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Espécie ainda não foi identificada, mas pesquisadores acreditam ser do tipo Xênia Azul
Da Redação
Publicado em 24 de setembro de 2020 às 06:00
- Atualizado há um ano
Desequilíbrio ambiental é o que pode acontecer quando uma espécie exótica, ou seja, que não é típica daquele local, invade determinado ecossistema e compete com as espécies nativas por território, alimento e água. Isso pode estar ocorrendo atualmente no litoral da Bahia, com a descoberta de um tipo de coral que não é natural do país e que está dando dor de cabeça para biólogos e pesquisadores.
A espécie em questão ainda não foi identificada, mas cientistas acreditam-se que é a Xênia Azul, um animal de origem do Oceano Pacífico e Mar Vermelho. Professor do Instituto de Biologia (Ibio) da Universidade Federal da Bahia (Ufba), Francisco Barros aponta que o coral foi encontrado pela primeira vez em 2018, mas por ser uma espécie exótica, se espalhou facilmente pelo litoral de Salvador.
O animal já pode ser encontrado principalmente na Barra, entre três a 10 metros de profundidade, em formações rochosas. Segundo Barros, os primeiros resultados de estudos genéticos apontam que a espécie deve ter origem no Oceano Índico e Indo-Pacífico. Foto: Divulgação Rodrigo Maia Nogueira Ela chama atenção porque esses animais exóticos podem trazer ameaças para a biodiversidade local, impactando na vida dos corais nativos e tudo dentro dessa cadeia ecológica. Um exemplo: o estoque de pesca pode sofrer danos e isso traz consequência direta na vida dos seres humanos.
No entanto, o professor aponta que ainda é cedo para fazer qualquer diagnóstico. O grupo conta com pesquisadoras e pesquisadores de Ufba, Universidade Federal de Alagoas (Ufal), Universidade Federal de Pernambuco (Ufpe) e Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) tem enfrentado dificuldades para prosseguir no estudo por causa da pandemia do coronavírus.
Como a espécie se manifestou principalmente em regiões como a do Porto da Barra, não há como mergulhar e fazer as análises. Mesmo com a reabertura das praias desde segunda-feira (21), o Porto segue com acesso restrito.
Ainda segundo Francisco Barros, um outro coral exótico foi identificado. Ele tem coloração marrom, mas a pesquisa ainda não conseguiu determinar qual é a espécie.
O professor aponta que há suspeita de que a causa da chegada dessas espécies na Bahia foi o descarte irresponsável de aquaristas - pessoas que criam espécies em aquários. "Essa atividade é muito perigosa porque pode causar invasão de espécies em outros ecossistemas", afirmou.
* Com supervisão da subeditora Fernanda Varela