De mãos dadas com o conhecimento

O trabalho voluntário permite troca de experiências enriquecedora para quem está recebendo o apoio e também para quem está trabalhando

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  • Do Estúdio

Publicado em 26 de setembro de 2019 às 16:43

- Atualizado há um ano

. Crédito: Shutterstock

Estudar matemática, física, química, português, biologia e encontrar um tempo para ser voluntário. Compartilhar conhecimento de forma espontânea, sem remuneração, e de peito aberto é parte da construção da cidadania e tem atraído cada vez mais os adolescentes. É que para ajudar o próximo não precisa nada além de doação e vontade.

É exatamente assim que alunos do Colégio Marista, em Salvador, têm ajudado a mudar a rotina de duas escolas públicas, uma em Salvador e outra em Lauro de Freitas. Um grupo de 40 alunos, do sexto ao nono ano, têm colaborado com reforma e organização das bibliotecas, arrecadação de material paradidático e monitoria de estudo com colegas de séries mais novas, que precisam de um reforço escolar.

Mas se engana que pensa que, com essas ações, ganham apenas os estudantes das escolas públicas. O trabalho voluntário permite essa troca de experiências, que é enriquecedora para quem está recebendo o apoio e também para quem está trabalhando. “Eles adoram estar entre jovens e se sentem em uma causa nobre. Dá um impulso na motivação dos alunos, que muitas vezes descobrem talentos que nem imaginavam que tinham. Esse trabalho faz com que nossos alunos saiam da perspectiva de mundo deles, das suas rotinas, e conheçam novos ambientes”, destaca João José Braga, coordenador de Pastoral do Colégio Marista.

Para Daniela Davis, coordenadora do Programa Service-learning na Escola Pan Americana da Bahia, é mesmo fundamental que os alunos tenham essa noção. “Nós somos seres humanos gregários. Não vivemos de forma isolada, fora de comunidade. É muito importante que saibam que existem muitas perspectivas, opiniões. E isso deve ser levado em conta com a vivência em comunidade”, destaca Daniela Davis.

E quanto mais novo tiver esta noção, mais agregador é para o cidadão. “É fundamental em todas as fases da vida. No início da formação ajuda a firmar o caráter, enquanto ser humano, com suas características e valores. A criança é diretamente impactada e influenciada pelo contato e convívio”, ressalta Daniela Davis, ao explicar como a escola tem incentivado o trabalho voluntário dos alunos.

Tudo é feito de maneira bem orgânica. Os estudantes têm liberdade para debater com os professores questões que despertam neles uma vontade de colaborar de alguma maneira. Neste ano, uma turma tem se dedicado a apoiar uma ONG em arrecadar dinheiro para cuidar dos animais que estão soltos nas ruas sem cuidados. Arrecadam tampinhas, que são vendidas, e doam o dinheiro para que tratamentos sejam pagos.

“Eles desenvolvem projeto, criam a ação e os professores dão o suporte. Fornecemos ferramentas. Ajudamos a desenvolver o que os alunos pensam, mas o planejamento e a gestão são feitos pelos alunos. Eles vão aprendendo e aplicando em algo maior. Se doam e recebem em troca a gratidão de quem ajuda. Beneficiam causas, comunidades, e aprendem demais habilidades que vão ser utilizadas por toda a vida”, completa a coordenadora.

Mercado de trabalho valoriza profissional com experiência em voluntariado Incluir trabalho voluntariado no currículo já não é mais novidade no mercado de trabalho. Até o linkedin, principal rede social profissional do mundo, tem um espaço especial para que as pessoas possam contar sobre suas experiências com trabalho voluntário. A nova aba foi disponibilizada após uma pesquisa feita pela empresa constatar que 14% dos recrutadores tomaram decisões baseados na experiência de voluntariado dos candidatos e 59% dão atenção especial a currículos que incluem experiências de voluntariado.

“Milhões de profissionais doam seu tempo em trabalhos voluntários que causam impacto na vida de outras pessoas. Acontece que o voluntariado é tão bom para sua carreira como para as pessoas que você ajuda”, destacou a empresa em um post que anunciava a decisão, em setembro de 2011.

Não é à toa também que diversas universidades estimulam que seus alunos dediquem horas extracurriculares para ajudar o entorno em que vivem. É uma forma de ajudar o próximo com o que aprendem nas aulas, desenvolver novas habilidades e ampliar a visão de mundo.

“O trabalho voluntário tem a capacidade de desenvolver as potencialidades do estudante. Faz com que a vivência dele seja diferente de quem não se permitiu vivenciar esta realidade. É um conhecimento engrandecedor que não está nos livros, nem nos jornais. Quando ele vive, experimenta, passa a ser um agente transformador. Aí é que vai diferenciar o currículo dele dos demais concorrentes que nunca se permitiram ser voluntários”, destaca Patrícia Pastori, coordenadora de Extensão Comunitária da UNIFACS.

Hoje, ela coordena mais de 90 projetos que visam a melhoria das comunidades. “Esse tipo de ação reforça o papel social das instituições de ensino. Atrelar a missão dessas instituições com a responsabilidade social é um ciclo virtuoso. Beneficia todos os envolvidos. Ajuda a desenvolver o entorno e transformar a vida de um grupo de pessoas, além de motivar os estudantes para que eles sejam também protagonistas neste processo de transformação social. O trabalho voluntário proporciona, dentro do processo educacional, esse ganho de todos os lados”, ressalta Patrícia Pastori.

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