Desaparecido na BA, italiano foi investigado por tráfico internacional de drogas

Luca Romania também foi denunciado por agressão ao filho na Dercca

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  • Bruno Wendel

Publicado em 2 de setembro de 2019 às 18:02

- Atualizado há um ano

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Desaparecido desde o dia 24 de agosto, o italiano Luca Romania, 41 anos, foi investigado por tráfico internacional de drogas pela Justiça italiana. Já no Brasil, ele foi condenado pelo Tribunal de Justiça do Estado da Bahia (TJ-BA) por associação ao tráfico, além de ser réu de dois processos – um deles por agressão ao filho que teve com uma baiana e o outro, com audiência prevista para às 10h30 desta quarta-feira (4), relacionado à guarda do menino.

Familiares de Luca que moram em Salvador acreditam que o corpo carbonizado encontrado dentro de um carro em Simões Filho, na Região Metropolitana de Salvador, no dia 25 de agosto, é do italiano. Foto: Divulgação “Ele estava desaparecido desde quinta, dia 24. Ele foi para o shopping e sumiu. Aí soubemos que ele foi encontrado carbonizado em Simões Filho”, disse uma sobrinha de Luca ao CORREIO, na noite da última sexta-feira (30). Ela não soube informar o que levou a família a acreditar que os restos mortais encontrados são mesmo do italiano.

A Polícia Civil informou que “a 22ª Delegacia (Simões Filho) continua as investigações sobre a morte de duas pessoas que tiveram os corpos encontrados carbonizados dentro de um veículo Chevrolet Onix, na rotatória da Coca-Cola, no domingo (25). Os corpos estavam totalmente carbonizados, não sendo possível identificar o sexo das vítimas. O veículo era alugado pelo proprietário, para realizar transporte por aplicativo. A polícia aguarda os laudos do Departamento de Polícia Técnica (DPT) para complementar a apuração do caso”.

Já a assessoria de comunicação do DPT disse que o corpo está sendo periciado na coordenação de antropologia forense e que o processo de identificação depende de quais documentos serão apresentados pela família. Como o corpo está carbonizado, não é possível a identificação pelo exame de papiloscopia, que é a análise das impressões digitais. Sendo assim, as possibilidades são odontologia legal, se a família apresentar prontuário odontológico que permita a identificação, ou análise de amostra de DNA.

Cooperação  O CORREIO conversou com uma pessoa que atua na Justiça baiana e apurou que em 2007 o governo brasileiro recebeu um pedido de cooperação da embaixada italiana. O documento, emitido pela Procuradoria da República de Catânia, distrito da Sicília, na Itália, pedia que Luca fosse interrogado em terras brasileiras sobre um suposto envolvimento com tráfico internacional de drogas. Ainda no documento, como prova da acusação, havia trecho de uma conversa entre o italiano e um tio.

Não há informações sobre a conclusão da investigação. O CORREIO conversou com um funcionário da Polícia Federal, que informou que, por conta da prisão (ver abaixo), instaurou um inquérito de expulsão para que ele deixasse o país. No entanto, "como foi constatado que ele possuía um filho brasileiro anterior à condenação, isso o impediu de deixar o Brasil".

O CORREIO procurou também o Consulado Honorário da Itália na Bahia, localizado na Avenida Sete de Setembro. Uma funcionária informou que o cônsul Andrea Garziera pediria autorização à família de Luca para falar sobre o assunto. A reportagem não obteve nenhum retorno até o momento. 

Condenação  Em 2007, na Bahia, Luca foi preso em flagrante por associação ao tráfico de drogas. A prisão foi realizada por agentes da 9ª Delegacia (Boca do Rio). No ano seguinte, veio a condenação: a seis anos de reclusão e multa – no entanto, a pena foi convertida em prisão domiciliar. A defesa dele recorreu e, durante o trâmite de julgamento em segunda instância, o italiano foi beneficiado por um habeas corpus, respondendo pelo crime em liberdade. 

O funcionário do Judiciário baiano disse ainda ao CORREIO que, quando houve o segundo julgamento, o crime já tinha prescrito devido à morosidade da própria Justiça.  

Processos  Ainda sobre a relação de Luca com a Justiça brasileira, existem dois processos dos quais ele é réu. O primeiro foi instaurado em 2007 na Delegacia Especializada de Repressão ao Crime contra Criança Adolescente (Dercca), e tem como vítima o próprio filho.

“Foi inquérito de lesão corporal relacionado à violência doméstica e já foi remetido para a Justiça”, declarou a delegada Ana Crícia, titular da unidade. O Tribunal de Justiça informou que o processo está na fase da defesa nas alegações finais. 

O segundo processo diz respeito à guarda do menino, que tramita na 10ª Vara de Família. Sobre o caso, o TJ-BA informou que no 4 deste mês ocorrerá a audiência de instrução e julgamento, ocasião em que serão produzidas as provas “que entenderem de direito, cabendo às próprias partes trazerem suas testemunhas. Intimem-se as partes através dos seus patronos constituídos nos autos para audiência designada, inclusive, deverá a parte Autora trazer o menor (..) pra que seja colhido seu depoimento”.