Consulta Pública quer ouvir a sociedade sobre futuro do trabalho

Revolução digital impacta na extinção e criação de novas profissões

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  • Da Redação

Publicado em 19 de setembro de 2018 às 20:51

- Atualizado há um ano

. Crédito: Agência Brasil

Após dar início ao funcionamento de um comitê para discutir as futuras relações de emprego, o Ministério do Trabalho lançou, nesta quarta-feira, 19, uma consulta pública para ouvir a sociedade sobre o assunto. Durante as próximas semanas, os cidadãos poderão enviar propostas sobre três grandes temas: novas tecnologias nas atividades econômicas; impacto da inovação no mercado de trabalho; e inclusão de trabalhadores por meio de políticas públicas no processo de transformação.

Na terça-feira, 18, o governo federal promoveu a primeira reunião do Comitê de Estudos Avançados sobre o Futuro do Trabalho, criado para “discutir e propor formas de proteção ao emprego diante do avanço da automação”. O grupo é formado por representantes dos poderes Executivo e Judiciário, de instituições acadêmicas, sindicatos e entidades de classe. O prazo para apresentação do relatório final dos debates é 23 de novembro.

Até lá, o órgão pretende promover encontros regionais e audiências públicas em cidades como São Paulo, Florianópolis e Recife. A indústria 4.0, a inteligência artificial e a economia compartilhada estão entre os temas que serão discutidos pelos integrantes do comitê.

Estes também são temas em discussão no Fórum Agenda Bahia 2018, que realizará o seminário Humanize-se no dia 07 de novembro. O fórum começou em agosto, quando aconteceu o seminário Sustentabilidade do Agora, e também realiza na edição deste ano o Desafio de Inovação Acelere[se], programa de 12 semanas que oferece mentorias e capacitação para oito startups baianas.

Na primeira reunião do comitê, o ministro Caio Vieira de Mello e os demais integrantes do grupo assistiram a estudos e trabalhos técnicos apresentados pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socieconômicos (Dieese), Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), Conferência Nacional da Indústria e Observatório Nacional do Mercado de Trabalho.

De acordo com o ministro, é preciso ampliar as ações voltadas para a qualificação e aprendizagem profissional com foco nas novas tecnologias. “A própria Constituição Federal já nos dá o princípio da proteção do trabalhador em relação à automação. A mudança e o progresso devem existir, mas precisamos garantir a valorização do trabalho”, disse, durante a instalação do comitê.

Para enviar contribuições para o grupo, basta enviar um e-mail para [email protected].

As 30 profissões que estão surgindo com a indústria 4.0

Não há dúvida de que a corrida tecnológica vem impactando fortemente as profissões em diversos países do mundo, criando, inclusive, novas atividades para atender a uma demanda crescente do mercado que busca se atualizar frente aos concorrentes. No Brasil, instituições como o Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai), responsável pela formação profissional, confirmam a tendência dessa revolução.

Baseado neste cenário, o Senai divulgou em agosto passado um estudo que mostra as 30 novas profissões que vão surgir ou ganhar mais relevância com a chamada indústria 4.0, conceito relacionado às chamadas fábricas inteligentes, da quarta revolução industrial, determinada pelas tecnologias digitais, como internet das coisas, big data e inteligência artificial.

As novas profissões foram identificadas em oito áreas: setor automotivo; alimentos e bebidas; construção civil; têxtil e vestuário; tecnologias da informação e comunicação; máquinas e ferramentas; química e petroquímica; e petróleo e gás.

Entre essas profissões estão as de mecânico de veículos híbridos e mecânico de telemetria (automotivo); técnico em impressão de alimentos (alimentos e bebidas); técnico em automação predial (construção civil); engenheiro em fibras têxteis (têxtil e vestuário); engenheiro de cibersegurança especialista em big data (tecnologia da informação); projetista para tecnologias 3D (máquinas e ferramentas); técnico especialista no desenvolvimento de produtos poliméricos (química e petroquímica); e especialista para recuperação avançada de petróleo (petróleo e gás).

Setor automotivo

O trabalho do Senai destaca que o potencial transformador é maior em alguns setores, entre eles o automotivo. A explicação está no desenvolvimento de tecnologias como a dos carros híbridos e a evolução de ferramentas veiculares como os computadores de bordo, cada vez mais utilizados pelos fabricantes como um atrativo de vendas e comodismo para o motorista. A expectativa é que tecnologias como a robótica colaborativa e comunicação entre máquinas por meio da internet das coisas impactem tanto as etapas de concepção quanto as de produção da área automotiva.

É o caso da mão de obra que será exigida para lidar com o computador de bordo, por exemplo. Este sensor responsável pelo monitoramento de dados dos carros, como aceleração, temperatura do motor e do ar, oferece aos motoristas instrumentos para regulagem e programação de velocidade e estimativas de tempo de viagem. É o mecânico especialista em telemetria que programa esses computadores, faz diagnóstico e reparos das redes eletrônicas. Ao ouvir representantes de empresas, de sindicatos de trabalhadores, de universidades que atuam ou estudam esse segmento, o Senai projetou que, nos próximos dez anos, 31% a 50% das empresas do segmento demandem profissionais com esta especialização.

Tecnologia da informação

Outro setor que está no centro da quarta revolução industrial é o de tecnologias de informação e comunicação. A segurança no mundo digital tem recebido atenção especial em todo o mundo, principalmente, quando se trata de redes sociais e armazenamento de informações estratégicas em nuvem. Segundo o Senai, esta tem sido apontada como uma das maiores preocupações dos empresários. E isso acende uma luz na formação como a de engenheiro de cibersegurança e analista de segurança e defesa digital.

No seminário Sustentabilidade do Agora, em agosto, ocorreu um painel dedicado à cibersegurança. Chamado A importância da segurança cibernética na era das Smart Cities e da Internet das Coisas, o painel reuniu a gerente de Segurança de Inteligência de Rede e MSS da Oi, Fernanda Vaqueiro, o Application Security Consultant da empresa Oi, Rafael Caubit, e a advogada especialista em Direito Digital, Ana Paula de Moraes para discutir a segurança cibernética nas empresas e a Lei de Proteção de Dados brasileira, que foi sancionada no mês passado e passará a valer no ano que vem.

As tendências profissionais do setor de Tecnologias da Informação e Comunicação (TIC) transpassam setores econômicos e refletem em mudanças e necessidades de aperfeiçoamentos de profissionais que atuam no segmento em qualquer área. Além de apontar profissões já presentes no mercado, como as de técnico em desenvolvimento de sistemas e técnico em redes de computadores, o levantamento do Senai destaca novas atividades como a de analista de internet das coisas (IoT), com tendência de aumento da demanda por esses profissionais em torno de 11% a 30% nos próximos dez anos.

O Fórum Agenda Bahia 2018 é uma realização do CORREIO, com patrocínio da Sotero Ambiental e Oi, apoio institucional da Prefeitura de Salvador,  Federação das Indústrias da Bahia (Fieb), Fundação Rockefeller e Rede Bahia.

*Com Agências