Danilo Fernandes lembra terror em ônibus e lamenta violência: 'Pessoas doentes'

Goleiro não tem prazo para voltar aos gramados, mas diz que fica no Bahia

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  • Da Redação

Publicado em 1 de março de 2022 às 16:13

- Atualizado há um ano

. Crédito: Foto: Felipe Santana/EC Bahia

Vítima durante o ataque ao ônibus do Bahia, na última quinta-feira (27), quando o elenco tricolor chegava na Fonte Nova para enfrentar o Sampaio Corrêa, pela Copa do Nordeste, o goleiro Danilo Fernandes concedeu entrevista e falou sobre o caso. 

Ainda com as marcas do corte na região próxima do olho, o goleiro lamentou o ataque e lembrou de outros episódios de violência no futebol brasileiro para pedir um ambiente mais seguro para todos os participantes do esporte.  

"Uma das entrevistas mais difíceis da minha vida, falando de coisas que a gente não quer falar. Uma situação chata, o futebol brasileiro é pentacampeão mundial e hoje está virando notícias policiais. Em um momento que o mundo está vivendo guerras, estamos passando por isso em um ambiente que era para unir todos em um só objetivo de dar alegrias ao povo brasileiro", iniciou ele. 

Danilo lembrou o momento de terror que viveu quando foi atingido pelos estilhaços após o ônibus tricolor ter sido alvo de bombas. Ele relata que na hora não percebeu pois estava usando fones de ouvido e que a explosão poderia ter gerado consequências muito maiores. 

"Eu estava conversando com os companheiros e eles relataram que eu demorei para falar que tinha acontecido alguma coisa. Como eu estava de fone de ouvido não percebi, mas simplesmente senti como se fosse uma porrada no meu rosto. Sem saber o que estava acontecendo vi depois alguém falando que era bomba no ônibus e quando dei conta estava sangrando, pingando do meu rosto. Me chamaram para ir para frente, eu estava aéreo, não sabia o que estava acontecendo", contou o goleiro. 

"São marcas que ficam para o resto da vida, não é uma coisa que a gente queria. Uma coisa é se machucar dentro do campo, outra é se machucar, não sei, intencionalmente. Principalmente no pescoço, que foi bem profundo e o médico disse que poderia ter pegado alguma veia, até a barba ajudou um pouco a proteger. Ele disse que tinha muito vidro dentro, mas eu tenho a cabeça boa, suporte da minha família, clube. Acho que vou estar bem para as próximas semanas", continuou. 

Na análise de Danilo Fernandes, o atentado ao ônibus do Bahia e outros episódios de violência espalhados pelo futebol brasileiro nos últimos dias mostram que a parte da sociedade está doente e tenta descontar as suas frustrações nos clubes, dirigentes e atletas. 

“O que me dói é ver que uma parte do ser humano deu errado. A parte física e mental a gente cuida, tem o dia a dia para sustentar, as pessoas certas que nos dão suporte. Mas tem uma parte do ser humano que deu errado, isso não pode ser normal. A gente só quer fazer o nosso melhor, a gente tem família para sustentar. Tem uma parte do ser humano que não evoluiu, não sei se tem frustrações dentro dele que ele desconta em outras coisas, e não vai ser no atleta de futebol que ele vai descontar”, afirmou. 

“Às vezes esse ser humano, essa pessoa, desconta uma falta de amor próprio em pessoas que não tem nada a ver com o sentimento dele, chega a dar dó, pena. Eles precisam se tratar, são pessoas doentes. A gente acaba pagando o preço, e não pode ser assim. Torço para um futuro melhor para eles, que encontrem um caminho de luz. Queremos todos vivendo em um mundo ideal, onde todos tenham compaixão um pelo outro. Está faltando isso”, completou.

Fica no tricolor Questionado se pensou em deixar o Bahia após o episódio, Danilo Fernandes disse que a hipótese não passou pela sua cabeça e garante que está motivado para voltar a jogar pelo Esquadrão. Ele tem contrato com o tricolor até o fim do ano.  

O jogador ainda não tem prazo para voltar aos campos. Na próxima sexta-feira (4), ele vai passar por um novo procedimento médico no olho. Além disso, o goleiro recebeu 20 pontos em diversas partes do corpo. 

"Não me passou pela cabeça em momento algum. Estou bem feliz, eu e a minha família estamos adaptados à cidade e tudo que move o Bahia [...] A minha motivação é poder fazer o que eu mais amo, isso não vai ser um dois três ou sei lá quantos vândalos que vão fazer", finalizou.