Conto do escritor Graciliano Ramos ganha edição para os leitores mirins

Publicado originalmente no livro Insônia (1947), o conto Minsk trata de temas como amizade, cumplicidade e perdas

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  • Camila Botto

Publicado em 30 de novembro de 2013 às 12:30

- Atualizado há um ano

Publicado originalmente no livro Insônia (1947), o conto Minsk , de Graciliano Ramos (1892-1953), ganha uma versão voltada para o público infantojuvenil. A publicação, que sai pelo selo Galerinha, da editora Record, trata de temas como amizade, cumplicidade e perdas.

Com ilustrações fofas da arquiteta pernambucana Rosinha, o livro narra a história de sincera amizade entre a menina Luciana e o periquito Minsk, que conquista até mesmo o velho gato da família. Mas nem tudo acaba como a garota deseja e ela sofre muito ao ter de se despedir do pássaro.

O convite para ilustrar o livro partiu da família do escritor. Rosinha, que tem mais de 80 livros publicados, informa que  já havia ilustrado um livro do Ricardo Ramos, neto do Graciliano.

AmizadeMinsk entra na vida de Luciana através do tio Severino, que volta da fazenda trazendo o periquito. A identificação entre os dois é imediata. Depois de batizá-lo, a menina apresenta todos os cômodos da casa para o bichinho de estimação e o enche de beijos, sempre andando com ele no ombro.

Até o velho gato da família passa a aceitar “bicoradas na cabeça”. E o pássaro muda os hábitos de Luciana, que não desgruda mais dele. “Minsk arregalava o olho, engrossava o pescoço, crescia para receber a carícia”, narra um trecho do livro.

A dupla subverte a ordem das coisas. Enquanto Luciana anda de costas, Minsk segue  em seu ombro. Um dia, a menina esbarra nos móveis da casa e uma dor muito grande toma conta de seu coração.

Nos últimos trechos do livro, Graciliano, então, descreve: “Os movimentos de Minsk eram quase imperceptíveis; as penas amarelas, verdes, vermelhas, esmoreciam por detrás de um nevoeiro branco”.

Trajetória“Minha relação com Graciliano vem por meio do meu pai. Ele era um grande leitor do Graciliano e sempre comentava sobre os livros que lia, principalmente Memórias do Cárcere. Quando ilustrei o Minsk, lembrei muito do meu pai, acho que ele ficaria feliz. Não conhecia o Minsk antes de ilustrá-lo. Do Graciliano li apenas Histórias de Alexandre e Vidas Secas”, conta Rosinha.

Apesar dos muitos livros publicados, Rosinha se define como uma ilustradora que escreve e não como escritora. Ela conta que tem alguns projetos em execução e outros na gaveta, “loucos para sair”, brinca a autora, apaixonada confessa pela literatura infantojuvenil.

Autor de vários clássicos da literatura brasileira, o velho Graça fez outras investidas na literatura para os pequenos. No ano de 1939, escreveu a fábula A Terra dos Meninos Pelados; em 1944, o autor publicou Histórias de Alexandre,  com contos do folclore nordestino.