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Da Redação
Publicado em 29 de outubro de 2022 às 17:35
- Atualizado há 2 anos
Deputados que integram o grupo de oposição na Bahia cobraram do governo do estado respostas sobre a execução do subtenente Alves, que colaborava com a segurança do candidato a governador ACM Neto (União Brasil), após as imagens do caso divulgadas nesta sexta-feira (28) pela TV Bahia. Os vídeos divulgados comprovam que de fato o profissional foi executado durante uma operação desastrosa da Polícia Militar e desmentem a afirmação do governador Rui Costa (PT) de houve troca de tiros. >
O deputado federal Paulo Azi (União Brasil) afirmou que há indícios de crime político. “São muito graves as imagens que mostram a execução do subtenente Alves, que colaborava com a equipe de segurança de ACM Neto. O vídeo, divulgado ontem pela TV Bahia, desmente a declaração do governador Rui Costa de que houve troca de tiros. As imagens são muito claras e exigem uma resposta do governo”, ressaltou. >
“O governo precisa explicar por que estava monitorando os profissionais que colaboram com a segurança de Neto e por que eles foram colocados no sistema de acompanhamento como traficantes. Esse caso é escandaloso e exige uma apuração aprofundada, porque há indícios de crime político”, acrescentou o parlamentar, que é presidente estadual do União Brasil.>
O deputado estadual Soldado Prisco (União Brasil) questionou quem determinou a operação que terminou na morte do subtenente e deixou ferido outro policial que colaborava com a segurança de ACM Neto. O sargento D'Almeida foi atingido por disparos, mas sobreviveu e relatou o caso, negando a versão apresentada pelo governo de confronto. >
“O comandante-geral da PM (coronel Paulo Coutinho) e o governador do estado mentiram vergonhosamente. Não houve confronto, os vídeos estão aí e provam. O povo da Bahia quer saber: quem ceifou a vida de um irmão? E poderia ter ceifado a vida dos quatro. Quem determinou aquela operação? Vejam que absurdo essa Bahia. Esse governador tem que pagar por aquele sangue que foi derramado”, salientou. >
Já o deputado Tiago Correia (PSDB) defendeu uma apuração aprofundada e isonômica. “Eu não quero acreditar que trata-se de um crime eleitoral cometido pelo governo do Estado. É preciso uma investigação isonômica, séria e célere da Polícia Federal. Não vejo razoabilidade de a investigação ser tocada pelo próprio governo da Bahia. As imagens mostram claramente uma execução que vitimou o subtenente Alberto Alves, que fazia a segurança do candidato ACM Neto”, frisou. >
Para ele, há diversos questionamentos que precisam ser respondidos. “Por qual motivo estavam rastreando os veículos alugados pela campanha de ACM Neto e as equipes do candidato antes da execução do subtenente Alves? De onde partiu o comando para atirar para matar? Por qual motivo o comandante-geral da PM e o governador mentiram ao afirmar que houve troca de tiros na ação? Todas essas perguntas precisam de respostas”, destacou.>
Imagens As imagens divulgadas pela TV Bahia mostram que Alves estava desarmado, vestindo apenas uma cueca e foi rendido, sem qualquer reação, por pelo menos quatro policiais fortemente armados que arrombaram a porta do quarto em que ele estava dormindo. O segurança estava agachado junto à porta quando foi alvejado pelos tiros e desfaleceu de imediato. Seu corpo foi carregado em seguida pelos agentes para um camburão. Ele estava hospedado em uma pousada em Itajuípe, no Sul do estado. >
O caso ocorreu na madrugada do dia 27 de setembro. O registro mostra também que outro policial que colaborava com a segurança do candidato, o sargento Adeilton Rodrigues D’Almeida, foi fuzilado por dois policiais diferentes e ficou 31 minutos sem receber socorro. Ferido, conseguiu se arrastar até a entrada do cômodo onde estava hospedado na pousada.>
D’Almeida, posteriormente, foi internado no Hospital Base de Itabuna e sobreviveu. Em seu depoimento à investigação, o sargento relatou que ele, Alves e outros dois profissionais que colaboravam com a campanha do candidato do União Brasil estavam dormindo na Pousada Itajuípe quando foram surpreendidos por policiais arrombando os quartos, o que pode ser comprovado pelas imagens das câmeras de segurança.>
As imagens ainda mostram que dois dos policiais que participavam da ação, um homem e uma mulher, foram feridos por tiros disparados por outro agente que atuava na operação, e não pelas vítimas. Outros dois seguranças que colaboravam com a campanha foram rendidos sem qualquer reação.>
O caso está sendo investigado pelo Ministério Público e pela Polícia Federal. A Justiça já determinou a apreensão dos celulares de todos os envolvidos na operação. No entanto, a determinação ainda não foi cumprida pelo governo do estado. Pessoas que acompanham as investigações dizem que o governo só pretende entregar os aparelhos após as eleições, que serão realizadas no próximo domingo (30).>
Conversas em grupos de WhatsApp entre os agentes envolvidos na operação revelaram que a equipe de segurança de ACM Neto foi monitorada pela Polícia Militar desde que saíram de Salvador até a chegada a Itajuípe. Os prints das conversas foram anexados a um pedido feito ao Ministério Público e à Polícia Federal pela coligação do candidato, a fim de que o caso fosse investigado a fundo.>