Descubra como as cores influenciam na mente, na pressão e até na fome

Apresentadora do Decora, Chris Campos dá dicas de como deixar a casa agradável para não ser feliz só nas férias

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  • Laura Fernades

Publicado em 2 de setembro de 2019 às 06:00

- Atualizado há um ano

. Crédito: Foto: Shutterstock/Divulgação

Qual é sua cor preferida? “Minha cor preferida? Azul. Não sei exatamente por que, mas o azul me completa, principalmente se estiver com o vermelho e o branco...”, gargalha o pintor e torcedor do Bahia Reginaldo Cerqueira, 31 anos. Brincadeira à parte, a resposta de Reginaldo chama a atenção para um aspecto pouco explorado por muita gente: as cores influenciam diretamente nas emoções.

Seja na roupa, na maquiagem ou na parede de casa, as cores são capazes de proporcionar bem-estar. “Quando você escolhe a cor certa, é um benefício muito grande”, destaca Chris Campos, 48, jornalista, escritora paulista e apresentadora de um dos quadros do programa Decora, do GNT. Em tour pelo Brasil com a palestra ‘Cores e Humores’, Chris provoca: “Como lidar com elas?”.

“As pessoas têm muito medo, muito preconceito”, afirma a criadora do site Casa da Chris em conversa com o CORREIO durante sua rápida passagem por Salvador, na terça-feira (27). “Por isso, em minhas palestras falo muito de sensações, de como lidar com a cor no comportamento da casa e de como as cores têm a ver com nossas mudanças de estado de espírito”, completa, sobre o evento que Reginaldo foi conferir. Jornalista e escritora, Chris Campos apresentou um quadro do Decora por três temporadas (Divulgação) Mas quem não conseguiu participar da palestra, não precisa desanimar: Chris lista, aqui, várias dicas de como usar as cores para ter bem- estar e tornar o ambiente de casa mais agradável. “Cuida do seu espaço como você cuida de você, porque isso faz diferença no dia a dia. Assim você não vira aquela pessoa que é feliz só nas férias, sabe? Dá pra ser feliz em casa, também”, convida.

Mau-humor Então será que pintar o quarto de vermelho ou de preto fica demais? Depende. O que pode soar excessivo para uma pessoa, talvez traga conforto para outra. A própria Chris, por exemplo, pintou uma parede de casa de rosa intenso e não se arrepende, apesar de sua mãe ter reprovado. “Essa cor mudou minha relação com a cozinha, porque eu vejo aquele pink e não consigo ficar de mau-humor”, ri a apresentadora.

E o amarelo, cai bem em qualquer situação? A resposta, mais uma vez, depende de quem pergunta e até do contexto. Cor alegre que remete ao quintal da avó de Chris em uma tarde de Verão, o amarelo é uma de suas cores favoritas. “Eu amo, é a minha cor de infância, mas nunca consigo vestir amarelo, por exemplo. É uma cor que gosto de ter na minha casa”, compara.

Portanto, perceber a energia que a cor traz é uma das dicas da especialista. O efeito da tonalidade vai depender do estado emocional de cada um e, segundo ela, “nada impede que a pessoa durma em um quarto bordô”. “As cores emanam energia e isso muda completamente a cara do lugar. É um desperdício você abrir mão de uma coisa que pode trazer uma energia extra para seu dia a dia”, provoca.

Praia ou campo? Outra dica é olhar para a cor a partir de sua função: dar mais claridade, profundidade, leveza, acolhimento, esquentar um ambiente, ou até rebaixar o pé-direito (distância do pavimento ao teto). Além disso, vale observar os ambientes que dão sensação de bem-estar, como a praia e o campo, afinal a natureza “traz uma cartela de cores que já está pronta”, sugere Chris.

Entre as opções, a praia é a favorita da matemática aposentada e designer de interiores Lenise Ladeia, 71. Sua cor favorita? O verde. “Desde criança gosto de verde, porque me acalma. A maioria das pessoas que gosta de praia gosta do azul, né? Mas prefiro verde”, sorri a designer que escolheu essa profissão por ser mais lúdica que a anterior, com a qual se aposentou.

“Eu resolvia teorema dirigindo o carro: qualquer que fosse o ‘X’, lá estava eu (risos). Então, entrei nessa área de designer de interiores quase como relaxamento, como uma profissão da terceira idade”, justifica Lenise, que tem clientes de todas as idades. Seu principal objetivo é interpretar o que eles querem, mas sem deixar de mostrar seu conhecimento.

Colocar uma criança estressada em um quarto amarelo? Nem pensar. “A criança vai pirar, vai pular em cima de você! Ela precisa de um ambiente com uma cor que tranquilize, como o azul suave. Um ambiente com muito colorido não te dá uma confusão mental, não? A mim dá”, questiona Lenise. Uma pessoa que está depressiva, por outro lado, precisa de um ambiente mais alegre, com cores quentes como laranja e amarelo. “Isso mexe muito com o emocional”, lembra. As arquitetas Lisandra Saldanha e Paloma Pinho são sócias (Laura Fernandes/CORREIO) Além da estética A cor, portanto, não é meramente estética, reforça a arquiteta Lisandra Saldanha, 25, que, assim como Reginaldo e Lenise, foi conferir de perto as dicas de Chris Campos no evento realizado pela Ferreira Costa e Suvinil. “A cor tem um motivo, então é importante saber utilizar o tom certo no ambiente certo, para a pessoa certa”, resume Lisandra.

Sua sócia, Paloma Pinho, 24, concorda e ressalta a importância disso na qualidade de vida. “Hoje, a gente vive em um mundo muito corrido, muito estressante, então é bom chegar em ambientes que colaborem com nosso bem-estar, ajudem a gente a se acalmar, ou até estimule quando a gente precisa”, reflete Paloma. Mas, afinal, como funciona esse efeito das cores na mente humana?

Assim como os cheiros e sabores, as cores ativam áreas específicas do cérebro. Podem provocar tristeza, paz, influenciar a pressão sanguínea e até estimular a fome. “A cor nada mais é do que energia eletromagnética, área de luz visível. Cada frequência de cor é uma sensação que a gente consegue visualizar”, explica a biomédica ortomolecular e acupunturista Ádila Dantas, pós-graduanda em física quântica na saúde.

Cientes disso, arquitetos, profissionais de saúde e empresários usam as cores como aliadas. O mesmo pode ser feito por cada cidadão dentro de casa, defende Chris. “Há 15 anos, quando comecei, as pessoas achavam a decoração fútil, mas não é. É trazer o cuidado que tem com você para o lugar onde mora. A gente muda o tempo inteiro, por que nossa casa tem que ficar sempre igual?”, sugere. (Foto: Shutterstock/Divulgação) Efeito das cores no cérebro

Vermelho Pode aumentar a pressão sanguínea e o ritmo respiratório, remete a paixão, entusiasmo, impacto, agressividade, força, energia, erotismo, amor e liderança.

Verde Bem-estar, descanso, serenidade. Tonifica o sistema nervoso, é tranquilizante.

Amarelo Estimula o conhecimento, prende a atenção, gera otimismo, alegria, felicidade. Aumenta um pouco a pressão sanguínea.

Laranja Cor quente que promove a sensação de alegria, energia, vitalidade, criatividade, entusiasmo e diversão.

Azul Representa calma, tranquilidade, credibilidade, confiança e harmonia. É sedativo e curativo, diminui a pressão arterial.

Roxo Remete a espiritualidade, realeza, otimismo e sabedoria, produz efeito calmante e de mistério.

Marrom Cor neutra que representa justiça, segurança, solidez, estabilidade e conservadorismo.

Branco Ligado à pureza e à paz, também é ausência de cor.

Preto Remete a luto, sofisticação, formalidade, medo, raiva e poder.

Sete dicas para sua casa

(por Chris Campos)

1. Olhar para a cor a partir de sua função: dar mais claridade, profundidade, sensação de leveza, de acolhimento, esquentar um ambiente e até rebaixar o pé-direito. 2. Pensar mais na cor que te faz bem e menos na cor que está na moda, porque a cor que está na moda nem sempre faz parte do seu repertório de emoções. 3. Saber o que é tendência e olhar para a cor do ano apenas como uma referência global. Mas não precisa copiar esses estudos, respeite suas emoções. 4. Pensar na cor que tem a ver com seu momento de vida. Não significa que você tem que eleger uma cor e ela precisa durar dez anos. 5. Escolha a cor que vai pintar a casa do mesmo jeito que você se veste. Qual é a cor do meu momento? Às vezes só um detalhe já vai fazer diferença. 6. Se liberte dos medos. O pior que pode acontecer é dar errado e você pintar de branco. É assim que a gente aprende. 7. A observação dos ambientes em que se sente bem é o principal para aprender sobre cores. Praia? Campo? Leve essa cartela de cores pronta para sua casa.