Cruz das Almas investiga casos com suspeita de falsa médica após morte de paciente

Dados de duas médicas que não atuam na cidade foram usados em prontuários

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  • Da Redação

Publicado em 9 de setembro de 2021 às 08:23

- Atualizado há um ano

. Crédito: Reprodução

A suspeita de que uma falsa médica atuava no centro de covid-19 de Cruz das Almas, no Recôncavo, é investigado internamente pela Secretaria Municipal de Saúde (SMS) da cidade. Situação similar também é apurada por uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) formada pelos vereadores do local.

O caso começou depois que o paciente Ronaldo Conceição Teles, de 42 anos, morreu em abril deste ano com sinais de erro no procedimento de intubação. Ele foi até o centro com sintomas de covid-19. 

A CPI da Covid da cidade, que também apura outras situações ligadas à pandemia, ouviu testemunhas e apurou que a médica Alana Maria Selena Ferreira, que teoricamente ficou responsável pelo procedimento com o paciente que morreu, nunca trabalhou no município.  

Ouvida na CPI no mês passado, a médica provou que estava em Uauá, no norte baiano, onde trabalha, no dia em que Ronaldo morreu. O registro dela no Cremeb foi usado no atestado de óbito do paciente. Com esse caso de falsidade ideológica, surgiu a suspeita de que uma falsa médica atuou no centro. 

Ontem, a secretaria divulgou que há um outro caso, de outubro de 2020, que também veio à tona. A pasta diz que foram encontrados prontuários com carimbo e assinatura da médica Nara Djane Barbosa Novais, que tem Cremeb de Petrolina, mas ela diz que nunca esteve em Cruz das Almas.

Nara diz que já viveu uma situação similar em Nilo Peçonha, também denunciada. O diretor médico de Cruz das Almas, Vitor Lúcio Alves, foi a Petrolina ouvir a médica. Em vídeo, ela diz que só conhece Cruz das Almas de nome e ficou surpresa com os prontuários em seu nome em unidades covid-19 da cidade. "O nome é igual, o CRM é o mesmo, mas a assinatura não é a minha e nem a letra", afirma, em vídeo gravado por Vitor.

Um boletim de ocorrência foi registrado na Polícia Civil e notícia-crime enviada ao Ministério Público Federal e também à Polícia Federal, para apurar possibilidade de que uma quadrilha de falsos médicos atuem na região. 

"Medidas mais rigorosas para admissão de médicos e também substituição de plantões já foram adotadas para evitar a ocorrência de outros casos", diz a nota.