Curso de respiração e yoga ajuda PMs em rotina profissional

Técnicas ajudam a respirar, ficar em silêncio e se conectar consigo mesmo durante cinco horas de aula

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  • Nilson Marinho

Publicado em 18 de janeiro de 2019 às 19:11

- Atualizado há um ano

. Crédito: Foto: Mauro Akin Nassor/CORREIO
. por Mauro Akin Nassor

Vinte e sete policiais militares chegaram ao Edifício Ezatto, 179, na manhã desta sexta-feira (18), mas a grande movimentação de PMs no prédio de três andares que fica na Rua Sabino Silva, no Jardim Apipema, não se tratava de uma operação policial. Todos, inclusive, deixaram seus coturnos e uniformes em casa. Até porque, naquele espaço, a última coisa que poderia se pensar era em correria, alta carga de estresse e pressão – o que esses profissionais já estão acostumados a enfrentar em suas rotinas.

A intenção de estar ali era exclusivamente aprender a respirar, ficar em silêncio e se conectar consigo mesmo durante cinco horas de aula. Ensina-se a expandir a capacidade de respiração, além de técnicas do yoga e meditação.

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Os PMs fazem parte da 32° turma do Programa Arte de Viver para Militares - a primeira neste ano a receber o auxílio de professores de yoga para deixar as suas rotinas profissionais e pessoais menos estressantes. Só no ano passado, 1 mil policiais participaram do projeto. 

Melhora O cabo Gerson Argolo, 49 anos, do Comando Geral da Polícia, não sabia que a sua falta de sono e respiração ofegante, na verdade, se tratava de um transtorno de ansiedade diagnosticado por uma psiquiatra em outubro do ano passado. Desde então, para se manter longe das crises, ele passou a tomar medicamentos controlados.

Na sua última aula no projeto, o cabo já se sentia muito melhor, a ponto de acreditar que já não precisa mais dos medicamentos de traja preta. Gerson começou as aulas na terça. Ao todo são quatro aulas. Para pessoas que não são da profissão, o curso tem a duração de três dias. “Ontem, por incrível que pareça, eu fui dormir às 21h e só acordei às 5h da manhã de hoje, sem fazer uso de medicamento. A pior coisa do mundo é deitar na cama e não conseguir dormir”, contou o cabo. A falta de sono é atribuída à alta taxa de estresse que ele é exposto todos os dias em seu trabalho. “Muita preocupação e sentimentos acelerados, mas esse curso me trouxe uma paz de espírito, uma saúde mental muito melhor. Minha mente parou de trabalhar de forma acelerada”, descreveu.

Técnicas O professor de yoga Michel Fonseca diz que uma das técnicas aplicadas no curso dá ao aluno a capacidade de aprender a respirar de forma correta, eliminando, assim, por meio do ato de inspirar e expirar, quase 90% das toxinas acumulada no corpo.

“Utilizando técnicas corretas você promove a limpeza e, com isso, temos menos estresse. A tendência é que os policiais se tornem menos violentos, menos reativos”, explicou Michel. 

As aulas parecem ter deixado a vida do cabo mais leve. Ele conta que, na saída de uma das aulas, um motoqueiro acabou lhe fechando no trânsito. O que antes poderia acabar em uma grande confusão devido a imprudência do condutor da motocicleta, terminou com um riso. “E me xingou de todos os nomes. A minha reação foi rir e mandá-lo seguir com Deus. Em tempos atrás seria um problema, para mim e para ele”, disse.  O soldado Marcos Vinícius, soldado do 40ª Companhia Independente de Polícia Militar (CIPM/Nordeste de Amaralina), veio com uma certa resistência. Chegou para o curso indicado pelo seu superior. Logo na primeira aula viu que só faria bem.

“Chegamos com um certo preconceito e nos deparamos com algo completamente diferente. Ao longo dos dias, vamos vendo que precisamos muito não só para a nossa vida profissional”, disse ele. 

Em um embate bélico, por exemplo, o professor explica que o PM vai conseguir agir de uma forma muito mais prudente. 

“A nossa mente tem a tendência de o tempo inteiro oscilar entre o passado e futuro. Dificilmente estamos focados 100% no presente. Quando isso não acontece, você tem uma série de sentimentos negativos e não tem foco. Com a mente focada e o corpo livre de estresse, numa situação de conflito, ele se torna menos reativo”, explicou.

*Sob a supervisão do chefe de reportagem Jorge Gauthier