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Publicitário Emmanuel Publio viu todas as transformações da maior festa popular do planeta
Alexandre Lyrio
Publicado em 22 de fevereiro de 2020 às 06:10
- Atualizado há um ano
Uma pergunta: você gosta de Carnaval? Melhor: você gosta do Carnaval de Salvador? Se você pensou que sim, na verdade você acha que gosta. Porque quem gosta mesmo do Carnaval de Salvador é o professor e publicitário paulista Emmanuel Publio Dias, 68 anos. Ele está comemorando o seu 50 Carnaval ininterrupto na Bahia, ainda que 48 anos desse tempo todo estivesse morando em São Paulo. Hoje, é um expert em Carnaval.
A trajetória de Publio se confunde com a história do Carnaval da Bahia no último meio século. Viveu o período pré Axé Music, em que o Carnaval daqui se restringia ao trajeto Campo Grande e Praça Castro Alves. Em 1971, no seu primeiro Carnaval, na flor da idade, Publio viu de perto desde os Apaches do Tororó até as escolas de samba.
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Mas já tinha trio elétrico. Se encantou com o trio da Saborosa, que tinha a forma da garrafa de uma cachaça da época. Nos anos seguintes, acompanhou Caetano e os tropicalistas se aproximarem de vez do Carnaval, fazendo-o explodir.
“Antes a Bahia era uma coisa muito desconhecida para São Paulo e outros lugares do país. Alguns grupos de desbundados conheciam Jorge Amado e os tropicalistas. Foi nesse embalo que eu vim pra cá conhecer o Carnaval. Passei o verão inteiro. Me apaixonei. A partir dessa época todo mundo queria vir pra Bahia e pro Carnaval”. (Foto: Arquivo / Marina Silva / CORREIO) O próprio começou a divulgar o Carnaval entre os amigos. Em um determinado ano, estipulou a meta de colocar cem pessoas em um avião. Criou-se o grupo Cães Vadios. “Conseguimos botar 84 pessoas e não foi difícil. Teve gente implorando para vir no avião, mas faltou foi passagem aérea”. Os Cães Vadios tinham até mortalha e um bloco improvisado.
Publio viu Moraes Moreira se tornar o primeiro cantor de trio elétrico. Antes, só se tocava frevos instrumentais. Mas Moraes pegou o microfone em que Osmar Macedo improvisava discursos para soltar a voz. “Isso foi um mudança absoluta. A raíz de todo o bem, como diz Saulo”.
Publio então morou em Salvador por dois anos. Acompanhou a chegada da Axé Music e sua indústria. Em meados da década de 1980, foi chamado a elaborar o primeiro plano de comercialização do Carnaval. “O Carnaval começava a se tornar comercial. Eu nunca entendi porque não se ganhava dinheiro com o Carnaval. De tanto falar isso, me chamaram para fazer o plano”. Anos depois, o Carnaval se tornava um grande negócio.
Publio vive o Carnaval raiz. “Jamais fui para um camarote ou comprei uma mortalha ou abadá. Meu Carnaval é no Garcia, na Liberdade, na rua, no Campo Grande”. Garante que passa o Carnaval inteiro gastando muito pouco. “Pode ter certeza que não gasto o Carnaval inteiro o valor de um dia de abadá. Em nenhuma outra cidade do Brasil é possível se viver o Carnaval com tantas possibilidades de fluir gratuitamente”.
Todo Carnaval, Publio monta o seu roteiro para a festa. Esse ano, acompanhou no primeiro dia o Bloco da Capoeira e o Alerta Geral. Nessa sexta vai ver a saída do Olodum. No sábado tem Didá e Ilê. Domingo é dia de Gandhy. Aí vem Mudança do Garcia e por aí vai. “Gosto de olhar e sentir. Gosto de ver o povo. Sou um voyer do Carnaval”.
O CORREIO Folia tem o patrocínio do Hapvida, Sotero Ambiental, apoio institucional da Prefeitura Municipal de Salvador e apoio do Salvador Bahia Airports e Claro.