Corpo de João Gilberto é velado no Rio; enterro será em Niterói

Criador da bossa nova morreu em casa, na tarde do último sábado

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  • Da Redação

Publicado em 8 de julho de 2019 às 10:24

- Atualizado há um ano

. Crédito: AFP

O corpo do cantor e compositor João Gilberto está sendo velado desde as 9h desta segunda-feira, 8, no saguão do Teatro Municipal, no centro do Rio de Janeiro. O velório deve ser aberto ao público, mas, até por volta das 9h45, continuava restrito a parentes e amigos.

O criador da bossa nova morreu em casa, na tarde do último sábado (6), aos 88 anos de idade. A causa da morte não foi divulgada. João Gilberto estava acompanhado da companheira, Maria do Céu Harris, e de uma cuidadora. O enterro será às 16h desta segunda-feira, no cemitério parque da colina, em Niterói.

Últimos anos Os últimos anos de vida do cantor e compositor João Gilberto, que morreu neste sábado (6), no Rio de Janeiro, foram marcados por disputas entre seus familiares, problemas de saúde e dívidas que chegaram a R$ 9 milhões.

Dois de seus três filhos, João Marcelo e Bebel Gilberto, travaram guerra judicial contra Claudia Faissol, mãe de sua filha mais nova, Luísa, hoje com 12 anos.  Eles responsabilizavam Faissol, ex-companheira de João Gilberto, por um negócio, em 2013, quando o banco Opportunity comprou 60¨dos direitos sobre os quatro primeiros discos do cantor. Na época, João Marcelo acusou Claudia de receber por fora algo entre 5% e 10% desse montante. Bebel, João Gilberto e João Marcelo (Foto: Arquivo Pessoal/João Marcelo) Por conta do conflito, em 2017 João Gilberto foi interditado judicialmente por Bebel, que afirmou que seu pai estaria passando por “absoluta penúria financeira” e que a medida era para “pôr fim aos negócios temerários que João vinha sendo orientado a firmar, que resultaram na atual condição de quase miserabilidade do artista”. Na época, Bebel morava em Nova York e veio para o Rio de Janeiro para tratar do assunto. Nesse mesmo ano, o Estado de S. Paulo tentou encontrar o músico em sua residência, em um prédio que fica a dois quarteirões da praia, mas nem mesmo os moradores sabiam de sua situação. “Você está aqui procurando o João Gilberto? Desiste! Nunca ouvi nem um violãozinho e moro há 30 anos no prédio”, contou uma moradora.

Ao Estado, João Marcelo afirmou, em 2018, que João Gilberto não tinha mais controle de suas finanças: “Ele me pedia há um tempo para descobrir como estão suas finanças, me perguntava com frequência sobre os cheques que sumiam em sua casa, se eu tinha ideia para onde iam. Isso porque se sentia insatisfeito e sem o controle da situação, como sempre gostou de ter. Uma vez, me pediu para telefonar para a Claudia Faissol para eu poder entender algumas coisas que estavam acontecendo, sobre contratos e finanças.”

Posteriormente, João Marcelo e Bebel também se desentenderam - e a confusão foi parar na Justiça. Ele é filho da cantora Astrud Gilberto, de quem João Gilberto se separou para ficar com Miúcha, mãe de Bebel, que faleceu em dezembro do ano passado. João Marcelo deu entrevistas falando mal da irmã, acusando-a estar roubando João Gilberto. “Meu pai está nos seus últimos dias de vida e não merece passar pelo que está passando”, disse ele à revista Veja, afirmando que Bebel atrapalhava o pai. "Se dependesse dela, estava em um asilo", garantiu, dizendo que o cantor se sentia prisioneiro da filha. 

Marcelo, que atualmente mora em Nova York, falou mal também de Miúcha, lembrando da convivência que teve com ela. “Quando ela ficava brava comigo, tirava minha roupa, me colocava na banheira e jogava água fria. Sofri abusos físicos”, afirmou. Segundo ele, a relação de mãe e filha também não era boa. “Viviam se agredindo, mal se falavam”, disse. “A verdade é que a Bebel é uma sociopata”, finalizou.

Em junho desse ano, após as afirmações do irmão, Bebel afirmou que iria processá-lo. "Eu tentei, até onde foi humanamente possível, evitar um confronto judicial com João Marcelo, pelo fato de ele ser meu irmão e filho de meu pai", escreveu. Segundo a publicação dela, a Justiça "determinou que João Marcelo retirasse, imediatamente, todas as manifestações insidiosas contra mim e minha mãe". ​O caso corria na 24ª Vara Cível do Rio de Janeiro.