Conab: Brasil terá uma das maiores safras da história

Segundo o órgão, a Receita Bruta da produção de grãos no país deve subir 37,3% 

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  • Georgina Maynart

Publicado em 12 de outubro de 2018 às 06:00

- Atualizado há um ano

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Uma estimativa otimista, com tendência de alta acima da média e números bem próximos aos recordes históricos das safras anteriores. É o que projeta o 1º Levantamento das safras de grãos divulgado hoje pela Companhia Nacional de Abastecimento (CONAB) para 2018/2019. De acordo com as informações, na próxima temporada a produção de grãos no Brasil terá uma variação positiva de 2,5% a 4,7% em relação a safra anterior. A estimativa indica um volume entre 233,6 a 238,5 milhões de toneladas.

Se a estimativa se confirmar, vão ser 10,6 milhões de toneladas a mais, e um crescimento de 4,7% frente a colheita anterior. O número se aproxima do recorde de 238,8 milhões de toneladas da safra 2016/2017.  O levantamento traz os dados detalhados com as projeções de quinze culturas: algodão, amendoim, arroz, aveia, canola, centeio, cevada, feijão, girassol, mamona, milho, soja, sorgo, trigo e triticale. “Se todos os agricultores do Brasil plantarem todas as áreas que estão sendo aí colocadas, o Brasil terá a sua maior safra da história”, afirma o Ministro da Agricultura, Blairo Maggi.

A CONAB é responsável por regular os estoques de alimentos do país. Através das informações enviadas pelos próprio produtores, os técnicos monitoram o desenvolvimento das principais culturas, acompanham a formulação de políticas públicas e verificam como estão os estoques de abastecimento.

Os números indicam que o país mantém a vocação para ser um dos maiores produtores de alimentos do mundo. “A estimativa para a safra 2018/2019 revela que o Brasil produz para o mundo sem desabastecer o país”, afirmou o presidente do órgão, Marcelo Bezerra.

Soja A soja lidera a lista e deve continuar mantendo a tendência de crescimento, com até 2,9% a mais em relação à safra passada. O grão pode alcançar uma produção de até 119,4 milhões de toneladas. Um dos fatores que pode impulsionar a produção é o incremento da área produtiva, que deve subir de 35,4 milhões de hectares para 36,2 milhões de hectares.

Na Bahia, os agricultores começaram a plantar a soja nesta semana. O plantio está começando antes mesmo dos agricultores escoarem toda a safra anterior, estimada em mais de 6,5 milhões de toneladas.

Milho O Milho vem em seguida, com 91,1 milhões de toneladas. Vários fatores são vistos como promissores para a cultura, entre eles os reflexos da taxa de câmbio e as oscilações nas exportações para o mercado chinês.

Algodão No caso do algodão, o bom desempenho das cotações da pluma, tanto no mercado interno quanto no externo, estimulou os produtores a investirem na lavoura. Os números projetam uma variação positiva entre 3,9% e 15,7%.

Na Bahia, a área de plantio deverá ter um incremento de até 320 mil hectares, o que representa uma variação de 21,4% em relação à safra passada. O cultivo tem previsão para começar entre novembro e dezembro

Arroz A estimativa é de uma produção de arroz menor do que a obtida na safra passada, devendo variar entre 1,7% e 8,4%.

Na Bahia, o arroz é cultivado nas regiões do Rio Corrente e Rio Grande, no Oeste do estado. Em geral, os agricultores utilizam áreas recém-abertas, devido, principalmente, à tolerância à acidez do solo. A estimativa é de manutenção de áreas cultivadas em relação à safra anterior.

Feijão O feijão, um dos principais alimentos do cardápio do brasileiro, segue com a tendência de queda já registrada nas safras anteriores. Na primeira safra de feijão a área deve ser reduzida em até 9,5%. A cultura vai perder mais área para o milho e para a soja, que apresentam melhores rentabilidades para o agricultor.

Na Região Nordeste, somente a Bahia tem produção de feijão-comum cores na primeira safra. Este tipo de feijão é cultivado principalmente pela agricultura familiar, que destina parte da produção para o consumo da própria família e a outra parte para o plantio da próxima safra ou para a comercialização. A previsão para o início do plantio é a partir de novembro. Já o feijão caupi deve ocupar até 100 mil hectares, no oeste do estado, registrando uma variação negativa de até 15,8%.

Trigo Na Bahia, as plantações de trigo estão concentradas no Extremo Oeste. A área cultivada será de aproximadamente 5 mil hectares, segundo a CONAB. O sistema de produção é irrigado e o potencial produtivo é alto, com expectativa de produtividade média de 6.000 kg/ha. No Nordeste, as lavouras baianas de trigo são as únicas que aparecem no levantamento do Ministério da Agropecuária e do Abastecimento (Mapa).

Outros cultivos Outras culturas também se destacam com a estimativa de aumento da produção. Entre elas estão o amendoim e o girassol.

Bahia x Brasil A produção geral de grãos na Bahia segue a projeção nacional e em alguns casos até ultrapassa. De acordo com o levantamento, a área plantada no estado deve crescer entre 1,4% e 2,2%. As lavouras podem chegar a ser até 13,9% mais produtivas, e o volume de produção pode variar entre 11,9% e 15,6% para cima.

Clima As previsões climáticas ganharam destaque no estudo. A variação no clima é apontada como o maior risco para a agricultura atual. Os principais centros internacionais de Meteorologia indicam que existe uma probabilidade superior a 60% de uma nova ocorrência de El Niño. O fenômeno deve atuar ainda no final da primavera de 2018 até o início do verão.

Entretanto, dizem os especialistas, existe uma grande possibilidade dele perdurar por uma curta duração, com intensidade baixa ou moderada. O El Niño é causado pela alteração da diferença da temperatura entre o Oceano Pacífico e a América. Ele modifica o regime de chuva e a temperatura. Em geral provoca chuvas acima da média no Sul do Brasil, e abaixo da média no Nordeste. Situação que para a agricultura significa grandes prejuízos.

Receita bruta A pesquisa também aponta quanto o setor agrícola deve faturar com a próxima safra. Segundo o Mapa, a receita bruta dos produtores rurais brasileiros de algodão, arroz, feijão, milho e soja na safra 2018/2019 devem atingir um total de R$ 228,21 bilhões. O volume estimado é 37,3% maior do que o registrado entre 2016/2017. A alta dos preços é apontada como um dos principais fatores para o crescimento do faturamento.