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Da Redação
Publicado em 4 de novembro de 2019 às 21:30
- Atualizado há 2 anos
Uma caneta preta na mão e algumas ideias na cabeça: eis os requisitos indispensáveis aos candidatos que prestaram o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), nesse domingo (3), para dissertar sobre a “democratização do acesso ao cinema no Brasil” - tema da redação da prova neste ano.>
O assunto surpreendeu muita gente, mas talvez tenha sido mais fácil falar sobre isso na Bahia, especialmente sob o aspecto negativo da coisa: o estado onde nasceu Glauber Rocha, um dos maiores diretores da história do cinema, é o último colocado do país na relação entre população e número de salas de exibição disponíveis.>
Ao todo, são 114 cinemas para atender a 14,8 milhões de habitantes. Existe, portanto, uma sala para cada 129.935 pessoas, de acordo com o Informe de Mercado do Segmento de Salas de Exibição, publicação anual da Agência Nacional de Cinema (Ancine) que, neste ano, foi divulgada no final de junho. >
Dos 417 municípios baianos, apenas 16 possuem salas (menos de 4%), a maioria nas maiores cidades. A única cidade considerada pequena que possui um cinema é Cachoeira, no Recôncavo - 81ª mais populosa da Bahia, com 33 mil habitantes.>
Das 114 salas da Bahia, constantes no relatório mais recente da Ancine, 70 estão na capital e Região Metropolitana: são 65 em Salvador e outras cinco em Camaçari.>
A cidade do Polo Petroquímico, aliás, registra a média de uma sala para cada 32.245 habitantes. Quantidade semelhante na terra natal do diretor de Terra em Transe, Vitória da Conquista: um cinema para cada 28.917 habitantes, índices que colocam as duas cidades entre as mais bem servidas no país - a média no país é de cerca de um cinema para 60 mil moradores.>
Baianos interessados Embora tenha o menor número de salas em relação à quantidade de habitantes, a Bahia foi o segundo estado que, proporcionalmente, levou mais público aos cinemas (19,5% de participação de público) no ano passado, perdendo por muito pouco para o Rio de Janeiro (19,6%).>
E certamente, a maioria dos cinéfilos baianos deve ter ajudado a emplacar esse resultado ao visitar um shopping. Isso porque das 3.347 salas de cinema do país (maior quantidade desde 1975), 2.974 (88,9%) estão nestes centros de compra, enquanto apenas 373 (11,1%) são cinemas de rua.>
Incentivo Diretor do Circuito Saladearte, rede de cinemas que tem três ‘salas de rua’ em Salvador, Marcelo Sá acredita que o tema da redação do Enem possa atrair mais atenção para o setor.>
“O tema é provocativo e isso pode levar à reflexão da importância da ampliação do parque exibidor nas periferias e cidades de pequeno e médio porte. Mas é importante manter a produção cinematográfica nacional. O cinema é transformador”, observou ele, destacando que o atual governo federal “paralisou diversos projetos que viabilizavam o mercado de produção e exibição”. “Precisamos dar continuidade às ações que qualificam a cadeia do audiovisual”, concluiu o diretor da Saladearte.Na Bahia, apenas 35 salas não pertencem aos grandes grupos do setor. Os dois principais grupos exibidores na Bahia são UCI Orient (26 salas) e Cinemark (19). O Cinemark, aliás, foi o grupo exibidor que mais levou público aos cinemas, em todo o país, no ano passado.>
Mais vistos Ainda de acordo com o levantamento da Ancine, o longa “Vingadores: Guerra Infinita”, da Marvel, foi o mais assistido no ano, com 14.241.590 espectadores (quase a população da Bahia), e a Disney foi a distribuidora mais bem ranqueada.>
Ao todo, mais de 161 milhões de pessoas foram aos cinemas do país em 2018, e a performance dos filmes brasileiros, impulsionados pelo resultado do filme “Nada a perder” (cinebiografia de Edir Macedo), apresentaram um crescimento de 25,3% em relação a 2017. >
Foram 23,25 milhões de espectadores para os filmes nacionais, fazendo com que as obras brasileiras voltassem a ultrapassar a marca de 20 milhões de ingressos vendidos, o que só havia acontecido em 2010, 2013, 2015 e 2016. >
A participação de mercado do filme brazuca fechou o ano em 14,4%, um resultado bem acima do ano anterior (9,6%), mas abaixo dos melhores resultados em 2010 (19,1%), 2012 (18,6%) e 2014 (16,5%).>