Criador de site inspirado no Carro do Ovo é empresário multifacetado

O baiano Leonardo Araújo, do Site do Ovo, criou negócio em época de produção recorde de ovos no Brasil: 3,1 bi de dúzias no ano

Publicado em 22 de maio de 2017 às 12:55

- Atualizado há um ano

Para se ter um bom negócio, é fundamental ter uma boa ideia. E isso, Leonardo Araújo, 32 anos, criador do Site do Ovo, tem de sobra. Empreendedor nato, não precisou nem terminar o curso de Administração de Empresas para dar início às suas empreitadas.Apesar de sua profissão oficial ser a de corretor de imóveis, ele toca suas iniciativas paralelas. Já teve uma microfranquia de camisetas, site de divulgação de eventos e atualmente tem uma loja de artigos turísticos no povoado de Baixio, no município de Esplanada, no Nordeste baiano. E é lá que Araújo acredita que esteja sua nova galinha dos ovos de ouro.O empresário Leonardo Araújo, 32 anos, que 'levou' o carro do ovo para a internet (Foto: Marina Silva/CORREIO)Seu novo projeto é um site de promoção turística do local, um guia completo de atrações, restaurantes e passeios, para o turista que visita a região, que abriga um misto de praias e lagoas. A ideia é avançar e permitir que o visitante contrate serviços através da plataforma.“Estou criando algo como um 'Waze' (aplicativo de localização) de Baixio. O cliente pode comprar tudo de um destino. Você quer comprar alimentação, um show, você compra ali”, fala Leonardo, que aposta que a região ainda tem muito potencial de crescimento turístico. Em breve, novos empreendimentos imobiliários serão inaugurados na região e ele que o trabalho de empresário também o ajude na corretagem de imóveis.O segredo do sucesso, para ele, é a informação. Mesmo não tendo concluído o curso de Administração de Empresas, Leonardo revela que nunca parou de estudar. “Eu passo horas pesquisando sobre coisas que eu acho que são tendência. Pesquiso muito sobre o mercado, sobre o produto, antes de colocar no comércio”, diz.

RecordeO brasileiro trocou mesmo a carne bovina pelo ovo. Segundo dados divulgados pelo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o ano passado fechou com recorde no abate de frango e na produção de ovos. Foram abatidos 5,86 bilhões de frangos, um aumento de 1,1% em relação a 2015 e o maior valor desde o início da série histórica, iniciada em 1997. Já a produção de ovos chegou a 3,1 bilhões de dúzias, ou seja, 5,8% a mais do que em 2015. Por outro lado, o abate de bovinos teve uma queda 3,2% em relação a 2015, com 29,67 milhões de abates em 2016. Essa foi a terceira queda anual consecutiva do abate de bovinos, de acordo com o IBGE.Na Bahia, o cenário não é diferente: o baiano também deixou de comprar o filé e partiu para o frango. O abate de bovinos caiu 6,4% e o estado alcançou produção recorde no abate de frangos com 2,2%. Quanto à produção de ovos de galinha no mesmo período, ela chegou a 11,8 milhões de dúzias, representando um aumento de 15,0% em relação ao trimestre anterior, mas uma redução de 6,4% frente ao 4º trimestre de 2015 visto que nesta época ocorreu a retirada de um número significativo de galinhas poedeiras (que põe ovos) para a muda das penas.“Ocorreu uma queda no consumo nacional da carne bovina por conta crise e alta nos preço, o que impulsionou a procura por um produto similar e mais barato, a carne de frango. Outro fator que influenciou a queda na produção baiana foi o longo período de estiagem que muitos municípios do estado vem passando”, explica o supervisor de Disseminação de Informações do Instituto de Geografia e Estatística (IBGE), André Urpia.O vice-presidente da Federação de Agricultura e Pecuária do Estado da Bahia (Faeb), Humberto Miranda, também concorda que o peso da cesta básica é mais um motivo que justifica o crescimento. “Em muitas mesas a carne bovina foi substituída pelo ovo, frango e suíno, que são proteínas mais baratas. É normal que essa substituição aconteça em tempos de crise econômica”.O aumento no consumo também acaba agregando demanda à produção de grãos, como enfatiza ainda Miranda. “É um desempenho positivo, tanto para o setor avícola quanto para a agricultura, tendo em vista que o aumento da oferta de aves impacta diretamente na demanda por grãos para alimentação animal. Diante deste cenário, a produção de grãos vem aumentando a cada ano, o que contribui para a redução de custo de produção, tornando o produto mais competitivo no mercado e fomentando a atração de investimento na avicultura nas regiões produtoras desses grãos", acrescenta.A produção da Bahia, de acordo a Agência de Defesa Agropecuária da Bahia (Adab) abastece 50% da demanda interna. Em 2016, o estado exportou 3,2 mil toneladas de frango in natura para os países da Venezuela (51,2%), Hong Kong (47,7%), Cabo Verde (0,57%) e Angola (0,44%), como informa o Ministério da Agricultura (MAPA). Pelo menos 95% do setor avícola é voltado para a produção de carne e aproximadamente 5% para ovos.