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Da Redação
Publicado em 12 de janeiro de 2021 às 16:54
- Atualizado há 2 anos
O presidente da França, Emmanuel Macron, disse nesta terça-feira (12) que vai reduzir a importação de soja produzida no Brasil. Ele afirmou que "continuar a depender da soja brasileira seria endossar o desmatamento da Amazônia".>
O plano do governo francês para compensar essa mudança seria de estimular a produção nacional. Projeto anunciado pela França em dezembro do ano passado prevê a liberação de 400 mil hectares extras para o plantio. "Quando importamos a soja produzida a um ritmo rápido a partir da floresta destruída no Brasil, nós não somos coerentes", afirmou. "Nós precisamos da soja brasileira para viver? Então nós vamos produzir soja europeia ou equivalente", completou.>
Segundo dados do Instituto de Pesquisas Espaciais (INPE), o ano de 2020 foi o segundo com maior desmatamento na Amazônia Legal desde 2015, com mais de 8 mil quilômetros quadrados de área desmatada. >
França x Brasil Macron tem dado declarações públicas mostrando descontentamento com a política ambiental do Brasil desde 2019, quando imagens das queimadas na Amazônia correram o mundo, aumentando a pressão sobre o governo brasileiro em um momento que a União Europeia negociava acordo com o Mercosul.>
No auge da crise, Macron teve desentendimento com o presidente Jair Bolsonaro. Eles trocaram acusações públicas. O francês disse que as queimadas eram uma "crise global" que deveria ser debatida pelo G7. Bolsonaro afirmou que o posicionamento do francês lembrava a "mentalidade colonialista descabida no século 21". >
A desavença entre os dois chegou a envolver a primeira-dama da França, Brigitte, depois que Bolsonaro reagiu jocosamente a um comentário que a comparava a Michelle Bolsonaro. >
"Entende agora pq Macron persegue Bolsonaro?", aparece escrito ao lado das fotos dos dois casais presidenciais. "É inveja (...) do Macron, pode crê", escreveu o internauta Rodrigo Andreaça. "Não humilha cara. Kkkkkkk", reagiu em comentário o presidente brasileiro.>
Depois, Macron foi filmado dizendo que Bolsonaro não tinha comportamento digno de presidente. Na ocasião, Macron conversava com o presidente do Chile, Sebastian, Piñera. Quem iniciou o assunto foi Piñera, que classificou como "incrível" o pronunciamento de Macron na coletiva de imprensa na qual o presidente francês afirmou que era triste, sobretudo para as mulheres brasileiras, que um presidente se comportasse daquela maneira. "Claro, eu tinha que reagir, você entende?", responde Macron a Piñera, que afirmou concordar com ele.>
"Eu queria ser pacífico, queria ser correto, construtivo com o 'cara' e respeitar sua soberania", continuou Macron. "Mas eu não poderia aceitar isso", explicou. Nesse momento, a chanceler alemã se aproxima da roda e exclama "não!", condenando os comentários de Bolsonaro.>
A conversa, no entanto, não terminou ali. Macron desabafou sobre o imbróglio envolvendo seu ministro das Relações Exteriores, Jean-Yves Le Drian, quando ele esteve no Brasil e teve seu encontro cancelado com Bolsonaro porque o presidente brasileiro precisava cortar o cabelo. "Você sabe que, quando meu ministro de Relações Exteriores foi lá?", indagou o presidente francês a Piñera, complementando: "Ele deveria recebê-lo e cancelou no último minuto para ir cortar seu cabelo. E filmou a si mesmo. Desculpe. Mas isso não é a atitude de um presidente", afirmou o líder francês. >