Decisão judicial desfavorável afeta maior mina da Vale em Minas Gerais

Paralisação das operações apenas dessa estrutura pode produzir um impacto de aproximadamente 30 milhões de toneladas de minério de ferro por ano

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  • Da Redação

Publicado em 4 de fevereiro de 2019 às 23:48

- Atualizado há um ano

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A Mina de Brucutu, afetada em decisão do Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJMG), é a maior da Vale em Minas Gerais. Inaugurada em 2006, foi anunciada na época como sendo a maior do mundo em capacidade inicial de produção. Em 2016, a mineradora noticiou em seu site que ela ocupava a segunda posição do país em produção, sendo superada apenas pela Mina de Carajás, localizada no Pará. A implantação do empreendimento mineiro custou US$ 1,1 bilhão e chegou a ter 6 mil trabalhadores durante o pico das obras. Foto: Divulgação Sediada no município de São Gonçalo do Rio Abaixo (MG) próximo ao limite com Barão de Cocais (MG), a Mina de Brucutu fica a cerca de 100 quilômetros de Belo Horizonte. No terceiro trimestre do ano passado, quando a Vale bateu o recorde de produção no Brasil com a marca de 104,9 milhões de toneladas de minério de ferro, 27% veio dos complexos de Itabira, Mariana e Minas Centrais. Este último abriga a Mina de Brucutu. Não há informações de sua produção individual no período.

Conforme a Vale informou hoje (4) mais cedo, a decisão judicial atende pedido feito pelo Ministério Público de Minas Gerais (MPMG) em uma ação civil pública e impede a mineradora de prosseguir com as atividades da barragem de Laranjeiras, na Mina de Brucutu. De acordo com a empresa, a paralisação das operações apenas dessa estrutura pode produzir um impacto de aproximadamente 30 milhões de toneladas de minério de ferro por ano. Diante do anúncio, as ações da Vale fecharam o dia com queda de 3,39%.

A ação tramita em segredo de Justiça. Nem o TJMG e nem o MPMG forneceram informações. Segundo a Vale, a decisão também suspende as operações de mais sete barragens. Uma delas, Menezes II, fica na Mina Córrego do Feijão em Brumadinho, a mesma onde se rompeu outra barragem no dia 25 de janeiro.

"Todas as barragens estão devidamente licenciadas e possuem seus respectivos atestados de estabilidade vigentes. A Vale entende, assim, que não existe fundamento técnico ou avaliação de risco que justifique uma decisão para suspender a operação de qualquer dessas barragens", informou a mineradora, anunciando que vai recorrer da decisão. Alteamento a montante

Três das estruturas que devem ser paralisadas - Forquilha I, Forquilha II e Forquilha III - ficam na Mina da Fábrica, em Ouro Preto (MG). Todas elas utilizam o método alteamento a montante, o mesmo que era empregado na barragem da Samarco que deu origem à tragédia de Mariana (MG) em 2015 e na da Vale que se rompeu em Brumadinho no dia 25 de janeiro.

Na semana passada, a Secretaria de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável de Minas Gerais (Semad) deu prazo de 360 dias para que todas as mineradoras apresentem um plano de trabalho com ações a serem implementadas para que a descaracterização das estruturas  que usem o método alteamento a montante seja concluída em no máximo 2 anos.

Segundo a Vale, Forquilha I, Forquilha II e Forquilha III já estavam inativas e incluídas no plano de descomissionamento de barragens anunciado na semana passada.