Demir Lourenço: ‘Salvador é líder em navegação de longo curso’

Diretor do Tecon ressalta estrutura do porto para a economia da região Nordeste do Brasil

  • D
  • Da Redação

Publicado em 13 de outubro de 2021 às 05:00

- Atualizado há um ano

. Crédito: Reprodução

Os primeiros registros da presença da Wilson Sons na Bahia remontam a 1837. A empresa teve em Salvador, no prédio da Associação Comercial, o seu primeiro escritório. Além disso, durante quase todo o Século XIX, ela foi responsável por importar 70% do total de carvão que era utilizado no Brasil, através do porto da capital baiana. Em dezembro de 1999, a história quase bicentenária começou um novo capítulo quando a empresa ganhou a concessão do Terminal de Contêineres do Porto de Salvador, o Tecon Salvador. 

A operação, que se iniciou em março de 2000 já rendeu investimentos superiores a R$ 900 milhões por parte da empresa, lembra o diretor executivo do Tecon Salvador, Demir Lourenço, durante a participação no programa Política & Economia, transmitido ontem no Instagram do CORREIO (@correio24horas). Ele foi entrevistado pelo editor Donaldson Gomes. No início da operação, o terminal movimentava 30 mil TEUs – unidade correspondente a contêineres de tamanho padrão. “No ano passado, nós movimentamos 340 mil TEUs”, compara Lourenço. “Por mais que a visibilidade daquilo que nós fazemos seja pequena, é importante frisar que boa parte do pão que nós comemos, a farinha que usamos para bolos e biscoitos, o arroz e uma série de produtos do nosso dia a dia chegam ou saem através do Porto de Salvador”, lembra. Nas últimas duas décadas, lembra o executivo do Tecon, o Porto de Salvador recebeu uma série de melhorias que otimizaram sensivelmente a sua operação, tanto em sua área interna, quanto em seus acessos. “Durante muitos anos foi um desafio conviver com o trânsito da cidade e para a cidade conviver conosco. Mas desde a inauguração da Via Expressa Baía de Todos os Santos, essa situação se inverteu e passamos a ter um acesso privilegiado”, lembra. 

“É importante que o baiano saiba que Salvador é, de longe, o maior porto em movimentação de contêineres de longo curso do Nordeste”, ressalta o executivo do Tecon. “Em 2020, movimentamos 191 mil TEUs, Suape (em Pernambuco) movimentou 90 mil e Pecem (no Ceará), 37 mil TEUs”, compara. 

Demir Lourenço diz que a única vantagem que outros estados do Nordeste podem ter sobre a Bahia na questão portuária é em relação ao marketing. “Nossos portos estão espalhados pela Baía de Todos os Santos. Juntos, movimentamos mais que qualquer estado do Nordeste”. 

Nos últimos anos, o Tecon construiu um novo berço de atracação. A área principal tinha 377 metros e foi construído um novo, com mais 423 metros. “Hoje temos 800 metros de cais linear, estamos dragando estes berços para que eles fiquem com uma profundidade de 16 metros, para termos uma profundidade adequada à nova realidade de navios”, conta. 

Além disso, lembra ele, houve um investimento em novos guindastes muito grandes, chamados de portaineres.  Os equipamentos têm capacidade para içar cargas a 51 metros do solo, diz. “Na totalidade, são quase 120 metros de altura. Conseguem colocar cargas a 66 metros da face do cais. Estamos totalmente adequados a receber os novos gigantes dos mares”, comemora.  Em outra frente, outros 30 mil metros de quadrados foram dotados de infraestrutura e cinco novas pontes rolantes para a movimentação de cargas foram compradas, além do investimento contínuo em atualização do sistema de gestão de cargas, conta.  “Quem passa pela Avenida da França, pela Engenheiro Oscar Pontes e olha para o porto, não tem ideia do que existe de tecnologia e equipamentos de ponta logo depois daqueles muros”, afirma Demir Lourenço.  Pandemia Quem vê os números do Tecon pode não perceber, mas enfrentar a pandemia do coronavírus foi um enorme desafio, lembra Demir Lourenço. Segundo ele, a empresa adotou uma série de medidas de segurança para proteger os seus colaboradores e manter a operação, reconhecida como essencial, no ano passado e agora em 2021. O resultado é que no último ano, apesar de todos os percalços, foi registrado um crescimento de 2%. E agora, em 2022, o Tecon registrou nos quatro primeiros meses do ano o seu melhor primeiro quadrimestre, entre janeiro e abril, além de ter registrado novo crescimento em maio. “A gente finalizou 2020 com uma produtividade muito boa, mesmo tendo que afastar uma parte de nosso quadro. Eu me surpreendi porque achava que o ano seria muito ruim e o segundo trimestre realmente foi. Mas depois disso, houve uma recuperação muito boa”, lembra. Demir Lourenço acredita que a retomada de economias importantes no comércio internacional, com destaque para a China, foi fundamental para impulsionar essa retomada. “A China voltou muito rápido e tudo o que aconteceu no início do ano passado causou uma disruptura na cadeia de fornecimento de várias indústrias, que agora se movimentam para recuperar isso”, explica. “As pessoas foram para casa, mas começaram a consumir de lá. Veja, o comércio eletrônico explodiu, todo mundo buscou melhorar as suas casas e investiram nisso”. mm