Dendezeiro híbrido está longe da realidade baiana

Palmeira que deu vida ao dendê Unaué é comum no Pará. Na Bahia, apenas em Una a espécie já deu frutos

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  • Da Redação

Publicado em 21 de agosto de 2021 às 05:40

- Atualizado há um ano

. Crédito: Embrapa / divulgação

O híbrido que produz o azeite Unaué é realidade na agricultura do Pará, maior produtora de dendê no país, mas ainda está longe de virar uma tendência na Bahia. Para a Ceplac, a intenção é inserir mudas do HIE OxG pelo Baixo Sul e Recôncavo baiano. Além da baixa estatura, a espécie também é resistente a pragas.

No estado, apenas 7 hectares, em Una, já começaram uma produção tímida, suficiente para produzir matéria-prima para o novo azeite, que ainda conta com frutos importados do Pará. Outros 30 hectares receberam mudas, em Eunápolis, mas só entram no ciclo de produção em três anos.  

“É muito importante a vinda de novas espécies para a Bahia, mas é preciso ter cuidado. Este híbrido precisa de polinização dirigida, entre outras manutenções que precisam de um incentivo público que não temos. Nossos dendezeiros não conseguem adubação, tampouco manutenção, pois temos nenhum recurso público para projetos voltados ao dendê. Não temos problemas com dendê, mas com incentivo”, garantiu o técnico agrícola Valdeni Oliveira, especialista no cultivo de dendê.

A Secretaria da Agricultura, Pecuária, Irrigação, Pesca e Aquicultura (Seagri) do Estado foi procurada, mas não respondeu aos pedidos da reportagem.

Leia a reportagem principal: Novo dendê da Bahia: conheça o Unaué, azeite ‘light’ desenvolvido em laboratório

Para Valdeni, a Bahia ainda vive uma agricultura extrativista, diferente da escala industrial do Pará. “Vivemos a época de ouro do dendê até final dos anos 80, quando acabaram os incentivos. Para se ter uma ideia, a vida útil de um dendezeiro é de 25 a 30 anos. Nossas árvores possuem mais de 50 anos e não temos renovação. Isso significa que o dendê é ruim? Não. Vai faltar? Também não. Mas não vamos mais produzir em larga escala enquanto não tiver ajuda”, completa.

Coquinho de dendê Não é apenas no Baixo Sul e Recôncavo baiano que produzem dendê. Ainda em escala artesanal, uma comunidade rural de Camaçari criou o Agrovila Pinhão Manso. Entre os produtos da terra, a associação resolveu também organizar a produção de dendê, mas não apenas o azeite.

A mãe de santo Cleide de Lemba, do terreiro Unzo N'Ganga Kuatelesa Ninza, aproveita o coquinho que fica no centro do fruto do dendezeiro para fazer cosméticos. Os produtos são variados, que vão de sabonete a cremes para o rosto. O dendê também é rico em vitamina A, que ajuda a manter a pele hidratada.

Por conta da pandemia, a produção ficou parada em 2020, mas retornou no último mês. A ideia é começar a comercializar em Camaçari no início de setembro. Confira no perfil do Instagram @unzonganga.