Costureira ganha R$ 10 mil na pandemia com a venda de looks para Barbies

Roupa de boneca: Rosângela Santos chega a comercializar 400 peças por mês

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  • Priscila Natividade

Publicado em 13 de setembro de 2020 às 16:00

- Atualizado há um ano

. Crédito: Foto: Divulgação

Neta, filha e irmã de costureira, o ofício é coisa de família. O nome da grife Han&Mel (@grife_barb), não poderia ter surgido de outra maneira, a não ser em homenagem às filhas, Hanna, de 20 anos, e Melissa, de cinco, que despertaram, também, a vontade da costureira e moradora do Nordeste de Amaralina, Rosângela Santos, 40 anos, de produzir roupas para bonecas. “Vejo pessoas na rua, vestidas na televisão. Eu memorizo o modelo, vejo a melhor forma de cortar e costurar porque para vestir em bonecas é diferente”, conta Rosângela, que chega a vender 400 peças por mês.

Todos os dias, ela corta e costura no capricho, sem molde algum. Em média, faz 130 peças para Barbies por semana. “Eu cheguei até a ficar uma semana com minha irmã, na confecção dela, fazendo máscaras quando a pandemia começou. Porém, como as pessoas estão mais em casa e as crianças também, muitas entraram em contato para comprar o que eu tinha feito e as roupinhas foram se esgotando. Tinha muita gente fazendo máscara. Deixei a confecção e voltei a produzir as roupas de boneca como fazia antes da pandemia”, afirma.

Com o reforço nas vendas dos últimos cinco meses, Rosângela vendeu R$ 10 mil. Esse dinheiro ela usou para quitar algumas dívidas, comprar material para costurar as roupinhas e manter o pagamento das despesas. Ah, deu até para fazer uma reforma na casa. As roupinhas custam de R$ 5 a R$ 15. Só que ela ganha no volume, porque nenhuma cliente consegue comprar uma só.“Fiquei louca quando a pandemia começou: meu Deus e agora o que vou fazer? Porque é disso que tiro toda minha renda e sustento minha família. Pensava que ninguém ia querer comprar roupa de boneca na crise. E aconteceu justamente o contrário. Quando eu vi, as pessoas estavam mais interessadas ainda nas roupinhas, eu nem pensei duas vezes em deixar de costurar as máscaras e voltar a produzir. Tem clientes que levam oito, nove, dez modelos”.Rosângela costura de domingo a domingo para produzir os looks das Barbies. “Consegui faturar 100% a mais do que ganhava com as roupinhas antes da pandemia. Geralmente, as peças que mais tenho vendido são os jeans, calças e shorts, porque são mais fáceis de combinar”, afirma a costureira que já enviou modelos para diversas partes do Brasil e  países como Alemanha e Espanha.

“Quem compra mais são os clientes do Rio de Janeiro, Minhas Gerais e São Paulo. Aqui na Bahia, a clientela precisa crescer mais. Sou eu que faço tudo, não tenho equipe. Costuro, faço as fotos, posto nas redes sociais, cuido dos pedidos e das entregas. A visibilidade que as roupinhas ganharam nesse período me surpreendeu bastante”, comemora a costureira.

Mundo doll  Tudo começou há dois anos, quando a pequena Melissa viu a mãe costurando e pediu que ela fizesse também algumas roupinhas para suas bonecas. “Comecei a costurar há uns 10 anos e sempre juntava várias rendas vendendo lanche, fazendo faxina e tudo mais que fosse honesto. Minha filha me pediu tanto essas roupinhas que eu tirei um dia e fiz calças, vestidos, shorts, bolsas e sapatos. Pense na felicidade que ela ficou? Toda hora trocava as roupinhas. As pessoas mais próximas viam os modelos, começaram a gostar e eu passei a fazer para vender”.

De um mês para o outro, a demanda cresceu mais ainda. Só em agosto, a costureira vendeu quase R$ 2 mil em roupas de boneca, mais da metade do que comercializava antes da pandemia. Cada peça é única, e, a depender do modelo, leva de meia hora a 40 minutos para ficar pronta.“Fico hiper feliz em ver a alegria de quem compra as roupinhas. Não tem nem como descrever esta sensação. Eu tento colocar todos os estilos e reproduzir o que as pessoas vestem no dia a dia. Quero transmitir que elas podem vestir as suas bonecas como elas se vestem”.O look que ela mais gostou de montar foi um inspirado na dançarina e ex-vereadora Léo Kret. “Eu me empolgo com todos, até com aqueles que dão mais trabalho como um conjuntinho de napa que eu fiz uma vez. Já a roupa da Léo Kret, eu vi ela postar no Instagram, fui lá e copiei. Demorou mais  de costurar por conta dos detalhes. Era uma calça preta com um casaco  de animal print”, lembra.  A costureira também vende as roupinhas para colecionadores de Barbies (Foto: Divulgação) A brincadeira não é só de criança. Segundo a costureira, 90% dos clientes são adultos. “Apesar de ser um tipo de brinquedo e diversão infantil, a maioria dos clientes que eu tenho são pessoas adultas. Também vendo muitas roupinhas para colecionadores que amam Barbies”.

Para divulgar mais suas criações, a costureira mergulhou não só no mundo da moda, mas no da fantasia e imaginação. “Comecei buscando pessoas que gostassem desse mundo doll. Fui me encantando, pois é enorme esse mundo das Barbies e as pessoas fazem cenários, contam cotidianos e, na verdade, se projetam nas bonecas”.

E aí é se inspirar, sentar e costurar. “Eu coloco toda minha paciência, carinho, criatividade e tento fazer tudo com  qualidade para que as pecinhas durem bastante e, graças a Deus, as clientes amam e elogiam muito. Por isso, faça com amor e toda dedicação. Divulgue nas redes sociais e corra atrás”, completa a costureira preferida das bonecas.

AS CINCO DICAS DE ROSÂNGELA

Conheça o seu público É preciso fazer uma boa pesquisa para entender o que o público está consumindo e  se interessa. 

Encontre seus clientes A costureira mergulhou no mundo doll e saiu a procura, nas redes sociais, de pessoas que   gostavam de roupas de bonecas. Com esta estratégia, suas peças já chegaram a outros países.

Qualidade Rosângela tem uma preocupação muito grande em produzir peças únicas, fazer um bom acabamento e desenvolver roupas que tenham uma durabilidade. Ou seja, qualidade é essencial.

Rede A grife conquistou muita gente que viu a filhinha de Rosângela, Melissa, brincando com as roupinhas. Construa um grupo de clientes que comprem estas peças, postem nas redes sociais, recomendem para outras pessoas e ‘viralizem’ o produto.

Além do básico Inove sempre. Não é só produzir as roupinhas, mas trazer modelos parecidos ao que as pessoas vestem atualmente. é importante Apostar nos acessórios e montar o look completo. 

QUEM É 

Rosângela Santos é neta, filha e irmã de costureira e  aprendeu a costurar com as mulheres da família. É criadora da grife de roupas para bonecas Barbie, Han&Mel.