Conheça brechós que nasceram na pandemia e se inspire para criar o seu

Negócios de roupas usadas se fortaleceram com e-commerce

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  • Da Redação

Publicado em 11 de abril de 2021 às 16:00

- Atualizado há um ano

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A pandemia mudou radicalmente os nossos hábitos, ressignificando comportamentos e formas de consumo. Houve uma explosão de brechós virtuais, o que fomentou com força o mercado de segunda mão. As pessoas começaram a desapegar por diversos fatores - mais tempo em casa, cortes salariais - e também a entender que comprar uma roupa de segunda mão é não somente sustentável mas também barata. Alguns negócios deram tão certo, que acabaram ganhando pontos físicos e vão poder funcionar, também, presencialmente. Reunimos também dicas, dadas por empreendedores, para quem pensa em montar seu próprio negócio. Poppy Bazaar  História - A ideia surgiu no meio da pandemia. Cristiane Freitas, que atua no ramo de hotelaria há 21 anos, convidou uma amiga, Ju Ferreira, que trabalhava com moda, para fazer um bota fora. “Tínhamos o espaço e os desapegos. O plano seria  desmontar no dia seguinte, mas foi ficando”, relembra. Em dois meses, acabou se consolidando de fato. “Já tinha tomado uma proporção tão  grande e tão rica em experiências que pareciam 2 anos”, conta. Depois de tudo legalizado, finalmente nasceu Poppy Bazaar que tem ponto físico no Porto da Barra. 

O negócio - A pandemia estimulou outras vertentes, como a possibilidade de dois negócios coexistirem em um mesmo lugar. “No espaço  tínhamos além do brechó, um restaurante mexicano (@lavistamexicano), que decidimos não reabrir momentaneamente por conta do momento delicado. Existe ainda a ideia de fundar um clube de gin, um espaço para estilistas baianos e uma galeria de artes. O Poppy Bazaar tem ainda o propósito de reforçar o conceito de sustentabilidade e desmistificar algum resquício de preconceito que ainda exista sobre comprar roupa de segunda mão”, explica Cristiane.

Desafio - “Estamos ainda no comecinho de tudo. Aprendendo a cada dia. Entendemos que o momento é das lives, e estou trabalhando nesse nicho”, explica Cristiane. Ela também tem o desafio de  conciliar o tempo com os outros negócios que administra. “No futuro, a grande meta é ver o brechó, o hotel e o restaurante operando juntos e em harmonia”, idealiza. Lavenda BrechóHistória - A estudante de música Bruna Dourado, depois de consumir muito em brechós, decidiu que poderia vender seus próprios desapegos e se aprofundar em sua paixão que é a moda. Iniciou através do marketplace Enjoei, mas percebeu que poderia fazer isso de forma independente e, em dezembro de 2020, criou o Lavenda. Quando o negócio começou a crescer, a amiga Yasmim Muniz, estudante de Direito, entrou como sócia do brechó. “Me juntei a Bruna e criamos uma sociedade, que fortaleceu, além de nosso lado de empreendedoras, também nossa amizade”, revela Yasmin. 

O negócio - A união das amigas influenciou até a organização das vendas. Elas criaram uma coleção chamada “Desapego” que é dividida em duas partes: a primeira contendo os desapegos de Bruna e a segunda, de Yasmin. Estabelecer uma estratégia de comunicação e ampliar o público com apoio de outros brechós foram formas que as sócias usaram para estruturar o negócio, se adaptando a um contexto pandêmico. “Com a instauração do lockdown por causa da segunda onda de contágios, vimos que as pessoas passaram a ter maior preferência por compras online, isso influenciou muito no aumento da demanda. Com o passar do tempo e com o apoio de outros brechós, nosso público continuou crescendo” , explica Yasmim.

Desafio - As amigas empreendedoras iniciaram o negócio sem saber muito e foram aprendendo à medida que ele evoluiu. Foram muitos desafios, desde criar a imagem e estética do brechó, trabalhar em meio a uma pandemia, aprender sobre engajamento e divulgação, até organizar o tempo das duas entre o trabalho e os estudos. Tudo acabou sendo um grande aprendizado e Yasmim faz questão de passar as dicas de superação dos desafios: “Não permaneça na ignorância! Pesquise sobre o seu ramo do brechó e seus outros conceitos importantes, como moda sustentável, slow fashion etc.. Não perca a paciência. Os resultados que você espera não vão aparecer de uma hora pra outra”. Segundo ela, estar aberto para o novo, ampliar a comunicação e estudar sobre o que se faz são regras de ouro para empreendimentos em qualquer momento. Fenty da Bahia 

História - Dois irmãos criativos e apaixonados por moda, Jessica e Tiago Dias, uniram forças para arquitetar o brechó Fenty da Bahia em agosto de 2020. “A pandemia fez surgir a necessidade de expandir as atividades financeiras e os processos criativos de ambos”, conta Tiago. Eles foram afinando o garimpo, buscando peças com identidade e achados vintage. Todo esse cuidado na curadoria reforça a defesa do slow fashion e do consumo sustentável.O negócio - Para tudo dar certo, eles dividiram bem as funções dentro do empreendimento. Tiago é responsável por todos os processos que envolvem os bastidores da marca, como gestão, administração e marketing. Jessica cuida de tudo que envolva a criação, produção de moda e desenvolvimento da marca. Ambos fazem a curadoria. Eles acreditam que vender online é totalmente diferente de vender em lojas físicas e exige a necessidade de saber mais sobre navegar nas redes sociais e ter uma presença marcante nelas. Além disso, como empreendem durante a pandemia, se preocupam muito em otimizar o tempo e garantir a segurança deles e dos clientes. “Seguimos todas as prescrições indicadas pelos profissionais de saúde. Saímos uma vez por semana apenas, reservando esse dia para realizar entregas, captar as peças nos brechós físicos e ir aos Correios”, explica Tiago.

Desafios - Os irmãos aceitaram os obstáculos como parte do negócio que queriam fazer. Aproveitaram a expertise de Jessica, estudante de Comunicação na Ufba, para lidar com métricas de Instagram, por exemplo. “Todo o processo de desenvolver uma marca é lento, demandando tempo e paciência, por isso, é super importante entender qual o seu objetivo com o brechó e traçar estratégias para agregar valor nas suas peças e encontrar novos clientes“, explica o irmão empreendedor. Eles buscam trilhar o caminho prestando muita atenção no que o público está interessado. “As marcas devem vender mais que o produto. Acho que começar de forma estratégica, você consegue alcançar resultados maiores, do que fazer por exemplo, posts de forma aleatório e sem estratégias”, sentencia. 

Dicas para montar o seu brechóO primeiro passo é contabilizar o acervo. Um mínimo de peças de roupas é necessário para se iniciar um brechó. Estipule uma quantidade para começar o negócio. Um boa dica é fazer uma consignação com as amigas, em um primeiro momento, para criar um volume. Não se apegue  a marcas ou a estilos engessados. Cada pessoa tem uma visão particular sobre os produtos. Uma boa curadoria será um diferencial para um negócio ser promissor. Defina sua identidade visual  e o diferencial que seu brechó vai ter no perfil. Tornar o feed atraente é fundamental, experimente formas criativas de fotografar e use aplicativos gratuitos de edição que ajudam a criar um design bonito de forma fácil, como o Canvas. Faça um planejamento  de conteúdo para postar diariamente e movimentar as redes sociais. Na pandemia, o virtual é o novo normal. Para vendas acontecerem, postagens são necessárias. Crie parcerias  com outros brechós. Troque divulgação criando uma rede de fortalecimento do negócio. Cuide muito bem  do atendimento ao cliente, esteja sempre pronto para tirar dúvidas. Estabeleça regras para as compras, pagamentos, entregas e retiradas para que fique claro para ambas as partes. Não hesite em procurar  informações com os seus clientes. Fazer perguntas sobre o que eles querem ver, ou se têm alguma sugestão para melhorar o brechó, ajuda muito na relação cliente-vendedor.