CORREIO ganha 1º lugar em duas categorias do Prêmio OAB-BA de Jornalismo Barbosa Lima Sobrinho

Na categoria fotografia, o fotojornalista Tiago Caldas faturou com o trabalho “Ameaçaram me matar com a arma na cabeça”; já o repórter Alexandre Lyrio venceu na categoria web jornalismo com o especial “Livre para ter mil e uma caras”

Publicado em 16 de dezembro de 2020 às 23:15

- Atualizado há um ano

. Crédito: Foto: Tiago Caldas/Arquivo CORREIO

A história de um homem com duas faces (ou mais). A imagem de um protesto contra a prisão de um homem negro inocente. Foi o olhar apurado para esses dois acontecimentos que renderam aos colaboradores do CORREIO, o repórter Alexandre Lyrio e o fotojornalista Tiago Caldas, o reconhecimento com os primeiros lugares no Prêmio OAB-BA de Jornalismo Barbosa Lima Sobrinho, nas categorias web jornalismo e fotografia, respectivamente. Aos vencedores do primeiro lugar será conferido um diploma, medalha comemorativa e R$ 5 mil. Ao segundo lugar será conferido diploma, medalha e R$ 3 mil.

Caldas levou o primeiro lugar com o trabalho “Ameaçaram me matar com a arma na cabeça”, fotografia publicada em junho de 2020 no site do CORREIO. Já o especial “Livre para ter mil e uma caras”, rendeu o primeiro lugar do prêmio para Lyrio. Com o tema “Liberdade de Imprensa e Democracia", o prêmio contemplou os melhores trabalhos veiculados no período de 1º de janeiro de 2019 a 30 de junho de 2020. A premiação das seis categorias (Jornalismo Impresso, Fotografia, Jornalismo Escrito, Televisão, Rádio e Web jornalismo) foi entregue nesta quarta-feira (16), pela plataforma Zoom.

O organizador da premiação e presidente da Comissão de Direitos Humanos da Ordem dos Advogados do Brasil Seção Bahia (OAB-BA), Jerônimo Mesquita, credita o destaque do CORREIO no prêmio à relevância do jornal na cobertura de pautas ligadas aos direitos humanos.

"O CORREIO colhe frutos de uma escolha feita quando resolveu fazer uma reforma gráfica e editorial profunda", acredita o presidente da Associação Bahiana de Imprensa (ABI), o jornalista Ernesto Marques. Para ele, a reformulação do jornal qualificou a produção e é o que deu - e ainda dá - espaço para profissionais como Lyrio e Caldas possam atuar com qualidade.

“Gosto muito do trabalho de Lyrio, é um dos melhores repórteres que temos hoje. Ele tem um olhar muito humano das pautas, não é algo frio feito apenas para entregar o texto”, comemorou Marques. Ganhador do prêmio, Tiago Caldas é fotojornalista do CORREIO (Foto: Reprodução) Os profissionais relembram a dedicação que foi fazer o trabalho premiado. Caldas voltou ao dia que recebeu a pauta: era um plantão de domingo e ele foi enviado para cobrir um protesto no Tribunal de Justiça da Bahia. “Lá eu vi a injustiça que estava sendo feita com esse jovem, pelo único fato de ser um jovem negro. Fiquei bastante tocado com a situação. Tentei dar o meu melhor nessa pauta”, contou o fotojornalista premiado.Feliz por ter o trabalho reconhecido, Caldas agradece a equipe do jornal pelo suporte, citando a chefe de redação, Linda Bezerra, e a editora de Fotografia, Sora Maia. Para ele, o prêmio é de todos já que todos os colaboradores integram o processo. “Acredito bastante no trabalho em equipe. Dedico também a todos os colegas de profissão”, afirmou.

Ao comemorar e agradecer o prêmio, Lyrio também relembra os colegas que deram a oportunidade de transformar uma prisão em um especial sobre a história de um homem. “Essa história saiu em todos os jornais, inclusive no CORREIO, que teve a visão de buscar a história. O mérito é de Linda Bezerra e do resto da equipe, como Mariana Rios e Wladmir Pinheiro, que, junto comigo, imaginaram que ali existia uma história para ir fundo. Esse foi um dos personagens mais incríveis com quem eu já me deparei”, afirmou. Clique aqui para ver a reportagem especial de Alexandre Lyrio e Luãn Souza O especial relata a história de um homem que possuía duas identidades completamente diferentes: Anderson Luiz Moreira da Costa, assaltante de carros-fortes e líder do tráfico de drogas no Rio de Janeiro; e Adson Moreira de Menezes, advogado, empresário e pai de família em Salvador. Para Lyrio, a conversa com o personagem, após ele ser solto da cadeia, foi um dos momentos mais marcantes de sua carreira como jornalista. 

Por dois meses, Lyrio investigou a história de Adson, em Salvador, e Anderson, no Rio, onde contou com o apoio de Luãn Souza. O trabalho foi dividido em duas partes, um especial com as duas vidas do homem, publicada em janeiro de 2019, e outra com o relato de Anderson sobre o caso, postada em maio do mesmo ano.“Fomos atrás da história dele no Rio, ouvimos policiais, moradores do morro. Em Salvador, corri atrás da vida do estudante de direito exemplar, conversei com colegas dele na Faculdade 2 de julho que exaltaram ele de forma incrível. Essa contraposição culminou na reportagem. Ao sair da prisão, ele nos procurou para uma conversa por ter visto credibilidade no que produzimos”, relatou o repórter.Presidente da OAB-BA, o advogado Fabrício Castro aponta que a premiação está em consonância com os valores democráticos defendidos pela entidade. Para ele, não existe democracia sem uma imprensa livre e independente.

“Durante 2020, fizemos uma campanha para a defesa da democracia, portanto, nada mais razoável do que o prêmio integrando essa campanha", afirmou o presidente da entidade, que parabenizou o CORREIO e os profissionais pela conquista.

Para o presidente da ABI, o tema “Liberdade de Imprensa e Democracia" da premiação é marcante em 2020, ano em que o jornalismo e os direitos humanos têm sofrido agressões. 

“Especialmente no desenvolver dos processos eleitorais, observou-se muita agressão a essas duas áreas. Manter o jornalismo e os direitos humanos em discussão e evidência é extremamente importante em um momento em que se há um esforço de pessoas importantes, como nosso presidente, em desqualificar os que se assumem defensores dos direitos humanos”, pontuou o presidente da entidade. 

Ganhador, Caldas aprovou a iniciativa da OAB-BA por valorizar os profissionais do estado mostrando que um trabalho sério para levar informação à população é feito na Bahia. “Acredito que esse incentivo é muito importante, porque valoriza ainda mais a nossa categoria, que tem um trabalho diário difícil”, ponderou.

Uma iniciativa da OAB-BA, com apoio da ABI e do Sindicato dos Jornalistas Profissionais no Estado da Bahia (Sinjorba), o prêmio leva o nome do advogado, jornalista, político e escritor  Alexandre José Barbosa Lima Sobrinho. (1897-2000). Ele foi um dos principais opositores da Ditadura Militar, além de ter sido um dos líderes civis do movimento que resultou no impeachment do presidente Fernando Collor. “Barbosa Lima Sobrinho foi um importante jornalista e advogado. Ele foi um símbolo de jornalismo democrático, livre, sem amarras da opressão”, afirmou o presidente da ABI

Esta é a segunda edição do Prêmio OAB-BA de Jornalismo Barbosa Lima Sobrinho. Na primeira edição, o CORREIO venceu na categoria imprensa escrita, com a série de reportagens “Onde está Geovane?”, do repórter Bruno Wendel.

Confira a lista de vencedores da edição 2020:

Fotografia:

1º lugar: Tiago Caldas. Trabalho: “Ameaçaram me matar com a arma na cabeça” - Correio 24h

2º lugar: Romildo de Jesus. Trabalho: “Fé renovada” - Tribuna da Bahia

Impresso:

1º lugar: Bruno Luiz. Trabalho: “Crianças são levadas à escola em ‘paus de arara’” - A Tarde

(Não houve segundo lugar)

Web:

1º lugar: Alexandre Lyrio. Trabalho: “Livre para ter mil e uma caras” - Correio 24h

2º lugar: Cláudia Mariana Cardozo. Trabalho: Série Mordaça no TJ-BA composta pelas matérias “Para evitar boatos, TJ-BA vai monitorar redes sociais e equipamentos de juízes e servidores”, “Sinpojud diz que decreto do TJ-BA ameaça liberdade de expressão de servidores” e “TJ-BA suspende decreto após desembargadores acusarem ‘censura prévia’ e ‘mordaça’” - Bahia Notícias.