Covid-19: Prefeitos da RMS querem antecipar inauguração do Hospital Metropolitano

Gestores definiram protocolo de reabertura do comércio inspirado em Salvador: é preciso baixar para 75% a ocupação dos leitos de UTI

  • Foto do(a) author(a) Hilza Cordeiro
  • Hilza Cordeiro

Publicado em 9 de julho de 2020 às 19:33

- Atualizado há um ano

. Crédito: Foto: Manu Dias/GOVBA

Para conseguir abrir o comércio mais rapidamente, prefeitos da Região Metropolitana de Salvador (RMS) lançaram, nesta quinta-feira (9), uma proposta visando a antecipação da inauguração do Hospital Metropolitano, unidade pública localizada em Lauro de Freitas. A ideia, com isso, é enfrentar melhor a pandemia de covid-19 e tentar baixar a saturação da ocupação de leitos na região, que está em torno de 82%, segundo os gestores. 

Reunidos em Simões Filho, seis dos dez prefeitos da RMS participaram da reunião, na qual iniciaram a elaboração de um protocolo com critérios para a reativação da economia nas cidades, inspirados na iniciativa de Salvador, apresentada pelo prefeito ACM Neto (DEM) em conjunto com o governador Rui Costa (PT).

Os prefeitos sugerem que o Hospital Metropolitano seja exclusivo de covid-19. No entanto, o projeto inicial da unidade prevê apenas serviço de urgência e emergência. De acordo com a Secretaria de Saúde da Bahia (Sesab), o hospital está em fase final de instalação de equipamentos e seleção da organização gestora. A pasta não informou a data de previsão de inauguração. A unidade é considerada de grande porte e, a princípio, deverá ter 265 leitos, sendo 55 de Terapia Intensiva (UTI).

Para o secretário estadual de saúde, Fábio Vilas Boas, neste momento não há necessidade de abrir o espaço para atendimentos de covid-19, mas os gestores da região metropolitana pretendem insistir nesta ideia, que será apresentada ao governador através de reunião por videoconferência na tarde desta sexta-feira (10). Os gestores querem, ainda, que sejam instaladas mais 80 UTIs na unidade e estão dispostos a dividir os custos da compra dos equipamentos com o governo. 

“O hospital pode ofertar estas 80 vagas e, com isso, aumentar a nossa proporcionalidade de leitos para poder antecipar essa primeira fase de reabertura nos municípios”, esclarece o prefeito de Camaçari, Antônio Elinaldo (DEM), que apresentou a ideia junto com Moema Gramacho (PT), gestora de Lauro de Freitas.

Chefe do executivo de Simões Filho, Dinha Tolentino (PMDB) explicou ao CORREIO que, após a reunião, ficou definido um protocolo único, que prevê que o comércio não essencial destas cidades poderá ser reaberto no momento em que a ocupação de leitos de UTI cair para pelo menos 75%, portanto 7% abaixo do patamar atual. O percentual é baseado no protocolo da Prefeitura de Salvador e também será debatido na reunião com o governador.

“Esse foi um percentual discutido com nossos secretários e a Sesab, entendendo como o mais seguro. Mas essa reabertura não vai ser exatamente idêntica em todas as cidades, cada uma tem suas peculiaridades, é uma orientação”, disse Dinha. 

Cada gestor, poderá optar, por exemplo, por flexibilizar a liberação de volta das atividades por bairros ou horários determinados. Os estabelecimentos deverão funcionar respeitando critérios que ainda estão sendo detalhados, como distanciamento social, uso obrigatório de máscaras de proteção e fornecimento de álcool em gel. Na avaliação de Moema, a construção de um protocolo único é importante para evitar que moradores de uma cidade migrem para outra em busca de serviços abertos, já que ficam muito próximas.

“Não adianta fechar o comércio de Lauro de Freitas e abrir em Camaçari, se uma faz fronteira com a outra. Já se vão quatro meses de covid-19. Nós vamos ter que aprender a conviver com isso e preparar as cidades para o novo normal. Hoje, os prefeitos estão sem braços, o comércio anda aberto e sem garantia de distância, sem um protocolo de medição de temperatura. Tem coisas que a gente tem que encarar de frente”, completa Elinaldo.

A primeira reunião dos prefeitos, feita na semana passada em Camaçari, já rendeu frutos. No encontro, que contou ainda com a participação dos secretários municipais de saúde e de técnicos estaduais da Diretoria de Vigilância Epidemiológica (Divep/Sesab), foi decretado o toque de recolher das 18h às 5h em toda a RMS. A medida vai até este domingo (12). Na mesma ocasião, as prefeituras ajustaram a metodologia diária de disponibilização dos dados de casos de covid-19, que estavam em discordância com os números da Sesab.

“Entendemos que essa unidade que está acontecendo aqui na Bahia é muito positiva. Os prefeitos pegam o exemplo que foi dado pelo governador e pelo prefeito da capital, que deixaram a diferença partidária para fortalecer a política de enfrentamento ao coronavírus. Por isso que nesse projeto existem prefeitos do PSD, PT, DEM, PMDB, de forma unida para a tomada de decisão”, conclui Dinha.

Participaram da reunião os prefeitos Dinha Tolentino (PMDB/Simões Filho), Antônio Elinaldo (DEM/Camaçari), Moema Gramacho (PT/Lauro de Freitas), Dr. Breno (PSD/São Sebastião do Passé), Jailton Polícia (PRB/Madre de Deus), o vice prefeito Nem do Caipe (PT/São Francisco do Conde).

CASOS CONFIRMADOS NA RMSFonte: Boletim epidemiológico da Sesab - 9 de julho

LAURO DE FREITAS - 3.156 CAMAÇARI - 2.024 SIMÕES FILHO - 1.084 CANDEIAS - 935 DIAS D'ÁVILA - 548 SÃO FRANCISCO DO CONDE - 339 SÃO SEBASTIÃO DO PASSÉ - 304 MADRE DE DEUS - 291 MATA DE SÃO JOÃO - 211 POJUCA - 292 VERA CRUZ - 137 ITAPARICA - 122

TOTAL: 9.443 casos confirmados