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Priscila Natividade
Publicado em 11 de novembro de 2019 às 06:00
- Atualizado há 2 anos
Para inaugurar a Taytus Burger and Beer, a empreendedora Thais Ribeiro precisava de crédito para capital de giro, estoque, transporte e salário dos funcionários. O dinheiro que faltava para fazer a hamburgueria localizada no bairro de Brotas começar a operar estava na contratação de um microcrédito que pudesse viabilizar estas despesas. “Não é fácil abrir uma empresa. Tive um pouco de dificuldade devido a muitas taxas e obrigações tributárias. Foram quatro meses de reforma, obras, choro e desespero. Mas eu consegui”, relembra.>
E com a aproximação do final do ano, aumenta também as despesas de quem tem uma empresa. Por isso, a reportagem levantou 10 linhas de crédito para microempreendedores individuais (MEIs) e pequenos negócios. Foram encontradas taxas que variam entre 0,85% (Banco do Brasil) a 2,84% (Lendico) ao mês. Os prazos podem chegar a até 60 meses. Há linhas, inclusive, com carência de seis meses para o pagamento da primeira parcela (confira os detalhes abaixo). >
Os empréstimos devem ser utilizados na dose certa. Isso se refere à quantidade, ao montante, taxas e aos prazos. No caso de Thais, o investimento total foi em torno de RR$ 40 mil, que ela espera rever em um período de seis a nove meses. “É uma fase em que a gente tem que manter a cautela, estabelecer as metas financeiras de curto e longo prazo para poder arcar com as parcelas do crédito”, afirma. >
Para o especialista em vendas e fundador da MR16, Marcelo Reis, a empreendedora está no caminho certo. “Ter um plano de negócios bem feito ou uma promoção bem planejada, que traga um aumento nas vendas para seu negócio é a melhor estratégia para ter um retorno grande o suficiente que pague o empréstimo e, além disso, dê lucro sobre esta operação”.>
Dinheiro eficiente>
No final das contas o importante é que o empréstimo funcione como uma alavanca que impulsione o negócio, como destaca o diretor de Marketing da Bom pra Crédito, Felipe Lemos. A plataforma ajuda a pesquisar diferentes ofertas de crédito de acordo com o perfil, comparar e escolher a mais adequada. >
“Sempre pesquise as opções de crédito disponíveis. Verifique outros custos embutidos como tarifa de cadastro e também considere o prazo para pagamento, a carência para pagar a primeira parcela, o valor de cada parcela e a necessidade de garantias como automóveis ou imóveis”, aconselha.>
Para usar o crédito ao seu favor, vale também fazer uma versão otimista do plano financeiro e outra um pouco mais realista. “Persiga a otimista como a sua meta, mas garanta que você terá retorno e caixa na versão realista”, completa Lemos.>
Mercado de crédito>
As instituições financeiras estão cada vez mais dispostas a destinar recursos a estes empreendedores. No Banco do Nordeste, por exemplo, a linha de microcrédito Crediamigo, só neste ano, expandiu sua operação em mais de 30% na Bahia. Em 2019, o Crediamigo espera chegar a R$ 1,4 bilhão no estado - cerca de R$ 350 milhões a mais que em 2018.>
“Nesta época do ano, Natal, a demanda aumenta em mais de 50% para nossos clientes. Serão quase 600 mil operações de crédito para cerca de 300 mil clientes em toda a Bahia”, avalia o gerente de microfinanças do banco, Yury Meira Chaves. >
O Santander é outro banco que em breve deve ampliar sua oferta de crédito como adianta o superintendente executivo do segmento Empresas da instituição financeira, Luís Ricardo de Souza. “Além de garantir os recursos necessários no momento mais desafiador, criamos um programa para apoiar o crescimento dos clientes”. >
ONDE USAR O CRÉDITO?>
Capital de giro O capital de giro é o recurso necessário para bancar o funcionamento da empresa. Ele garante o dinheiro para o financiamento das vendas à prazo e assegura o pagamento de fornecedores, por exemplo. >
Investimento O empreendedor pode investir na compra de equipamentos, reforma, matéria-prima, estoque e até mesmo em usar este dinheiro para promover campanhas de vendas ou quitar o pagamento do 13º dos funcionários. >
Antecipação Com a antecipação dos pagamentos a receber, o empreendedor pode ter mais dinheiro no caixa e dar fluxo financeiro ao seu negócio.>
ESC É ALTERNATIVA DE CRÉDITO MAIS BARATO PARA OS PEQUENOS>
Após o Senado aprovar no primeiro semestre do ano, o projeto que cria a Empresa Simples de Crédito (ESC), o segmento que se propõe melhorar o acesso ao crédito mais barato para os pequenos negócios tem na Bahia, até o momento, 8 unidades registradas com um montante disponível para liberação de mais de R$ 5 milhões.>
Os dados são do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae-BA). As ESCs baianas estão localizadas em Salvador, Feira de Santana e Lauro de Freitas e são voltadas exclusivamente para atender a microempreendedores Individuais (MEI), micro e pequenas empresas. >
Entre as operações de crédito que uma ESC pode fazer estão a oferta de empréstimos, financiamentos e o desconto de títulos de crédito, como explica a analista do Sebrae Bahia, Liliane Rocha: “A facilidade no acesso e o pleito por um valor de operação menor são algumas das características desse tipo de crédito. É importante pesquisar e ver as condições oferecidas neste mercado, buscando sempre as melhores condições para atender a sua necessidade de capital na sua totalidade”. >
As ESC nasceram por conta das dificuldades que os pequenos enfrentam para conseguir crédito. Regulamentada pela Lei Complementar nº 167, sancionada no dia 24 de abril de 2019. >
A ESC não é banco e não pode emprestar dinheiro a pessoas físicas, como reforça a especialista. “Antes de contratar qualquer linha de crédito o empreendedor precisa monitorar o fluxo de caixa diariamente, promover ações para conquistar e manter clientes e reduzir também custos desnecessários”, orienta. >
DEZ OPÇÕES DE LINHAS DE CRÉDITO>
1. Banco do Nordeste As taxas variam de 0,99% a 2,2% ao mês (a.m). O prazo varia de 2 a 24 meses, dependendo da finalidade. Para contratar, basta ter alguma atividade produtiva e formar um grupo para obter o crédito solidário.>
2. Caixa As taxas são a partir de 0,99% a.m. (capital de giro), 1,20% a.m (investimento) e 1,59% a.m (antecipação de recebíveis). Os prazos de carência e de pagamento que variam de acordo com a linha de crédito. >
3. Banco do Brasil A instituição financeira também tem linhas específicas para capital de giro, antecipação de recebíveis e investimentos. A linha BB Financiamento, por exemplo, oferece prazo de 60 meses, taxa a partir de 0,85% a.m. e carência de até 6 meses.>
4. Santander Para capital de giro, as taxas são a partir de 1,75% a.m. Giro Recompensa e Giro Bonificado têm taxas que dependem do relacionamento do cliente com o banco. Por outro lado, a antecipação de recebíveis permitem a pagamentos com agendas de três a 360 dias. >
5. Nexoos A Nexoos é um marketplace lending, que conecta empresas a investidores. As taxas de juros são a partir de 22% ao ano (a.a) e o prazo é de até 24 meses, mas isso depende muito do perfil de cada empresa. >
6. BNDES O banco conta com três linhas de crédito para este segmento: o Crédito Pequenas Empresas, Cartão BNDES e BNDES Microcrédito. No caso do BNDES Microcrédito, por exemplo, os recursos podem ser obtidos por microempresas ou microempreendedores individuais com faturamento de até R$ 360 mil. As condições financeiras (taxa, prazo e participação) são negociadas entre o agente operador e o cliente, não podendo passar de 4% ao mês. >
7. Sicoob Na Sicoob Bahia as taxas de operação de crédito para os pequenos são de 2,26% a.m e para os microempreendimentos, 2,55% a.m. Os limites variam conforme disponibilidade de recursos da cooperativa e avaliação de risco. >
8. Itaú Unibanco A linha para Capital de Giro tem taxas a partir de 0,89% a.m. com pagamento em até 60 meses e até 90 dias para pagar a primeira parcela. Já a Antecipação de Recebíveis tem taxas a partir de 0,80% a.m., com prazo máximo de 360 dias.>
9. Lendico A fintech oferece empréstimo para pessoa física, porém o empreendedor pode pedir empréstimo para seu negócio, investir na ampliação de um empreendimento, renovar estoque, melhorar o capital de giro. As taxas são a partir de 2,84% ao mês, na faixa de R$ 1 mil a R$ 50 mil com prazos de até 36 meses. >
10. Bradesco Entre as linhas disponíveis estão, o Giro Fácil (a partir de 1,46 a.m), BNDES Micro e Pequena Empresa (TLP/ Selic + 1,45 a.m + 5,0 a 7,0 a.a) e o Microcrédito Produtivo Orientado (2,79% a.m).>
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