia Vargas

José Luis de Oliveira Lima já defendeu José Dirceu

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  • Thais Borges

Publicado em 3 de dezembro de 2017 às 06:15

- Atualizado há um ano

Desde abril de 2014, o escritório do advogado José Luis de Oliveira Lima está à frente da defesa da médica Kátia Vargas. Até passar para o escritório paulista, o caso foi conduzido pelos advogados baianos Vivaldo Amaral e Sérgio Habib. 

“Sou muito amigo de um compadre da família Vargas e por esse motivo fui chamado para atuar no caso”, explicou o advogado, em entrevista ao CORREIO. José Luis de Oliveira Lima tem projeção nacional desde que defendeu José Dirceu, ex-ministro da Casa Civil, no processo do mensalão.

Outros nomes do cenário político nacional já apareceram entre seus clientes, como o deputado Rodrigo Rocha Loures (que foi flagrado carregando uma mala com R$ 500 mil de propina que seria paga pela JBS) e o ex-presidente da OAS, Léo Pinheiro.

Em novembro, o julgamento de Kátia Vargas chegou a ser adiado porque o advogado José Luis de Oliveira Lima estava nos Estados Unidos, participando do júri do caso de corrupção da Fifa. 

'Eu não matei ninguém, foi um acidente que criou uma tragédia', diz Kátia Vargas

Nesta entrevista por e-mail, reproduzida na íntegra, Oliveira Lima defende que Kátia seja absolvida e critica a cobertura da imprensa no caso. “Ela se envolveu em um acidente, em uma tragédia, mas jamais teve a intenção de matar alguém. Katia é uma morta viva”, afirmou.  Advogado da médica Kátia Vargas, José Luis de Oliveira Lima defendeu José Dirceu no caso do mensalão (Foto: Divulgação) Por que Katia Vargas deve ser absolvida? Porque todas as provas que foram produzidas durante o inquérito e ação penal demonstram de maneira clara que Katia Vargas não atingiu as vítimas Emanuel e Emanuelle. Os laudos periciais demonstram que jamais ocorreu o toque do veículo de Katia com a motocicleta. Os depoimentos das testemunhas que tentaram incriminar Katia, na verdade, são contraditórios e fruto da criação intelectual das mesmas.  A poucos dias do julgamento, como tem sido a preparação de Katia Vargas pela defesa? Juntamente com os meus sócios Rodrigo Dall´Acqua e Daniel Kignel estamos lendo os depoimentos, os laudos e documentos para demonstrar aos jurados que integrarão o conselho de sentença a inocência de Katia Vargas, que tem acompanhado todo o nosso trabalho.  Desde o acidente, diferentes advogados já estiveram à frente da defesa de Kátia Vargas. O que motivou essas trocas?   Sou muito amigo de um compadre da família Vargas e por esse motivo fui chamado para atuar no caso.

O senhor já tinha atuado em um caso como o dela – de um acidente de trânsito que provocou comoção popular? Sim, em alguns casos. Registro que a eventual comoção popular não pode prejudicar a busca da verdade.

O fato de se tratar de um júri popular – inclusive, o Tribunal de Justiça do Estado da Bahia está distribuindo senhas para os interessados em assistir – mudou ou influenciou algo na estratégia da defesa? A nossa preocupação é uma só: estudar o processo nos mínimos detalhes para demonstrar ao júri a inocência de Katia Vargas. A distribuição das senhas é uma determinação da magistrada que tem demonstrado muito cuidado na condução desse julgamento. A nossa única estratégia, após o exame do processo, é demonstrar a verdade. Temos confiança que o corpo de jurados, após analisar todos os depoimentos e provas que foram produzidas na ação penal, irá concluir pela absolvição de Kátia.  Ao longo desses anos, Kátia Vargas foi muito julgada pela população. Sua imagem ficou marcada no imaginário das pessoas que acompanharam o caso. O senhor se preocupa com a possibilidade de isso interferir no julgamento?  Katia foi vítima de um massacre por uma parcela da imprensa, que preferiu produzir matérias sensacionalistas ao invés de simplesmente relatar e noticiar os fatos. Essa parcela da imprensa julgou, condenou e sentenciou Katia Vargas mesmo antes dela ser até denunciada. Há a necessidade de se fazer uma reflexão sobre a cobertura desse caso.   Katia é uma mulher de 49 anos, de reputação ilibada, nunca teve qualquer mancha, qualquer mácula em sua vida. Ótima mãe, esposa e filha. Ela se envolveu em um acidente, em uma tragédia, mas jamais teve a intenção de matar alguém. Katia é uma morta viva. Depende de tratamento psiquiátrico e de remédios.  Nas redes sociais, nas últimas semanas, algumas pessoas começaram um movimento pela liberdade dela, compartilhando fotos e mensagens. Vocês têm conhecimento dessas ações? Têm acompanhado de alguma forma?  O que eu vi foram manifestações defendendo um julgamento justo, imparcial, sereno. Por outro lado, fiquei impressionado com algumas mensagens pedindo um linchamento de Katia. Linchamento não é justiça. Me assusta pessoas defenderem que Katia deveria ser linchada em praça pública. Que mundo é esse? Isso é Justiça?