Coronavírus: morre nos EUA médico que ajudou a separar siamesas brasileiras

James Goodrich estava internado em UTI em Nova York e não resistiu a complicações pulmonares

  • D
  • Da Redação

Publicado em 30 de março de 2020 às 15:10

- Atualizado há um ano

. Crédito: Foto: Reprodução/Instagram

O médico James Goodrich, que ficou conhecido no Brasil por orientar a separação de duas duplas de gêmeas brasieiras, morreu nesta segunda-feira (30), por causa do novo coronavírus. O neurocirurgião estava internado há sete dias em Nova York mas não resistiu a complicações pulmonares causadas pela Covid-19.

Goodrich fazia parte de uma equipe especializada em cirurgias de separação de siameses - sobretudo, craniópagos, que são unidos pela cabeça. No Brasil, ganhou destaque por dois casos. O primeiro em 2018, quando ajudou na operação de Maria Ysabelle e Maria Ysadora. O procedimento era, então, inédito no país e foi realizado pela equipe do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (USP).

Em abril do ano passado, foi a vez do médico orientar na cirurgia de separação das gêmeas Mel e Lis, que eram ligadas pelo crânio. O procedimento, de alta complexidade, foi realizado no Hospital da Criança de Brasília, sendo o primeiro do tipo no Distrito Federal.

"É uma tristeza muito grande. Para nós Goodrich foi muio, muito importante. Sem ele, não teríamos feito nada", lamentou, em entrevista a Mônica Bergamo, da Folha de São Paulo, o neurocirurgião brasileiro Hélio Machado, que liderou a equipe que separou Maria Ysabelle e Maria Ysadora.

Segundo Benício Oton, coordenador da equipe que operou Mel e Lis em Brasília, ao G1, James estava internado desde quarta-feira (25) em estado grave e sedado no hospital. Nos últimos dias, estava em uma Unidade de Terapia Intensiva (UTI) e respirava por aparelhos.

"Era uma pessoa altamente carismática, reconhecida internacionalmente. Ontem mesmo, numa conferência com pessoas da Itália, da Inglaterra e dos EUA, falamos dele. Todos estavam preocupados com seu estado de saúde", disse o doutor Hélio à Folha.

Um livro está sendo feito pela equipe de Ribeirão Preto sobre a operação de separação de Maria Ysabelle e Maria Ysadora e será dedicado ao neurocirurgião americano. "Ele definiu a técnica [de separação de craniópagos], sistematizou e possibilitou que muitas as crianças, separadas, sobrevivessem. Goodrich trouxe uma contribuição eterna para a área de cirurgia pediátrica", concluiu Hélio.