Conheça a trajetória de Cid Teixeira, guardião da memória da Bahia

Historiador e professor morreu em casa na manhã desta terça-feira (21)

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  • Carolina Cerqueira

Publicado em 22 de dezembro de 2021 às 05:00

- Atualizado há um ano

. Crédito: Haroldo Abrantes/Arquivo Correio

A voz grave e imponente de locutor de rádio (ou de tenor, como diziam amigos próximos) se calou. Morreu nesta terça-feira (21), em sua casa, na Pituba, o professor e historiador Cid Teixeira, considerado o guardião da memória da Bahia. A causa da morte não foi divulgada, mas o professor nonagenário teve uma passagem tranquila, enquanto dormia. Viúvo, deixou um filho, Afonso, e três netos. O enterro será hoje, às 16h30, no cemitério do Campo Santo.

Advogado de formação, professor por vocação, e ainda historiador, radialista e ex-repórter do Diário da Bahia, Cid Teixeira era uma referência para pesquisadores, jornalistas e interessados na história colonial baiana, principalmente nos bastidores, nos ‘causos’ pitorescos sobre as personalidades históricas. O admirado intelectual estava recluso da vida pública há alguns anos, vivendo na companhia da família, da rica biblioteca de cerca de 14 mil títulos e da coleção de discos de vinil, com 15 mil itens. 

Em 2014, ele sofreu uma queda, passou um período internado e ainda enfrentava as sequelas do acidente. Também era diabético e havia recebido o diagnóstico de Alzheimer, uma ironia do destino, já que a memória prodigiosa era umas das suas principais características.

Mais de 90 primaveras

A idade do professor rende um dos seus famosos ‘causos’. Segundo o jornalista Guilherme Tavares, filho do também historiador baiano Luís Henrique Dias Tavares, já falecido e grande amigo de Cid, o soteropolitano nascido na parte insular da capital, a Ilha de Maré, tinha 96 anos e, não, 97, como consta nas notícias sobre sua morte. Isso porque o mestre possuía dois registros de nascimento. “O professor Cid, na verdade, nasceu em 1925, então tinha 96 anos. Foram dois registros, um do nascimento e outro que veio depois com uma segunda emissão de certidão, na época do ingresso na escola, que acabou lhe concedendo um ano a mais de vida”, conta Guilherme. 

Cid era o primeiro dos cinco filhos de Cidália e José Teixeira. Ele veraneava no continente (para onde mudou-se posteriormente), principalmente nas praias de Amaralina e Itapuã, sempre na companhia de seus livros. “Ele dizia, com aquele humor característico, que era do tempo em que Salvador terminava em Amaralina porque, para ir até Itapuã, era preciso pegar uma embarcação. Ele falava com aquele vozeirão dele de tenor: ‘Meu filho, eu sou do tempo em que se vendia cuscuz a metro’”, lembra o jornalista e escritor Elieser César. 

Dos bairros e ruas de Salvador ele entendia bem. E não só dos grandes fatos, mas dos detalhes, das pequenas histórias, dos bastidores e até das fofocas. Em ‘Retratos da Bahia’, Pierre Verger narra que ao chegar a Salvador, em 5 de agosto de 1946, a bordo do navio Comandante Capela, “um companheiro de viagem me revelava os mistérios da cidade alta e da cidade baixa”. Pois esse companheiro era Cid Teixeira, que voltava do Rio de Janeiro para casa.

Cid Teixeira, recordam os amigos, que além do contato com Verger, também era íntimo do artista plástico Carybé e foi estagiário da escritora e poeta Cecília Meirelles durante sua estadia no Rio, mesmo sendo detentor de um vasto conhecimento, não era do tipo que empinava o nariz. Ele recebia a todos que o buscavam em sua casa e a voz intimidadora não revelava uma natureza arrogante, ao contrário, ele era leve e cuidadoso. Compartilhar o imenso conhecimento acumulado era motivo de prazer para o professor amante de uma boa prosa e que levava a história da Bahia a todos os cantos por onde passava, desde as salas de aula até os auditórios onde fazia palestras, passando pelos programas de rádio que apresentou. Com o tempo, tornou-se ele mesmo figura histórica, uma celebridade da cultura baiana, inclusive estrelando comerciais na TV.  Professor por vocação, Cid Teixeira também fazia muitas palestras sobre a história baiana (Foto: Carlos Catela/Arquivo Correio) Trajetória de vida

Cid Teixeira estudou na Escola Visconde de São Lourenço e no antigo Ginásio da Bahia (o Colégio Central). Ingressou na faculdade de Direito da Universidade Federal da Bahia (Ufba), onde formou-se em 1948. Nunca exerceu a advocacia, a sua paixão sempre foi história. A trajetória dele como historiador começa no Instituto Histórico e Geográfico da Bahia  (IGHB) ainda na infância, quando era levado pelo padrasto para a sede da entidade, na Avenida Sete de Setembro. 

Quem conta essa história é o atual presidente do IGHB, Eduardo Morais. “Cid conviveu aqui no instituto durante muitos anos porque era enteado do professor Francisco Conceição Menezes, que foi secretário do Instituto Histórico e Geográfico. Então, quando ele vinha trabalhar aqui, trazia Cid para estudar”, explica.  Eduardo Morais ressalta a importância do ‘método Cid Teixeira’ de ensinar história, sem academicismos e com linguagem acessível, o que ajudou a popularizar muitos dos saberes sobre o estado e a capital.

As primeiras aulas de Cid Teixeira como professor foram ministradas no Colégio Salvador, na Barroquinha. Já em 1946, ele foi auxiliar de ensino da Escola de Belas Artes da Ufba, na cadeira de História da Arte. Foi também professor da Faculdade de Filosofia e  Ciências Humanas (FFCH) da Ufba, vindo a integrar, posteriormente, o Departamento de História, até se aposentar, em 1989. Foi ainda professor na Universidade Católica do Salvador (UCSal). 

Ele presidiu a Fundação Gregório de Mattos (FGM). Em nota, o atual presidente da entidade, o autor e diretor teatral Fernando Guerreiro, disse que Cid Teixeira, era um "grande professor, apaixonado pela nossa história e pelo nosso povo. Ele dedicou sua vida a entender e explicar para seus milhares de alunos e admiradores o nosso modo de ser e de viver. Através dele nos reconhecemos enquanto baianos, particulares e apaixonantes”. 

Acadêmico homenageado

Desde de março de 1993, Cid Teixeira ocupava a cadeira 19 da Academia de Letras da Bahia. Atual presidente da Academia e antropólogo, Ordep Serra fez amizade como historiador quando ambos eram professores FFCH. “Eu ficava fascinado com aquela figura generosa, sábia e bem-humorada”. Sobre a perda, o antropólogo diz que a instituição lamenta enormemente e que prestará as devidas homenagens nos próximos dias. “A gente praticamente não acreditava, apesar do estado de saúde dele, que ele pudesse morrer. A sensação que temos é que fica faltando um pedaço da Bahia”, afirma Ordep Serra. Ele se refere a Cid como ‘lenda’, pelos seus inúmeros conhecimentos históricos sobre o estado, que foram muito compartilhados ao longo de sua vida.

Pelas enormes contribuições no campo científico, Cid Teixeira foi condecorado com a Medalha Tomé de Souza em 1992, mais alta honraria concedida pela Câmara Municipal de Salvador. Em 2013, ele também recebeu a Comenda 2 de Julho, da Assembleia Legislativa da Bahia. Em outubro de 2017, cerca de 80 pessoas acompanharam, no auditório do IGHB, a exibição do Documentário ‘Cid Teixeira - Enciclopédia da Bahia’, com direção de Roberto Gaguinho. E, em 2019, ele foi um dos homenageados com a Medalha e o Diploma do Mérito Bernardino de Souza, do IGHB. Cid Teixeira (o do meio) se formou em Direito pela Ufba em 1948 (Foto: Claudionor Junior/Reprodução/Arquivo Correio) O professor também participou do filme Bahêa Minha Vida, lançado em 2011. Na produção, falou sobre a criação do clube e faz uma análise do hino do Bahia, composto pelo educador Adroaldo Ribeiro Costa, que era seu amigo. Também fala da época da criação do clube (na década de 1930) e dos atletas que atuaram no time.

Detentor de múltiplos talentos, Cid Teixeira implantou o Serviço de Rádio Educação da Rádio Educativa da Bahia; e lançou o programa ‘Pergunte ao José’, em 1967, na Rádio Cruzeiro da Bahia, respondendo dúvidas dos ouvintes sobre a história local. Em entrevista ao CORREIO, em 2002, quando perguntado se algum título recebido em sua vida acadêmica o emocionava, a resposta veio rápida e em autêntico baianês: “Tenho um orgulho retado é de ser radialista”. 

Além do Diário da Bahia, como jornalista também atuou em A Tarde, foi editorialista do Jornal da Bahia e redator-chefe da Tribuna da Bahia. Tem centenas de artigos publicados em jornais e revistas, além de livros como Bahia em Tempo de Província (1986); História do Petróleo na Bahia (2001) e Salvador: História Visual (2001).

Ernesto Marques, presidente da Associação Baiana de Imprensa (ABI), comentou a morte do professor. “Como comunicador e historiador, fez muita gente começar a gostar de história e conhecer melhor a história de Salvador e da Bahia. E isso tudo com um jeito genuinamente encantador e verdadeiramente baiano. Cid representa uma vida que a gente deve reverenciar para sempre com muita alegria, sobretudo, por ter tido a oportunidade de conviver com ele ou simplesmente conhecer o trabalho dele de alguma forma. Fica um legado fantástico e o desafio de manter e compartilhar o acervo existente sobre a história da Bahia. Não podemos deixar que todos os documentos que ele acumulou ao longo de sua vida sejam degradados”, disse.

Importância para o jornalismo

Elieser César, que além de escritor também é jornalista, conta que entrevistou Cid Teixeira diversas vezes, coisa não rara de se ouvir dos profissionais da área. “Foi uma fonte para todos os jornalistas durante décadas, aquela carimbada. Se Cid não soubesse, ninguém mais sabia. Sempre afável, bonachão, disponível, ajudava no que era possível. Ele conhecia como ninguém as ruas e bairros de Salvador. Seria muito lindo se ele ganhasse uma rua em sua homenagem. Seria mais que merecido”, diz. 

Alexandre Lyrio complementa que todos os jornalistas que o entrevistaram devem ser eternamente gratos e que da boca de Cid só saía coisa boa. “Ou uma história nova que ninguém conhecia ou um outro olhar sobre uma história que todo mundo conhecia ou ainda a contestação de uma história que todo mundo achava que era de um jeito e ele dizia que era de outro”, destaca. 

A jornalista Andreia Santana diz que perdeu as contas de quantas vezes foi até a casa do professor Cid para ouvi-lo: “O professor Cid era extremamente generoso ao doar conhecimento. O gabinete de sua casa, na Pituba, onde recebia repórteres ávidos em aprender sobre a história baiana, era um lugar quase mágico. Conversávamos cercados de seus muitos livros, alguns raros. Ele sempre contava a parte pitoresca da história, que dava o ‘molho especial' na matéria e te indicava dezenas de boas fontes documentais e para outras entrevistas, onde você podia investigar mais a fundo o tema. Antes de começar a apuração de qualquer pauta histórica, ir à casa do professor Cid era como pedir a benção para espiar por trás do véu do passado”. 

Hagamenon Brito, jornalista e crítico cultural, foi aluno de Cid Teixeira na FFCH na década de 1980. “Quando eu soube da notícia da morte, eu logo lembrei das aulas que tive com ele. Faz parte daquele grupo de professores que a gente guarda com carinho na memória. Era o professor no sentido mais amplo do termo, daqueles que querem ajudar o aluno, que realmente quer passar o conhecimento e fazer ele ser absorvido”, diz.

“E ele era um contador de casos, até mesmo na sala de aula, o que motivava muitos alunos a acompanharem. Além do conhecimento científico como historiador, ele sabia dos pequenos casos e sabia como contá-los com uma narrativa oral admirável. Eram sempre aulas maravilhosas, nada monótonas. Era prazeroso para a gente e era notável que ele também tinha prazer em transmitir conhecimento”, completa. 

A jornalista Socorro Araújo publicou um texto em suas redes sociais em homenagem a Cid Teixeira:“O homem que nasceu na sempre cantada Ilha de Maré e fez 97 anos no mês passado já estava, fazia tempo, sem fazer o que mais gostava: contar em livros ou em aulas ou em entrevistas as histórias desta cidade da Bahia.Das suas ruas, dos seus becos, das suas festas, dos nomes de cada coisa....’Itaparica não é um nome de origem indígena, como Itapuã. Os portugueses deram ao lugar o nome de uma ilha parecida com uma de Portugal, Taparica. Com o tempo, o I.Taparica dos mapas virou Itaparica’. Ouvi isso uma vez naquele vozeirão de locutor que nos encantava. O velho corpo debilitado descansou hoje. Mas o professor Cid Teixeira vai continuar vivo nas histórias e nas memórias desta Bahia”. O jornalista Emiliano José também publicou uma homenagem:“Cid Teixeira: a voz da Bahia. Partiu nosso Cid. Era chegar, e sentia-se a grandeza. A voz grave, inconfundível. Por ano, possível ouvi-lo pela Rádio Educadora, a nos ensinar Bahia. Não apenas os grandes momentos da história, tão conhecidos deles, mas as singularidades de cada personagem, a vida como ela é. Alguns pensam ter descoberto agora essa forma de revelar a história. Besteira: Cid já o fazia havia muito tempo. Antes de historiador, um genial contador de histórias. Sem faltar profundidade. Sempre com bom humor. Nas andanças de repórter, Cid era sempre uma fonte indispensável. Quisesse saber origem daquela rua, daquela esquina, quisesse saber do brega, da independência da Bahia, fosse qual fosse a pauta, ele destrinchava, alegrava o repórter. E ainda tive a imensa satisfação de tê-lo como redator-chefe na Tribuna da Bahia, naqueles anos 1970. Parte. A Bahia está triste. Reconhecida espero do imenso valor de um homem inigualável. Pelo saber. Pelo cuidado, atenção a todos. Carinho. Ausência de qualquer arrogância. Sabedoria. Conhecê-lo, privar da amizade dele, imenso privilégio. Adeus, mestre”Contribuição para a Bahia

O escritor Nivaldo Lariú, autor pelo Dicionário de Baianês, lamentou a morte do historiador e lembrou da ajuda que recebeu de Cid Teixeira para seu livro. "Tive o prazer de conhecê-lo e de usufruir de sua sabedoria e seu conhecimento da história da Bahia", diz. "Ele foi importantíssimo para mim na elaboração do Dicionário de Baianês, com conselhos, reparos fundamentais na obra, empenho na ajuda ao meu trabalho e dicas que muito me ajudaram”.

Lariú relembra que o historiador chegou a ensiná-lo sobre as possíveis origens de inúmeros vocábulos. "Ele teve a paciência de ler e discutir comigo cada uma das quase 900 expressões que então compunham a 'boneca' do Dicionário, e me dando verdadeiras aulas sobre a provável origem de cada vocábulo", recorda.

Fernando Oberlaender, editor da Caramurê, responsável pela publicação dos livros de Cid, e amigo pessoal do historiador, lamenta a morte e reflete sobre o legado do historiador. "Ninguém sabia o que ele levou com ele. Cid conhecia como ninguém a história da Bahia, porque ele não estudava somente com os livros, mas fazia o trabalho de campo, foi ao povo baiano".

A última publicação da editora em homenagem a Cid Teixeira aconteceu em 2019, com a ‘Coleção Vida Bahia: O Livro das Histórias que Se Misturam’, formada por quatro volumes, na qual o pesquisador foi transformado em personagem, e voltado para o público infanto-juvenil.

Em 2001, a publicação de ‘Salvador: História Visual’ foi o que aproximou o editor de Cid Teixeira. A parte editorial foi, inclusive, publicada pelo CORREIO, ainda chamado na época de Correio da Bahia. "Ele era uma pessoa muito querida, muito amiga, serei eternamente grato por tudo que ele fez pela editora. Pessoalmente, foi um grande amigo e me atendeu em momentos muito difíceis. Estou abalado", diz.

Rafael Dantas, formado em História pela Ufba, explica que os trabalhos de Cid o marcou tanto que motivou a escolha da sua graduação. "Os livros dele que mais me marcaram foram as coleções disponibilizadas nas bancas de revista, desde que eu era pequeno, a história visual de Salvador e do estado. Hoje é um dia triste para a Bahia. Cid Teixeira merece todas as homenagens possíveis", diz.

Para Dantas, o destaque de Cid não está nas produções bibliográficas. "O destaque é para sua atuação enquanto divulgador da história da Bahia, por comunicar, por falar da História da Bahia de forma muito séria e embasada", acrescenta.

Amigo pessoal de Cid Teixeira, o arquiteto Chico Sena também falou sobre o legado do historiador. “Ele foi muito importante, principalmente, por resgatar a História de uma forma popular, acessível e encantando a todos. Tenho certeza que Cid despertou muita gente, assim como eu, a ter interesse pela Bahia e pelos nossos costumes”. 

Chico Sena conta que, além da relação de amizade, sempre foi um grande fã e apreciador da obra de Cid Teixeira, utilizando muitas de suas influências e até apelidando o historiador de ‘meu guru’. “Já cheguei até a pegar o ferry boat para assistir às palestras dele em Itaparica. Eu praticamente perseguia as palestras dele, porque me encantava”, relembra. Outra característica que marcou o arquiteto foi a voz de Cid, que segundo Chico, era potente ao ponto dele conseguir falar para um auditório inteiro sem precisar de microfone: “Era um vozeirão de professor com uma simpatia absoluta”.

‘Professor de todos os baianos’, é assim que o urbanista Ernesto Carvalho lembra de Cid Teixeira. “Ele recebia a todos com muito carinho e atenção. Cid aproveitava qualquer conversa para falar sobre História, então acabou sendo professor de muita gente. Quem quer que tenha ouvido o professor falar teve, não importa se por um minuto ou uma hora, uma aula sobre História da Bahia”. 

Ernesto Carvalho, que também é professor, foi apresentado a Cid quando ele estava à frente da Fundação Gregório de Mattos, mas não chegou a ser seu aluno formalmente. O que o impressiona até hoje é a quantidade de pessoas de diferentes perfis que procuravam o historiador, que chegou a dar palestras em congressos de médicos e radialistas. Ernesto também conta que, quando ainda era estudante de arquitetura, teve acesso ao arquivo de Cid: “Ele certamente fundamentou a minha carreira como historiador da cidade”, completa. Com o artista plástico Carybé, de quem era amigo  (Foto: Flavio Ribeiro/Arquivo Correio) Homenagens

Nomes da política baiana utilizaram as redes sociais nesta terça-feira (21) para prestar condolências e homenagens ao historiador Cid Teixeira. Através da sua conta no Instagram, o governador Rui Costa disse receber com profundo pesar a notícia do falecimento: “Cid atuou por muitos anos como professor e contribuiu para a preservação da memória do estado e do país, graças a seus registros valiosos”. Rui também aproveitou o post para prestar solidariedade a familiares e amigos. 

O ex-prefeito de Salvador ACM Neto, fez sua homenagem através do Twitter e destacou a importância da obra de Cid para o cenário local e nacional. “Exímio historiador que ajudou a formar muitas gerações de baianos com senso crítico e valores imprescindíveis, apresentando, de maneira singular, a história da Bahia para todo o país”, deixou registrado. 

“Lamento o falecimento do professor Cid Teixeira, verdadeiro guardião e difusor da história da Bahia, por tantas gerações. O seu legado seguirá mais vivo do que nunca entre nós”, afirmou Leo Prates, secretário municipal de Saúde, em seu Twitter. 

A deputada federal e presidente do PSB na Bahia, Lídice da Mata lembrou do período em que trabalhou com Cid, quando foi prefeita de Salvador, entre 1993 e 1996: “Por muito tempo, ele foi a nossa enciclopédia, tamanho era o seu conhecimento sobre as coisas da nossa terra”.

A também deputada federal pela Bahia, Alice Portugal (PCdoB) lembrou dos projetos do historiador que ajudaram a popularizar a cultura do estado para os baianos: “Uma grande perda para a cultura e para a história da Bahia e do Brasil. Professor da UFBA, Cid Teixeira implantou o Serviço de Rádio Educação da Rádio Educativa da Bahia. Conhecia a história do nosso estado como ninguém”. O PCdoB na Bahia também lamentou a morte de Cid e afirmou que “seu legado atravessará gerações”. 

A vereadora de Salvador Maria Marighella (PT) lembrou, no Twitter, da aproximação que o historiador tinha com estudantes e o reconheceu como uma das figuras mais emblemáticas da memória da Bahia: “Nesse momento em que violações à nossa memória, história e patrimônio avançam, nos solidarizamos com familiares e amigos e celebramos Cid e seu legado inspirador”.

A Ufba publicou em seu site que “ lamenta o falecimento do historiador Cid Teixeira, professor aposentado da Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas” e “se solidariza aos familiares, amigos, colegas, alunos e admiradores do professor Cid Teixeira”. Tema da reportagem de capa da edição de 04 de agosto de 2002 do suplemento Correio Repórter (Foto: Jornal Correio/Reprodução) CORREIO fez caderno especial há 20 anos

Cid Teixeira deu uma longa entrevista ao então  repórter Flávio Novaes, do CORREIO, em 2002, usada para compor a reportagem especial   ‘Senhor História’, tema  de capa da edição de 04 de agosto daquele ano, do  caderno Correio Repórter, o suplemento histórico-cultural publicado pelo jornal de  2000 a 2006, aos domingos; e dos produtos mais premiados na história do periódico.

Em seu perfil biográfico, que narrava toda a trajetória pessoal e profissional de Cid Teixeira,  sem afetação, com a simplicidade que lhe era característica e em um popular e bom baianês, o historiador afirmou categórico que de todos os títulos que recebeu na vida, "orgulho retado", ele tinha mesmo era de "ser radialista”.

Além da homenagem como tema de uma reportagem especial, Cid Teixeira também protagonizou uma matéria do CORREIO, no começo dos anos 2000, sobre sua invejável coleção de vinis. Bem disposto, ele viajou com a equipe de reportagem até Dias D´ávila, na Região Metropolitana, onde estava guardada parte da coleção de raridades.

O historiador também era uma espécie de consultor informal do Correio Repórter, sempre abrindo os caminhos da apuração das pautas do suplemento com sugestões de livros, de fontes para entrevistas e, claro, com os ‘causos’ pitorescos.

*Com a orientação da chefe de reportagem Perla Ribeiro e da subeditora Andreia Santana; e colaboração de Maysa Polcri e Luana Lisboa