'Dei quatro tiros', diz suspeito de matar músico em Boca da Mata

Ueslei assumiu o crime, mas disse que foram os comprasas quem degolaram a vítima

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  • Bruno Wendel

Publicado em 14 de março de 2017 às 18:59

- Atualizado há um ano

“Dei quatro tiros”, disse Ueslei Silva Sarinho, o Heures, 22 anos, ao falar sobre a morte brutal do músico e compositor Felipe Yves Magalhães Gomes, 21, durante apresentação, na manhã desta terça-feira (14), no Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), na Pituba.

Ueslei foi preso na segunda-feira (13), no bairro de Castelo Branco. Ele estava escondido na casa do irmão desde que o músico foi baleado e degolado no dia 6 de março. Chegou com a cabeça erguida e chegou a rir durante a entrevista – a grande maioria dos presos chega cabisbaixo – e contou partes do que aconteceu naquele dia.Ueslei durante a apresentação na sede do DHPP (Foto: Divulgação/ Polícia Civil)Segundo Ueslei, líder da facção Bonde do Maluco (BDM) na localidade de Independência, que divide os bairros de Boca da Mata e Cajazeiras XI, Felipe era envolvido com drogas e estava bebendo com integrantes do grupo antes do crime – segundo a polícia, não há nada que relacione a vítima ao tráfico de drogas.

A mãe de Felipe foi ouvida pelo CORREIO nesta terça e também negou que o filho tivesse envolvimento com o mundo do crime. "É muito fácil para ele dizer que meu filho era uma pessoa errada. Meu filho morreu, não pode se defender, então, ele fala o que ele quer", afirmou.Ueslei disse ainda que saiu do local. “Quando voltei, ele (a vítima) ainda estava lá, umas 5h, aí matei. Dei quatro tiros”, afirmou. A vítima foi levada para o matagal, onde foi assassinada. O suspeito disse aos jornalistas que, depois que atirou, deixou a cena do crime e, por isso, não sabe dizer quem praticou a degola. “Não vi quem fez. Não estava lá na hora”, contou.O corpo de Felipe Yves foi encontrado em um matagal (Foto: reprodução)RixaO delegado Guilherme Machado, coordenador da 2ª Delegacia de Homicídios (2ª DH/Central), disse que o crime ocorreu, porque a vítima, segundo o preso, estaria fazendo um levantamento de informações para o bando rival do traficante Euder, que é ex-comparsa de Ueslei e líder da facção Caveira no bairro de Cajazeiras II.“O conflito entre os dois traficantes cresceu, e a vítima não tinha noção do quanto a rivalidade se acirrou. Então, Ueslei desconfiou que Felipe fazia um levantamento dos imóveis da quadrilha e resolveu executá-lo. Quando ele retorna ao local e dá de cara novamente com a vítima, disse: ‘Você ainda está aqui? Apaga, apaga ele’”, contou o delegado.

“Apesar das declarações de Ueslei, nas investigações, não há nada que ligue a vítima ao tráfico de drogas. O que há é que ele conhecia Euder, era como se fosse um primo, diante da tamanha amizade, e levou Ueslei a acreditar que ele estaria ali, naquele dia, para passar informações para o grupo rival”, explicou o delegado.Ainda de acordo com Guilherme Machado, a polícia não sabe quais as circunstâncias de como Felipe chegou à Independência. “Com a prisão de Penga e a acareação entre todos os envolvidos, serão esclarecidas todas as dúvidas do inquérito”, disse.

Segundo a polícia, o último envolvido no crime, Railson Couto dos Santos, 22, o Penga, ainda está foragido, mas já teve a prisão preventiva decretada pela Justiça. Além de Ueslei, está preso pelo envolvimento no crime Andrei de Jesus dos Santos, o Lacoste, e apreendidos dois adolescentes, ambos de 17 anos, também acusados de participação.Felipe com Igor Kannário; compositor fez músicas cantadas pelo artista (Foto: Reprodução)ExecuçãoSegundo as investigações, a polícia conseguiu chegar à participação de cada um dos acusados na morte de Felipe Yves. Ueslei foi o autor dos quatros disparos efetuados contra a vítima. “Foram à queima-roupa, realizados pelo líder da facção (Ueslei)”, disse o delegado. A arma usada no crime foi encontrada na casa da mãe do traficante, no bairro de Castelo Branco. “Ele mesmo disse que matou o compositor com o revólver calibre 38, apreendido na casa da mãe. A arma será periciada”, complementou Machado.

Andrei teria ajudado a levar a vítima ao local do crime. “Ueslei e Andrei dizem que quem degolou a vítima foram Penga e os dois adolescentes”, disse o delegado. Uma faca foi apreendida com um dos adolescentes e foi apresentada pela polícia como sendo a arma usada no crime. O objeto também será periciado.