De olho no mar: navio vem dos EUA para treinamentos na Bahia

Salvamento e resgate são outros objetivos de viagem da guarda costeira pelo Atlântico

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  • Wendel de Novais

Publicado em 10 de fevereiro de 2021 às 21:00

- Atualizado há um ano

. Crédito: Arisson Marinho/Correio
. por Arisson Marinho/Correio

Em viagem desde 22 de dezembro de 2020, quando saiu do estado de Mississippi, nos Estados Unidos, rumo às águas do Atlântico, o Stone, um dos novos navios de grande porte da guarda costeira americana, está ancorado em Salvador, onde troca informações com a Marinha sobre o combate a crimes marítimos e realiza o abastecimento da embarcação que, antes, passou por Buenos Aires, na Argentina, e pelo Rio de Janeiro. A tripulação está no mar acompanhando a operação Cruzeiro do Sul, que tem no combate à pesca ilegal um dos seus principais objetivos. 

Os tripulantes precisaram passar por quarentena e três baterias de testes em um período de 45 dias para colaborar na viagem. Estima-se que a pesca ilegal seja responsável pela perda anual de dezenas de bilhões de dólares em receita para pescadores legalizados. "A pesca ilegal é mais perigosa financeiramente que a pirataria. Os atores principais não têm bandeira, não têm limites geográficos. Estão por todo lado. Por isso, precisamos desse combate. No mundo inteiro, 27 milhões de toneladas de peixe são pescados ilegalmente todo ano. Isso significa, anualmente, quase 23 bilhões de dólares de perda", afirma o capitão do navio, Adam Marrison.

Marrison também disse ao CORREIO que a região de Salvador não é uma área que preocupa em relação à pesca ilegal, mas que a passagem por aqui garante a fiscalização do local já que pode inibir ainda mais a presença de pescadores do tipo em águas soteropolitanas. "Aqui, estamos em uma das maiores costas marítimas que, no momento, não causa preocupação quanto à pesca ilegal. Mas como o trabalho não pode parar, passamos por aqui, trocamos informações e experiências com a Marinha do Brasil e fortalecemos a fiscalização de uma maneira geral", explica. 

A Guarda Costeira americana é especializada em desenvolver e implementar mecanismos de fiscalização e transferir esse conhecimento a nações parceiras para que criem uma frente única de combate à pesca ilegal em qualquer oceano. O navio Stone esteve na costa da Guiana antes de vir ao Brasil e daqui partirá para países vizinhos, entre eles o Uruguai.    Navegando em tempos de covid-19 A pandemia do novo coronavírus dificultou a execução de inúmeras atividades. O trabalho da guarda costeira não é uma exceção. Antes de embarcar, os tripulantes precisaram fazer uma quarentena de 14 dias e passaram por três testes para extinguir a possibilidade do vírus entre os marinheiros. Isso é o que garante Miguel Pinheiro, oficial da marinha portuguesa que acompanha os americanos. "Fizemos a quarentena muito rígida. Antes de entrar no navio, fizemos um teste e aguardamos o resultado. Quando o resultado de todos deu negativo, nós embarcamos. Nas duas primeiras semanas, fizemos mais dois testes e todos negativaram novamente. Nesse período, não deixamos de usar máscaras e ter os mais rigorosos cuidados com a higienização das mãos", declara Pinheiro.

O capitão Marrison conta que por conta da viagem acontecer em meio à pandemia, diferente de outras operações, ninguém desembarca do navio em nenhuma das cidades visitadas. "É algo diferente, mas muito necessário, com toda certeza. Infelizmente, o que vemos das cidades em que visitamos é através das lentes dos binóculos, bem distante de terra firme já que nem ancoramos em porto algum. São quatro meses assim, sem pisar fora do navio e dos barcos menores que temos", diz Marrison.

*Com orientação da chefe de reportagem Perla Ribeiro