Curso sobre o Cangaço na Bahia prossegue até sexta-feira (21) no Instituto Geográfico Histórico da Bahia

As aulas são realizadas na Piedade, sempre das 14h às 18h

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  • Carmen Vasconcelos

Publicado em 18 de julho de 2017 às 06:00

- Atualizado há um ano

Maria Gomes de Oliveira(Maria Bonita) e Dadá mais reais através das cores de Rubens Antonio (Foto: Rubens Antonio/divulgação)O final do século XIX e o início do XX, o interior da Bahia estava esquecido pelo Estado brasileiro. Nessa época, para alcançar a justiça, alguns homens e mulheres passaram a viver como fugitivos da lei por meio de um movimento conhecido como Cangaço. A Bahia foi um dos estados que mais forneceu cangaceiros, especialmente a região de Paulo Afonso.

Para resgatar a história do movimento no Estado e suas influências no folclore e na cultura local o historiador, geólogo e colorista Rubens Antonio foi buscar fotos de época, documentos diversos e jornais datados do período. No esforço de emprestar ainda mais realidade à pesquisa, ele também exibe fotos de época que ganham cores por meio da técnica do colorismo. As imagens, inclusive, fizeram parte da exposição “Pepitas de fogo: o cangaço e seu tempo colorizados”, que foi exibida em agosto de 2016, no museu Palacete das Artes.

O resultado de toda essa pesquisa pode ser conferido até sexta-feira (21), no curso O Cangaço na Bahia. As aulas são realizadas na sede do Instituto Geográfico e Histórico da Bahia, na Piedade, sempre das 14h às 18h. “Saber e entender o cangaço é dispor de uma ferramenta fundamental para conhecermos a Bahia, no que foi e o que é, enfim, saber quem fomos, somos e seremos”, destaca Antonio.

O historiador lembra que, no início, o cangaço era uma atividade de retirantes. O termo, inclusive, nasce da canga, que é uma peça de madeira usada para prender junta de bois ao arado. Nos anos 20 do século seguinte, cangaceiro virou sinônimo para bandido nortista, com suas indumentárias de couro e chapéus, além de carabinas, revólveres, espingardas e peixeiras. Essa indumentária vai criar uma forte identificação com a cultura nordestina, estando presente nas lendas, na literatura de cordel, nas festas juninas, no folclore. “Na época de Lucas da Feira e seu bando(1828), o cangaço era uma atividade limitada. Com Lampião, o cangaço se torna mais amplo, mais violento e efetivo”, diz o historiador. Ele explica que a maioria dos cangaceiros possuem uma história de reparação, uma vingança que termina motivando o ingresso na vida de fora da lei.

A despeito da extrema violência e da brutalidade usada pelos bandos como uma forma de mostrar poder e se fazer respeitar, uma parte da população enxergava nas ações dos cangaceiros, em especial de Virgulino Ferreira da Silva(Lampião), bravura e honra. Na opinião do historiador, diante de tanto horror, a cultura popular passou a romantizar o banditismo, usando subterfúgios como a fé, os atos de caridade e a religiosidade do bando para justificar a violência.

A aula da quarta vai focar no período de 1928 a 1929, quando Lampião passar a criar uma lenda em torno do seu nome, fazendo crescer o temor das comunidades que eram visitadas pelo bando.

As inscrições podem ser feitas diretamente pelo site do IGHB – www.ighb.org.br – Mais informações podem ser obtidas por telefone (71 3329 44/63) ou na sede do Instituto: Avenida Joana Angélica, 43 – Piedade.

Confira a programação:Dia 17: O século XIX; Lucas da Feira; Bando do Tará; Bando do Brejo do Burgo; O século XX; Cauassus; 1924 a 1927: Cangaço em ascensão; Fronteiras com Piauí e Goiáas; ConvêniosDia 18: 1928 – 1929 - Alvorada lampiônica; As primeiras notícias; O crescendo do temor; Reações pomposas e inúteis; A chegada efetiva; As primeiras sagas e tragédias; PerplexidadesDia 19: 1929 a 1932: Cangaço tonitruante; O apogeu do Cangaço na Bahia; A melhor percepção; Menos perdas; Início do contra-ataque;Violência de lado a lado; Guerra fria Bahia – Sergipe; O Exército à frenteDia 20: 1933 a 1938: Derrocada do Cangaço; Subgrupos e domínios; Grandes perdas; Marcando passo; Às portas do fim; Lá, apaga-se o LampeãoDia 21: 1939 – 1940; Cá, apaga-se o Corisco; Rescaldos - Olhando para frente; Cabeças em estudo; Cabeças em exposição; Sepultamentos; Mitificação; Olhando para trás