Deltan pediu a Moro verba da 13ª Vara para publicidade, diz jornalista

Informação faz parte de diálogos vazados que seriam entre procurador e Sergio Moro

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  • Da Redação

Publicado em 15 de julho de 2019 às 22:24

- Atualizado há um ano

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O procurador Deltan Dallagnol, coordenador da força-tarefa da Lava Jato, pediu ao então juiz Sergio Moro dinheiro da 13ª Vara Federal de Curitiba, na época comandada pelo hoje ministro da Justiça, para uma campanha publicitária em prol das Dez Medidas contra a Corrupção.

A ação, iniciativa de Deltan e outros procuradores, foi apresentado na Câmara como projeto de iniciativa popular, que ainda tramita no Congresso Nacional após várias modificações.

“Você acha que seria possível a destinação de valores da Vara, daqueles mais antigos, se estiverem disponíveis, para um vídeo contra a corrupção, pelas 10 medidas, que será veiculado na (TV) Globo??”, questionou Dallagnol no dia 16 de janeiro de 2016. As mensagens foram divulgadas pelo jornalista Reinaldo Azevedo, do Uol e Band News, em nova parceria com o The Intercept.

O procurador diz que a campanha custaria R$ 38 mil e que a produtora está cobrando "apenas custos de terceiros". Fala ainda que caso não seja possível poderá fazer crowdfunding (vaquinha) entre interessados em patrocinar ou nos envolvidos na campanha.

Deltan pede que Moro avalie se a questão pode "de qualquer modo arranhar a imagem" da Lava Jato. Moro responde que "se for só uns 38 mil acho que é possível".

O uso da verba da 13ª Vara Federal para publicidade é um desvio de finalidade. Se a verba for recurso recuperado pela força-tarefa, deve voltar para a União e seu uso deve ser decidido na lei orçamentária. As varas federais não têm verba para publicidade.

Nas mensagens não fica claro se o dinheiro chegou a ser usado na campanha. Em nota oficial, a Lava Jato diz que não reconhece as mensagens e que não usou recursos da 13ª Vara para propaganda. “A força-tarefa em Curitiba afirma que não reconhece as mensagens que têm sido atribuídas a seus integrantes nas últimas semanas. O material é oriundo de crime cibernético e não pode ter seu contexto e veracidade confirmados. Mais uma vez, é divulgado como verdadeiro fato que jamais ocorreu. Nunca houve qualquer tipo de direcionamento de recursos da 13ª Vara Federal para campanha publicitária ou qualquer ato relacionado às 10 medidas contra a corrupção”, dizem os procuradores na nota.