Receba por email.
Cadastre-se e receba grátis as principais notícias do Correio.
Com atrações de samba, axé e pagode, locais e turistas lotam os espaços de show na Cidade Baixa
Vinicius Harfush
Publicado em 16 de janeiro de 2020 às 23:00
- Atualizado há um ano
Para quem pensa que a festa no dia da Lavagem do Bonfim, comemorada nesta quinta (16), acaba após a caminhada até a Colina Sagrada, é bom saber que as comemorações duram o dia todo e entram com tudo na noite. A parte profana do festejo (desejada por boa parte do público que sai de casa de manhã) reúne diversos nomes do samba, axé e pagode baiano, atraindo locais e turistas para os shows.
Uma das maiores e mais tradicionais festas privadas que acontece nessa data é a Enxaguada du Bonfim, comandada há treze edições pelo cantor e compositor Carlinhos Brown. No palco, quem dividiu o palco com o baiano foram os sambistas Nelson Rufino, Mariene de Castro e Diogo Nogueira.
E a noite encerrou com o ritmo do pagode lá em cima depois de Tony Salles, vocalista do grupo Parangolé, se apresentar no Museu. “Quando eu vim aqui, há sete anos, era a mesma surreal”, declarou o cantor, que destacou como a energia do espaço e amizade com Brown tornaram a noite ainda mais especial.
Quem compartilha dessa sensação é o turista Diogo Zago, de 36 anos, que veio de Maringá, no Paraná, e desembarcou em Salvador na melhor época do ano! Desde que chegou, há uns 15 dias atrás, já emendou o ensaio da Timbalada com o festejo do Bonfim, e disse que não quer parar.
A caminhada não foi completa, mas o sentimento de felicidade e de poder estar na Enxaguada o faz querer transformar essa festa em rotina e voltar sempre na capital baiana. “É uma das coisas mais incríveis que já vi na vida! De cultura, religião, tradição e calor humano. É diferente de qualquer lugar do Brasil”, exclamou Diogo, que é engenheiro. Carlinhos Brown se apresentou com o sambista Diogo Nogueira (Foto: Betto Jr. / CORREIO) Para além do encanto com a Bahia de quem vem de fora, existem muitos outros motivos para os baianos darem preferência, ou completarem a festa com os shows privados. Morador do IAPI, Fernando Fiuza, 42, escolheu a festa no Museu du Ritmo por um motivo bem simples: a paixão por Brown de adolescência se mantém firme e forte. Ele até poderia ter seguido pela Colina Sagrada até o fim, mas contou que o espírito profano aflorou e não teve jeito, ficou para sambar.
Descendo a contorno, mais muvuca e som alto na caixa. Ali da entrada do MAM dava para enxergar uma Marina lotada. Bell Marques comandou mais uma vez a festa Bonfim de Tarde, e levou esse ano a dupla de pagode mais amada dos anos 90: É o Tchan. O rei da bandana lembra de como começou essa relação com o Bonfim, quando descia para a Colina com nada mais nada menos que um trio elétrico. Bell animou os fãs que curtiram a tradicional festa Bonfim de Tarde (Foto: Betto Jr. / CORREIO) Depois da proibição do veículo durante a comemoração, por que não se reinventar e continuar curtindo o dia? Os clássicos do axé conduziram os fãs do ínicio ao fim da noite, justamente na hora que os fiéis e seguidores da festa voltam da caminhada. “É uma festa muito alegre e muito bonita”, finalizou Bell
Já Compadre Washington e Beto Jamaica caracterizam não só o dia do Senhor do Bonfim, mas as festas privadas também, como uma marca do baiano: “é a nossa raiz”, concluiu Beto. E sempre com muita irreverência, o dono dos bordões mais famosos na Bahia diz que a melhor parte de uma dia como este é a mistura do religioso com o profano, que deixa o povo com a perna bamba de tanta dança.
No fim das contas, não importa se você vai interromper a caminhada ou completar o dia com as festas proibidas, a presença desses artistas e da música local fortalecem ainda mais a cultura baiana, sempre tornando a comemoração no dia do Senhor do Bonfim ainda mais especial e inesquecível.