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Delivery de drogas: Motoristas de app faziam até 15 entregas por dia

Entenda como funcionava esquema de entrega em bairros de classe média-alta em Salvador

  • Foto do(a) author(a) Wendel de Novais
  • Wendel de Novais

Publicado em 23 de setembro de 2022 às 05:15

 - Atualizado há 2 anos

. Crédito: Arisson Marinho/CORREIO
. por Arisson Marinho/CORREIO

Na porta de casa, do bar ou até mesmo de um restaurante. Era, principalmente, nesses pontos que os três motoristas de aplicativo presos por tráfico em operação da Policia Civil, nesta quinta-feira (22), realizavam entregas em uma ação criminosa que a investigação identifica como ‘delivery de drogas’ em Salvador. A entrega, que costumava ser feita na rua onde o cliente estava, era encomendada por aplicativos de mensagens e acontecia através de um aperto de mão, onde os traficantes passavam pequenas quantidades de cocaína para os clientes em embalagens plásticas.

Delegado do Departamento de Repressão e Combate ao Crime Organizado (Draco), Glauber Ushiyama conta que a investigação, que existe há seis meses e resultou na Operação Pelicanus, aponta para um volume de dezenas de entregas diárias dos suspeitos. “O que se apurou ao longo da investigação é que estes suspeitos conseguiam realizar de 7 a 15 entregas por dia. Para os clientes eles vendiam pequenas embalagens de cocaína, que eram comercializadas por valores entre R$ 50 e R$ 100”, explicou Ushiyama.

Ainda de acordo com a polícia, a quantidade de drogas transportada não era grande porque eram consumidores individuais e não revendedores. O grande diferencial era a qualidade das drogas, consideradas de ‘classe a’. O esquema atendia bairros nobres na capital. Na lista dos investigadores, os principais pontos de entrega estavam situados em locais como Corredor da Vitória, Barra, Ondina, Rio Vermelho, Pituba e Imbuí.

Ao longo da manhã de quinta, os três suspeitos alvos da operação foram presos em locais diferentes: Rio Vermelho, Imbuí e em um posto de combustível na Avenida Paralela. Os indivíduos são identificados pelos prenomes Robson, Alberto e ‘Mica’. O último, inclusive, teria conseguido escapar de casa antes dos agentes chegarem, mas foi localizado quatro horas depois abastecendo o carro.

O delegado Glauber Ushiyama informou que, nas primeiras conversas com os homens, que foram presos em posse de drogas, balanças de precisão e quantias de dinheiro, parte deles admitiu a culpa. “Conseguimos identificar e prender motoristas de aplicativo que utilizavam de suas funções para o transporte e entregavam entorpecentes em bairros de classe média-alta. Não tem dúvida da participação deles, dois confessaram, mas um negou toda autoria”, afirmou.

A investigação aponta que a principal droga transportada pelos criminosos era cocaína 99, um tipo mais caro e puro do entorpecente. Os investigadores explicaram que nem todos os envolvidos foram presos ontem e, por isso, a operação vai continuar. “Nós prendemos três dos envolvidos nesta quadrilha. Temos outras pessoas para serem presas. É um grupo que se organizava e fazia um consórcio entre eles para vender para um grupo de poder aquisitivo maior”, destacou Ushiyama.

Além disso, a polícia também continuará apurando para saber como o grupo conseguia a droga. Segundo informações iniciais, eles não têm qualquer envolvimento com facções e a fonte dos entorpecentes vendidos é outra, ainda não descoberta.

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Indiciados Apesar de se apresentarem como motoristas de aplicativo e usarem da profissão como fachada para mascarar as atividades criminosas, eles não utilizavam os aplicativos nas operações. Até por isso, os aplicativos foram procurados pela reportagem, mas reiteraram que não possuem qualquer ligação com a prática dos suspeitos.

Os envolvidos, segundo a polícia, serão indiciados como traficantes, pois não podem ser considerados apenas como transportadores da droga. Advogada Criminalista, Carolina Neris explica de que forma os alvos podem ser processados pela Justiça. “Aos motoristas poderia ser imputado o crime disposto no art. 33 da Lei de Drogas, vez que o traficante, também, é aquele que transporta, guarda, ministra, entrega a consumo ou fornece drogas, ainda que gratuitamente, sem autorização”, esclarece a advogada

Ainda segundo Carolina, por conta da característica do crime, os suspeitos podem ser indiciados também em outro artigo penal. “Neste sentido, além da imputação pelo crime de tráfico de drogas, os motoristas podem responder por associação criminosa”, completa ela, ressaltando que é preciso comprovar a ciência da prática de crime por parte dos acusados.

Essa não é a primeira vez em 2022 que homens identificados como motoristas de aplicativos se envolvem em crimes de tráfico de drogas. Em julho, a Polícia Rodoviária Federal (PRF) apreendeu um quilo de maconha durante fiscalizações de veículos em Itabuna, no sul da Bahia. O veículo com a droga foi abordado no km 512 da BR-101.

No carro, estavam três pessoas. Um homem de 40 anos, que estava dirigindo o veículo, disse que era motorista de aplicativo e desconhecia a existência da droga. Já a passageira, uma mulher de 23 anos, estava com a filha de 3 anos e informou aos policiais que pegou a maconha no município de Camacan e estaria levando para Itabuna para consumo próprio.

Tanto a passageira como o motorista foram encaminhados com a droga e o veículo para a delegacia da Polícia Judiciária, onde foram autuados em flagrante pelo crime, de acordo com a PRF.